LYON (FR) — O conflito entre Irã e Israel aumenta a atratividade do petróleo brasileiro para as empresas, afirmou, nesta terça-feira (17/6), o presidente do Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP), Roberto Ardenghy, em entrevista após o leilão do 5º Ciclo da Oferta Permanente de Concessão da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Veja acima a íntegra da coletiva.
“Os últimos fatos que estão acontecendo no Oriente Médio, a partir da semana passada, ressaltam o fato de que o Brasil está localizado numa região que não está submetida a essas questões geopolíticas que a gente está vendo lá”, disse Ardenghy.
Na última sexta-feira (13/6), Israel atacou alvos nucleares e militares iranianos, o que deflagrou uma troca de ataques.
O Irã é o quarto maior produtor de óleo e gás do mundo. Segundo Ardenghy, uma das preocupações do mercado é com o estreito de Ormuz, entre o Irã e o Omã, onde passa cerca de um quinto do petróleo do mundo.
“Ninguém que faça um investimento de longo prazo (…) imagina que você poderá continuar no mundo hoje sem aquele fornecimento de petróleo que passa ali por Ormuz, então todo mundo olha outros locais, como é o caso do Brasil”, completou.
A Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) disse, nesta terça-feira (17/6), que o petróleo fornecido pelo Irã, até o momento, continua a fluir em níveis relativamente robustos mesmo com o conflito.
De acordo com o presidente do IBP, além da previsibilidade do preço do petróleo nos próximos anos, outro fator levado em consideração para uma empresa fazer uma oferta em leilão é a perspectiva para a ocorrência de descobertas de petróleo e gás.
Além disso, na visão dele, também contribuiu o fato de o Brasil ter um sistema regulatório estável, onde os contratos são cumpridos.
Em meio à crise fiscal, o leilão de petróleo da ANP arrecadou R$ 989 milhões para os cofres públicos, cifra recorde para um leilão no modelo de oferta permanente no regime de concessão.
Ao todo, foram ofertados 172 blocos em 16 setores localizados em cinco bacias — os de Parecis, em terra, e os de Foz do Amazonas, Potiguar, Santos e Pelotas, marítimos. Destes, 34 foram arrematados.
Sensibilidade ambiental da Bacia da Foz do Amazonas
A ANP enfrentou críticas pela sensibilidade ambiental em algumas das áreas do certame. É o caso dos 47 blocos ofertados para exploração na bacia da Foz do Amazonas, que, segundo o Ministério Público Federal do Pará e o Instituto Arayara, foram negociados sem estudo de impacto climático e são tema de protesto de ambientalistas.
Apesar do MPF e da instituição apresentarem ações contra o leilão, o consórcio entre Chevron e CNPC e a parceria entre a Petrobras e ExxonMobil arremataram, ao todo, 19 blocos na bacia, que renderam cerca de R$ 845 milhões em bônus de assinatura — equivalente a 85% do valor total arrecadado no leilão.
Agora, a Petrobras tem mais dez blocos na bacia. Atualmente, a empresa está na última etapa formal para o licenciamento ambiental da perfuração no bloco FZA-M-59, contratado em 2013.
A sonda destinada para a exploração do primeiro de uma série de poços em águas profundas na região zarpou na semana passada do Rio de Janeiro em direção ao Amapá.
O presidente do IBP afirmou que todos os requisitos ligados à área ambiental para a oferta dos blocos no certame foram cumpridos.
“É por isso que algumas tentativas de liminares na Justiça não prosperaram hoje, porque nenhum juiz encontrou alguma irregularidade na documentação do leilão”, enfatizou.
De acordo com ele, a atividade realizada pelas empresas que operam no Brasil é muito segura e todas as petroleiras têm preocupações ambientais muito grandes.
“A Petrobras informou que será a maior mobilização realizada na história da indústria offshore nesse bloco (FZA-M-59) e a gente tem muita segurança que não só esse simulado vai ser realizado de maneira muito positiva como essa licença vai ser concedida”, afirmou.
Ele lembrou que o país precisa repor reservas para não voltar a depender da importação de petróleo do exterior para atender a demanda nacional.
“O Brasil precisa descobrir novas reservas, nós temos hoje uma situação com apenas 13 anos de relação reserva-produção”, acrescentou.
“Então essa é uma relação bastante estreita e a gente precisa pensar nisso com uma maneira de vencer, de superar esse momento, e é por isso que a Margem Equatorial e a Bacia de Pelotas são tão importantes”, concluiu.
Ardenghy considerou que a presença de mais empresas na Margem Equatorial é positiva, tanto por demonstrar que as petroleiras enxergam boas perspectivas para os prospectos, quanto pelo conhecimento que cada uma pode agregar à exploração.
A ExxonMobil e a Chevron já têm atividades em Suriname e na Guiana.
Desinteresse no petróleo da Bacia de Potiguar
Outra bacia que enfrenta conflitos ambientais é a de Potiguar, questionada na Justiça por interferência com o Arquipélago de Fernando de Noronha. A Petrobras tem licença para perfurar o offshore do Rio Grande Norte, mas obteve resultados pouco promissores.
Ao contrário da Foz, a região seguiu a tendência de leilões anteriores e não despertou interesse do mercado.
O presidente do IBP desconsiderou o impacto da controvérsia ambiental e atribuiu a ausência de lances a uma possível busca das empresas por “alternativas talvez mais interessantes, inclusive de maior volumetria”.
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