Petrobras vai contratar excedentes de Búzios e Itapu sem elevar em "um dólar" a sua dívida, diz Castello Branco

Companhia é "dona natural" do campo de Búzios, afirma executivo

leilão dos excedentes da Cessão Onerosa do pré-sal
leilão dos excedentes da Cessão Onerosa do pré-sal

O presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, afirmou que os aportes para contratação dos excedentes de Búzios e Itapu não farão com o que a companhia eleve, nem sequer em “um dólar”, a sua dívida líquida este ano. De acordo com o executivo, isso será possível com a venda de ativos e resultados operacionais da Petrobras.

“Mesmo com esse investimento, a Petrobras não acabará o ano com elevação de dívida , não haverá um dólar de aumento de dívida, e continuaremos a executar essa estratégia que inclui, como parte importante, a gestão ativa de portfólio [e] a disciplina na alocação de capital”, afirmou Castello Branco ao fim do leilão desta terça (5).

Serão necessários R$ 63,14 bilhões para pagar 90% do bônus de Búzios e mais R$ 1,8 bilhão para 100% de Itapu. Como, simultaneamente ao pagamento do bônus, a Petrobras vai receber de volta os R$ 34,6 bilhões pelo ajuste do contrato original da cessão, o “saldo” será da ordem de R$ 28 bilhões ou US$ 7 bilhões .

Em Búzios, as estatais chinesas CNODC e CNOOC terão, cada, 5% do contrato de partilha dos volumes excedentes. Para isso, pagarão R$ 6,82 bilhões de bônus no total e terão que ressarcir, proporcionalmente, a Petrobras pelos investimentos já realizados no ativo.

“O acordo de coparticipação deverá ser finalizado até setembro de 2021, sendo que, até esta data, as parceiras da Petrobras no consórcio têm o direito de adquirir mais 5% de participação cada ou, na data limite, caso o acordo não tenha sido assinado com a PPSA, de deixar o consórcio”, informou a Petrobras, em nota.

“Continuamos comprometidos com a meta de desalavancagem de ao final de 2020 alcançarmos uma relação dívida líquida/Ebitda de 1,5 vez”, afirmou o Castello Branco.

O indicador ficou em 2,58 vezes no fim do terceiro trimestre de 2019, caindo de 2,96 vezes no mesmo período do ano passado, considerando a norma contábil vigente em 2018. Com a atualização para a IFRS 16, que passou a valer este ano, está em 1,96 vezes no terceiro trimestre, recuando de 2,02 no trimestre anterior.

A grosso modo, o indicador mede a capacidade de pagamento de dívidas de uma empresa. No caso,a relação de 1,5 vez significa que a geração de caixa da companhia em 12 meses seria suficiente para pagar a dívida líquida em um ano e meio.

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“Dona natural”

O diretor de Exploração e Produção da Petrobras, Carlos Alberto Pereira de Oliveira, afirmou que a contratação do excedente de Búzios está alinhada com a estratégia da Petrobras, de investimento em ativos com alta lucratividade, em águas profundas. Reforçou a ideia que a companhia é a “dona natural” do campo.

“Abre uma perspectiva nova, importante para o futuro da companhia”, afirmou o executivo. Veja o comentário na íntegra:

Castello Branco também afirmou que a Petrobras é a “dona natural” do campo de Búzios. “Ou seja, ela é [a empresa] capaz de extrair o máximo de retorno possível”, afirmou.

Búzios entrou em produção em 2018 e a Petrobras já instalou quatro FPSOs próprios com capacidade de produção combinada de 600 mil barris/dia (são as P-74, P-75, P76 e P-77) e tem mais uma contratada com a Modec, por afretamento, para entrar no 2º semestre de 2022. O campo tem potencial para se tornar um dos maiores produtores do mundo.

“Graças aos anos sem leilões de blocos de petróleo e o desmonte que a companhia sofreu no passado, ela foi obrigada a reduzir drasticamente seus investimentos em exploração. A aquisição do campo de Búzios proporciona um futuro para a Petrobras como companhia de petróleo.”

Pelo contrato original da cessão onerosa, a Petrobras já tinha o direito de produzir 3,15 bilhões de barris no campo e mais 350 milhões em Itapu.

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