Petróleo e Gás

Foz do Amazonas: 'Não existe pressão da Petrobras', diz diretor de E&P

Em entrevista exclusiva à epbr na OTC, Joelson Falcão afirma que não há confronto da empresa com Ibama. 'Trabalho técnico', diz.

O diretor de E&P da Petrobras, Joelson Falcão, durante painel técnico na OTC 2023, em Houston. Foto: Agência Petrobras
O diretor de E&P da Petrobras, Joelson Falcão, durante painel técnico na OTC 2023, em Houston. Foto: Agência Petrobras

HOUSTON, TX – O diretor de E&P da Petrobras, Joelson Falcão, afirmou à epbr que não há pressão sobre o Ibama para emitir a licença de exploração dos blocos de petróleo e gás da Margem Equatorial. A empresa tenta a liberação da perfuração do primeiro poço exploratório na Foz do Amazonas, no Amapá, e prevê outros 15 em toda a região de fronteira.

“Nós estamos [encarando o licenciamento] com muita tranquilidade. Andou saindo na mídia que estamos fazendo pressão. Não existe qualquer pressão por parte da Petrobras”, disse o executivo em entrevista exclusiva à epbr (Veja a íntegra acima) durante a Offshore Technology Conference (OTC), em Houston, nos Texas (EUA).

“Não existe qualquer tipo de confronto com o órgão ambiental. Muito pelo contrário, nós temos um trabalho técnico sendo feito.”

Falcão afirmou que não vê necessidade de uma Avaliação Ambiental Estratégica (AAE), como vem sendo discutido pela área ambiental do governo federal, antes da perfuração do primeiro poço na região. Segundo ele, estudos mais complexos seriam necessários apenas se a exploração tiver sucesso, na etapa de desenvolvimento da produção.

“Na nossa visão não é necessário nessa fase [o AAE]. Nunca nos foi colocado no processo de licenciamento. (…) Caso nós tenhamos sucesso na descoberta, aí sim nós teremos um plano de desenvolvimento da produção e, evidentemente, todos os estudos com todas as partes envolvidas, a população, os órgãos ambientais e os governos locais serão feitos numa fase de desenvolvimento da produção.”

O executivo afirma que é preciso discutir de forma mais técnica os possíveis impactos da exploração na Foz do Amazonas. Segundo ele, há uma percepção que as atividades seriam na própria foz do rio, o que não corresponde à realidade, já que o poço previsto está a mais de 500 km da região.

“No pré-sal brasileiro, a gente está produzindo na ordem de grandeza de duzentos a trezentos quilômetros do Rio de Janeiro, de Santos, de Cabo Frio. Nós estamos falando de mais que o dobro da distância para Foz do [Rio] Amazonas”, explicou.

“O nome Foz do Amazonas, com tudo que o Amazonas representa para o país e para o mundo, prejudica um pouco o senso comum.  Mas falando em Amazonas, por exemplo, nós estamos há mais de trinta anos produzindo onshore dentro da Floresta Amazônia, com todo respeito ao meio ambiente, ajudando a desenvolver comunidades e gerando muito empregos em cidades próximas.”

Para Falcão, a Petrobras tem um histórico de produção que deve ser levado em conta no licenciamento ambiental e nas análises

“Nós já furamos mais de mil poços em águas profundas e águas ultraprofundas no Brasil, sem nenhum tipo de intercorrência. Ao longo de mais de três décadas que a gente tá em águas profundas e águas ultraprofundas”, disse.

Exemplo da Guiana

Falcão afirma que o potencial da região é grande, especialmente pela proximidade com os bem-sucedidos campos da Guiana, onde já foram encontrados cerca de 11 bilhões de barris de óleo e gás.

“A gente percebe o sucesso que tem sido a Hess e a Exxon na Guiana. E a gente tem toda a confiança que pode ter muito ganho para a sociedade brasileira se puder furar, não só esse poço, como todos os outros na Margem Equatorial.”

A Petrobras reservou US$ 3 bilhões para a perfuração de 16 poços nos próximos cinco anos em quatro das cinco bacias da margem equatorial. A expectativa é fazer o primeiro poço na Foz do Amazonas (Amapá) e depois no bloco Pitu Oeste (Bacia Potiguar), para onde a sonda será deslocada caso a licença ambiental para a Foz não seja emitida para o Ibama.

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