BRASÍLIA e RIO – À espera da licença ambiental para prosseguir com as atividades exploratórias na Margem Equatorial, a Petrobras se prepara para buscar novas oportunidades em outras regiões, como a costa da África e a Bacia de Pelotas.
O aumento de eficiência dos campos e a renovação de reservas fazem parte da estratégia para a renovação de reservas da companhia, indicaram os diretores da estatal em coletiva de imprensa e teleconferência com investidores na sexta-feira (8/11) para apresentação dos resultados do 3º trimestre de 2024.
A Petrobras tem um orçamento para investimentos internacionais de US$ 1,3 bilhão, com previsão de poços em São Tomé e Príncipe e na África do Sul. Também há previsão para investir em projetos na Argentina, Bolívia e Colômbia.
“Esperamos atuar em todas essas frentes, incluindo a nossa Margem Equatorial”, disse a diretora de Exploração e Produção da companhia, Sylvia Anjos.
Segundo a diretora, a estratégia é dar prioridade para o aumento da produção no Brasil, mas a África também é relevante, dada a grande similaridade geológica com a bacia de Campos.
“São as áreas em que nós procuramos utilizar a expertise que nós já dominamos aqui e podemos fazer por lá. De qualquer forma, estamos sempre buscando novas áreas, que sejam economicamente viáveis e que possamos utilizar nossa competência, nosso diferencial competitivo, como é o caso das margens conjugadas aqui ao Brasil”, explicou a diretora de exploração.
África
O aceno da petroleira à África ocorre num momento em que o país, sob o governo Lula, tenta retomar o protagonismo na política externa e as relações comerciais com o continente.
A Petrobras selou a sua saída da África em 2020, por meio da venda da PetroÁfrica, por US$ 1,45 bilhão. Encerrou, na ocasião, um ciclo de quatro décadas no continente.
Em 2024, no entanto, a petroleira retornou ao continente, com a aquisição de áreas em São Tomé e Príncipe e na África do Sul.
O renascimento do interesse pela região ocorre num contexto de grandes descobertas recentes na Namíbia. Embora as campanhas de exploração ainda estejam em fase de avaliação e testes, a consultoria Wood Mackenzie estima que as descobertas somem mais de 7 bilhões de barris.
A África Subsaariana se destaca pelo gás. O interesse pelo GNL ressurgiu, nos últimos anos, na região – que se tornou um local de destaque para projetos de liquefação embarcada (FLNG).
A África, segundo a Wood Mackenzie, possui quase 700 trilhões de pés cúbicos de recursos de gás descobertos – mais do que o suficiente para satisfazer a demanda doméstica.
Bacia de Pelotas
Entre os ativos domésticos que a Petrobras vem apostando está a bacia de Pelotas, que ocupa uma área de 41 mil km² entre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Atualmente, a companhia tem se dedicado à definição de dados sísmicos, o que deve se prolongar ao longo de 2025.
“Além da Margem Equatorial, a bacia de Pelotas é uma outra área em que temos um grande investimento. Adquirimos 29 blocos para a parceria, 26 em parceria com a Shell e outros três também com a CNOOC. Depois da aquisição sísmica, tem todo o período de interpretação dos dados, seleção das áreas, estudo dos blocos e a permissão do Ibama para essa perfuração”, detalhou Anjos.
A Petrobras realiza na região o programa exploratório mínimo (PEM) e, para agilizar o processo, os dados sísmicos serão interpretados na medida em que foram coletados.
A previsão da empresa é de que a etapa de seleção de poços e de obtenção da licença ambiental para fazer a perfuração leve de um e dois anos.
Margem Equatorial
A petroleira tem enfrentando dificuldade com a obtenção da licença ambiental para perfurar na Margem Equatorial, principal aposta para substituir o declínio das reservas do pré-sal.
A diretora de exploração e produção afirmou que a empresa vem adequando todas as questões exigidas nos manuais do Ibama para a obtenção da licença e espera responder, até o fim de novembro, os últimos questionamentos feitos pelo órgão ambiental.
A diretora de assuntos corporativos, Clarice Coppetti, disse acreditar que sejam necessários entre três e quatro meses após a liberação da licença para fazer a perfuração do primeiro poço exploratório no bloco FZA-M-59, na Foz do Amazonas.
O trabalho envolve o tratamento da embarcação, remoção do coral-sol e a mobilização de fornecedores para a costa do Amapá.
- O que é o coral-sol?
É uma espécie invasora, que precisa ser retirada das embarcações que serão deslocadas para a região Norte. O procedimento típico para a remoção do coral para a mobilização de equipamentos do Sudeste para áreas não afetadas dura cerca de 60 dias, mas a companhia avalia como reduzir esse tempo para deixar a unidade de prontidão.
Preparação para envio da sonda para o Amapá
A janela para iniciar a campanha este ano está perdida de toda forma, mas a companhia vem se preparando para iniciar a perfuração no primeiro semestre de 2025. Cada poço tem um prazo estimado entre cinco e seis meses.
A intenção é utilizar a sonda OND II, da Foresea, que está no Sudeste. Uma das etapas é a retirada do coral-sol.