RIO — A Dillianz Petróleo & Gás arrematou um bloco exploratório na Bacia dos Parecis, no Mato Grosso, no 5º Ciclo da Oferta Permanente de Concessões da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) nesta terça-feira (17/6). Veja acima a íntegra da transmissão ao vivo.
A empresa pertence ao Grupo Dillianz, ligado ao setor do agronegócio, mas possui presença também no setor financeiro, negócios imobiliários e geração de energia fotovoltaica.
A companhia arrematou o bloco PRC-T-121, por R$ 55 mil em bônus de assinatura. E assumiu um compromisso de investimento exploratório mínimo de R$ 12,091 milhões no ativo. Foi o único bloco da bacia leiloado.
A Bacia dos Parecis volta a despertar o interesse depois de 17 anos. Em 2008, a Petrobras havia arrematado seis concessões na região, na 10ª Rodada.
Fronteira exploratória com potencial para CCS
Parecis é uma bacia de nova fronteira, pouquíssimo explorada: são cinco poços perfurados na região, o último em 2014.
O governo vê, no Parecis, potencial para exploração de gás natural em reservatórios não-convencionais. Mas a região vem atraindo a atenção, em especial, de investidores interessados em desenvolver projetos de armazenamento de carbono (CCS, na sigla em inglês).
O grupo FS, controlado pela americana Summit Agricultural Group, desenvolve um projeto pioneiro no Parecis, onde pretende capturar o carbono emitido da sua produção de etanol de milho e armazená-lo em um reservatório salino.
Com a confirmação das características geológicas apropriadas, a empresa agora trabalha para conseguir a licença para injeção e as obras necessárias para início da atividade de armazenamento, em junho de 2026.
Serão cerca de R$ 500 milhões de investimento, incluindo as tecnologias de captura de carbono e a construção de planta de compressão do CO2.
Indústria de CCS pede regulamento simplificado
A nascente indústria brasileira de captura e armazenamento de carbono defende uma regulamentação simplificada, que trate o carbono de maneira distinta de outros gases — e que não se confunda com hidrocarbonetos.
O argumento é de que as atividades de CCS e de exploração produção de óleo e gás, embora associadas, não são equiparáveis em termos de riscos ambientais e de propósito, logo, um tratamento similar, com muitas exigências, pode ameaçar a viabilidade dos projetos.
Atualmente, está sob a responsabilidade da ANP regular as atividades de captura de carbono para fins de armazenamento, seu transporte por meio de dutos e sua estocagem geológica, conforme a lei do Combustível do Futuro.
Mesmo antes, a agência deu autorizações especiais para os primeiros projetos: usou um regramento de perfurações de fomento de dados de óleo e gás para a FS.
Exploração da bacia esbarra em oposição de ambientalistas
A Bacia dos Parecis não possui, hoje, nenhum contrato sob concessão em vigor. A exploração na região esbarra na oposição de ambientalistas.
O Instituto Arayara tentou, na Justiça, retirar parte dos blocos do Parecis do leilão desta terça (17/6).
O instituto aponta que a área ofertada se sobrepõe ao Parque Municipal Pimenta Bueno (RO). Por isso, pede a exclusão dos blocos PRC-T-54, PRC-T-102 e PRC-T-120 por violações às leis ambientais e diretrizes que regem a exploração de petróleo e gás.
- Também pedem o reconhecimento da nulidade das manifestações conjuntas que embasaram a oferta, por omissão de informações essenciais e violação à transparência e dever de informação ambiental.
- Ambientalistas e organizações da sociedade civil, integrantes do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama), também entraram com uma outra ação envolvendo a Bacia do Parecis diz respeito à liminar para anular a inclusão de seis blocos, sob a justificativa de violação de direitos dos povos indígenas.