Uma eventual invasão da Guiana pela Venezuela para anexar a região de Essequibo teria que passar pelo território brasileiro e desagradaria a China, que tem parte das reservas de petróleo do offshore guianês, afirmou nesta segunda-feira (4/12) Ian Bremmer, CEO da consultoria de risco político Eurasia.
Em sua conta na rede social x (ex-Twitter), Bremmer afirmou que está “profundamente cético” em relação a uma potencial anexação de Essequibo e que o referendo realizado neste domingo (3/12) foi uma “fanfarronice” do presidente Nicolás Maduro.
A China, importante parceiro comercial e maior potência a apoiar o regime de Maduro, está presente na Guiana por meio da CNOOC. A petroleira estatal chinesa tem 25% do bloco Stabroek, em parceria com a operadora ExxonMobil (45%) e a Chevron Hess (35%). Já foram descobertas reservas de 11 bilhões de barris de óleo e gás na área, que fica a 200 km da costa guianesa.
Na sexta-feira (1/12), a Corte Internacional de Justiça (CIJ, tribunal da ONU localizado em Haia) determinou que a Venezuela deve “abster-se de tomar qualquer ação que possa modificar a situação atualmente prevalecente no território em disputa”
Sem passagem pelo Brasil
Bremmer ressaltou também que a fronteira terrestre da Venezuela com a Guiana é “impenetrável” militarmente e que, por isso, o exército venezuelano teria que passar pelo Brasil, no caso de uma eventual guerra.
O ministro da Defesa brasileiro, José Múcio, foi incisivo na na última semana ao garantir que não vai permitir que o Exército venezuelano use o território brasileiro para invadir a Guiana.
“Precisamos ter cuidado. É como se seu vizinho quisesse invadir outra casa usando a sua. O que não podemos permitir é que a Venezuela, querendo entrar na Guiana, use nosso território. Estamos atentos. A Defesa não vai permitir que use território brasileiro para outro país entrar em briga”, disse.
Lula pediu “bom senso”
O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, disse neste domingo (3/12) que teme uma guerra na América do Sul e pediu “bom senso” a Venezuela e Guiana.
“Eu acho que só tem uma coisa que o mundo não está precisando. Só tem uma coisa que a América do Sul não está precisando agora é de confusão. Se tem uma coisa que nós precisamos para crescer e para melhorar a vida do nosso povo é a gente “baixar o facho”, trabalhar com muita disposição de melhorar a vida do povo, e não ficar pensando em briga. Não ficar inventando história. Então, eu espero que o bom senso prevaleça. Do lado da Venezuela e do lado da Guiana”, disse Lula.