Oferta de petróleo

Continuação de cortes da Opep+ vai reduzir oferta de petróleo em 2025, diz Rystad

Impacto na oferta em 2025 será de uma redução em 1,03 milhão de barris/dia

Secretário-geral da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), Haitham Al Ghais, discursa durante a ROG.e 2024. Foto: Elisa Tenchini/IBP
Secretário-geral da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), Haitham Al Ghais, discursa durante a ROG.e 2024. Foto: Elisa Tenchini/IBP

BRASÍLIA – A Organização dos Países Exportadores de Petróleo e Aliados (Opep+) anunciou na quinta-feira (5/12) que decidiu estender os cortes voluntários adicionais na produção de petróleo de 2,2 milhões de barris/dia até março de 2025. De acordo com a consultoria Rystad Energy, o impacto na oferta em 2025 será de uma redução em 1,03 milhão de barris/dia.

A previsão para o ano que vem era de um excesso em 700 mil barris/dia no suprimento global e agora a expectativa é de um déficit de 335 mil barris/dia. Ainda assim, a medida deve garantir a estabilidade dos preços no curto prazo, conforme análise da Rystad. As previsões foram divulgadas antes da queda do regime de Bashar al Assad na Síria.

Os cortes adicionais da Opep+ estão em curso desde novembro de 2023. Os cortes voluntários que não fazem parte do volume adicional – de 1,65 milhão de barris por dia – permanece até o final de 2026.

O sinal geral para o mercado é que provavelmente evitará quedas nos preços no curto prazo, de acordo com o chefe global de mercados de commodities da Rystad, Mukesh Sahdev.

“Os mercados de petróleo aguardavam ansiosamente essa reunião da Opep+ desde que os resultados das eleições nos EUA indicaram claramente a possibilidade de uma presidência de Trump 2.0″, escreveu Sahdev.

Trump prometeu reduzir o custo da energia pela metade por meio da facilitação para projetos de petróleo e gás natural. Na campanha de 2024, o republicano ressuscitou o bordão usado por membros do partido na campanha de 2008, quando John McCain foi derrotado por Barack Obama: “drill, baby, drill” (“perfure, baby, perfure”, em tradução livre).

Em seu primeiro mandato, ele já havia promovido políticas públicas voltadas para combustíveis fósseis, algo que não arrefeceu na gestão de Joe Biden.

Em 2023, os EUA produziram em média mais de 12,9 milhões de barris/dia, acima do recorde anterior, de 2019, quando o país produziu 12,3 milhões de barris/dia. A expectativa para 2024, segundo a Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) é que o ano termine com uma nova marca histórica, de 13,2 milhões de barris/dia.

De acordo com a Rystad, a postura de Trump em relação à China, com tarifas agressivas, e a demanda fraca persistente deram à Opep+ o incentivo necessário para estender os cortes de produção até o primeiro trimestre de 2025.

Outro ponto apontado pela consultoria é a preocupação do cartel de petróleo tanto com o excesso de oferta quanto com a falta de cumprimento das metas de produção entre membros.

A Rystad acredita que a Opep+ parece não estar preocupada com o aumento da oferta nos países que não fazem parte do cartel.

“Estimamos que o crescimento da oferta fora da Opep+ enfrentará dificuldades devido à correção da demanda de refinarias nos países compradores, já que as margens mais baixas devem persistir em 2025, resultando em mais fechamentos”, conclui a análise.