A mobilização dos servidores do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) já impacta a produção de 80 mil barris de petróleo por dia no Brasil, segundo o presidente do Instituto Brasileiro do Petróleo e do Gás (IBP), Roberto Ardenghy.
Os impactos são decorrentes dos projetos que deixaram de entrar em produção por causa da demora na emissão de licenças nas bacias de Campos, Santos, Espírito Santo e Potiguar.
Nos cálculos do executivo, o volume deixado de produzir representa R$ 200 milhões por mês em perda de arrecadação. A tendência é de aumento no volume de produção represado, segundo o presidente do IBP.
No mês passado, a Petrobras já estimava que a mobilização teria um impacto médio de 60 mil barris/dia na produção anual, devido à demora na emissão de licenças para perfuração. Além da estatal, outras petroleiras que podem ter atrasos em projetos são a Prio, Petronas, 3R, BW Offshore, Equinor, Trident, Perenco e Enauta.
Os servidores do Ibama estão em operação-padrão desde janeiro. No dia 24 de junho, se reúnem para votar o indicativo de greve geral. A categoria recusou o reajuste de 9% para todos os servidores da área ambiental proposto pelo Ministério da Gestão e Inovação.
Até o momento, servidores da área de meio ambiente de 15 estados já concordaram em entrar em greve. A paralisação afeta não só o Ibama, mas o Instituto Chico Mendes da Biodiversidade (ICMBio), o Serviço Florestal e o Ministério do Meio Ambiente (MMA).
Neste mês, os servidores de agências reguladoras também intensificaram as mobilizações. Na semana passada, as diretorias da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) suspenderam a reunião semanal em apoio ao pleito pela valorização da carreira dos servidores.
“A gente está numa tempestade perfeita. Os dois principais órgãos que regulam o setor de óleo e gás, que são a ANP e o Ibama, em situação de mobilização ou de greve, isso é muito sério”, disse Ardenghy a jornalistas, nesta segunda-feira (17/6), após evento do Grupo de Líderes Empresariais (Lide) no Rio de Janeiro.
O executivo explicou que a mobilização da ANP ainda não teve efeitos sobre as operações das petroleiras, pois começou na semana passada. A entidade solicitou reuniões com os ministério da Gestão e Inovação e de Minas e Energia para sensibilizar o governo sobre o tema.
Importadores de combustíveis representados pela Abicom também manifestaram preocupação. Na sexta (14/6), a associação divulgou uma nota na qual pede sensibilidade do governo à situação da ANP.
O mercado de combustíveis teme que o movimento impacte a importação de combustíveis, colocando em risco o abastecimento nacional. “Considerando que para efetivação dos processos de importação dos derivados de petróleo são necessárias as autorizações das Licenças de Importações (LIs), realizadas diariamente por servidores da ANP”, explica a entidade.