O potencial brasileiro para a exploração e produção de petróleo e gás não convencional ainda é incerto. Estudos preliminares realizados pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) para o Plano Nacional de Energia apontam a possibilidade de produção de até 156 TCF (sigla, em inglês, para “trilhões de pés cúbicos”) de recursos de gás não convencional até o ano de 2050 nas bacias terrestres de São Francisco, Recôncavo, Parnaíba, Parecis, Paraná, Potiguar, Amazonas e Solimões. Contribuem para essa estimativa a possibilidade de produção de hidratos de metano das bacias marítimas da Foz do Amazonas e Pelotas.
O Ministério de Minas e Energia estuda realizar dois projetos pilotos para a produção não convencional, um de petróleo e outro de gás natural, e tenta colocar o tema em pauta no país. O entendimento é que projetos do tipo podem trazer investimentos, como aconteceu com o boom do shale gas nos EUA e está acontecendo com o desenvolvimento de Vaca Muerta na Argentina.
O projeto do MME enfrenta, contudo, resistência. A E&P Brasil mostrou recentemente o Mapa do Embargo ao fraturamento no Brasil. O estado do Paraná, por exemplo, decretou uma moratória de dez anos para a atividade.
O que é Vaca Muerta?
A Vaca Muerta é uma formação geológica de 30.000 km² localizada principalmente na província de Neuquén e que contém petróleo e gás a uma profundidade de mais de 2.500 metros. A província argentina de Neuquén é a bacia de hidrocarbonetos mais prolífica e está localizada no oeste do país, no extremo norte da Patagônia.
Espera-se que Vaca Muerta tenha grandes volumes de tight oil e shale gas. De acordo com a Administração de Informações Energéticas (EIA, sigla em inglês) dos EUA, a formação contém 16,2 Bbbl de tight oil e 308 Tcf de shale gas.
Cinco projetos que você deveria conhecer em Vaca Muerta:
Tecpetro investe US$ 2,3 bilhões
A Tecpetrol, empresa do Grupo Techint, vai investir US$ 2,3 bilhões no projeto de desenvolvimento da produção do campo de Fortín de Piedra, em Vaca Muerta. O projeto prevê a perfuração de mais de 150 poços e a criação de infraestrutura para o transporte de 10 milhões de m3/dia de gás natural. No último dia 6, inaugurou uma estação de tratamento de gás natural com capacidade para até 6,5 milhões de m3/dia e investimentos de US$ 30 milhões.
Statoil é sócia da YPF
A Statoil fechou em agosto do ano passado um acordo para virar sócia da YPF no projeto Bajo del Toro, que representou a chegada da empresa norueguesa na Argentina. Em novembro, durante a 5a rodada de áreas exploratórias realizada pela GyP adquiriu a concessão da área de Bajo del Toro Leste. A empresa vai investir US$ 15 milhões na perfuração do primeiro poço na região.
ExxonMobil investe US$ 200 milhões
A ExxonMobil vai investir US$ 200 milhões para a exploração de petróleo e gás não convencional na área do bloco Los Toldos I Sur, onde é sócia da Tecpetrol. A empresa tem ainda investimentos em diversos outros projetos em Vaca Muerta a partir de sua subsidiária local, a XTO Energy.
Schlumberger aposta em produção
A fornecedora Schlumberger também está apostando em projetos de produção em Vaca Muerta. A empresa fechou em meados do ano passado acordo com a YPF para iniciar um projeto piloto de produção de shale oil que prevê investimentos da ordem de US$ 390 milhões na área de Bandurria Sur, com a execução de diversos tipos de estudos, a construção de 26 poços pilotos e nova infraestrutura local.
Total, BP, Wintersall e YPF investem US$ 1,15 bilhão
YPF, Total, Wintershall e Pan American Energy, empresa da BP, anunciaram investimento conjunto de US$ 1,15 bilhão para aumentar a produção de shale gas em Vaca Muerta em julho do ano passado. Total e BP operam as áreas de Aguada Pichana e Aguada de Castro, respectivamente, onde estão programadas a perfuração de 72 poços horizontais até 2021.