RIO – As dificuldades no licenciamento ambiental para exploração de óleo e gás, no Brasil, travam, hoje, projetos que vão muito além da campanha de perfuração da Petrobras na Bacia Foz do Amazonas, negada pelo Ibama: 49 blocos exploratórios estavam com contratos suspensos ao fim de 2022.
São pedidos das próprias petroleiras, por questões como atrasos na obtenção de licenças na Margem Equatorial e judicialização contra a exploração não-convencional (pelo uso do fraturamento hidráulico) em bacias terrestres.
Esse número representa cerca de 16% do universo de 295 blocos sob contrato vigente ao fim do ano passado, de acordo com o relatório anual de exploração, divulgado pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) nesta quarta (19/07).
Veja a íntegra do evento de divulgação, transmitido ao vivo no canal da epbr no Youtube:
Dos 49 blocos suspensos, 20 estão na Margem Equatorial, a maioria (14 deles) na Bacia de Barreirinhas.
As dificuldades no licenciamento ambiental ocorrem mesmo em áreas onde já há poços perfurados com descobertas de óleo e gás.
No fim de 2022, segundo a ANP,, havia, em curso no país, 33 planos de avaliação da descoberta (PAD) – a última etapa antes da declaração de comercialidade, que torna uma descoberta apta a entrar em produção.
Desse total, sete planos estavam suspensos, nas Bacias de Barreirinhas, Pará-Maranhão e São Francisco, a maioria devido a questões ambientais.
Para aprofundar:
- Foz do Amazonas tem quase 100 poços de petróleo perfurados; veja mapa
- Margem Equatorial: Que petroleiras ainda têm concessões de óleo e gás na região?
Número de áreas em exploração tende a cair
O diretor-geral da ANP, Rodolfo Saboia, defendeu a importância de o país aproveitar a última janela de oportunidades para a exploração de novas fronteiras.
Ele acredita que o número de blocos exploratórios sob contrato, no país, tende a cair nos próximos anos.
“A transição energética, fatores geopolíticos e a volatilidade do mercado estão influenciando cada vez mais as decisões de investimento, redundando em um menor apetite das empresas para assumir áreas de risco exploratório. Boa parte do capital mudou da exploração convencional para oportunidades de ciclo curto e retorno mais rápido”, disse Saboia, nesta quarta (19/7), durante seminário sobre a exploração no Brasil.
[jnews_block_29 first_title=”Nossa cobertura” exclude_post=”67303,67321,63510,63406″ include_tag=”1713,231″]
O diretor responsável pela área de geologia da ANP, Cláudio Jorge, lembrou que outros países, como Estados Unidos e Noruega, seguem abrindo novas fronteiras exploratórias, mesmo com o avanço da transição energética.
“É preciso não confundir descarbonização com não exploração”, disse.
Também presente à discussão, o ex-diretor da ANP e atual presidente da Gasmar, Allan Kardec Duailibe, lembrou que o Brasil pode perder a autossuficiência em petróleo se a exploração na Margem não avançar.
“Os governadores dos estados da Amazônia não vão renunciar a essa riqueza”, disse.