Diretores do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro-NF) e da Federação Única dos Petroleiros (FUP) tentaram impedir, na manhã desta terça (6), o embarque de trabalhadores de serviços não essenciais para a plataforma P-54, da Petrobras, no campo de Roncador, na Bacia de Campos.
Segundo as entidades, a unidade vem registrando avanço da contaminação de covid-19 desde o fim de semana, com 40 casos confirmados. De 31 trabalhadores da P-54 que aguardavam desembarque hoje, oito testaram positivo.
Nesta segunda (5), o Sindipetro-NF enviou comunicado à gestão da companhia cobrando o atendimento às recomendações do Ministério Público do Trabalho (MPT) sobre a retirada de todo o pessoal a bordo com suspeita de covid-19 ou cuja função não seja essencial ao funcionamento da plataforma.
A Petrobras infirmou que o “serviço de desinfecção da plataforma [P-54] está em andamento. Os embarques realizados nos últimos dias foram restritos à substituição das funções essenciais do contingente desembarcado, para garantia da segurança da unidade”.
Ainda de acordo com o sindicato, a situação é crítica em outras plataformas da Bacia de Campos e mais de 70% dos contaminados contraíram a doença a bordo.
“Na P-38, que opera o campo de Marlim Sul, são 50 contaminados; na P-48, no campo de Caratinga, em apenas dois dias foram confirmados oito casos de infectados pelo coronavírus. Com isso, subiu para dez o número de trabalhadores que testaram positivo para a doença nesta unidade e foram desembarcados”, diz a FUP em nota.
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Número de contaminados chegou a 6 mil
O Boletim de Monitoramento da Covid-19 do Ministério de Minas e Energia (MME) divulgado nesta segunda (5), mostra que a empresa já passou dos seis mil casos, sem contar os trabalhadores terceirizados, com um total de 20 mortos.
Até ontem, havia 339 pessoas em quarentena e 47 hospitalizadas.
Além das plataformas da Bacia de Campos, as refinarias Gabriel Passos (Regap), em Betim (MG), e Landulpho Alves (RLAM), na Bahia, também registram casos de contaminação.
Também nesta segunda, a Petrobras alterou a escala dos embarcados em suas plataformas para embarques seguidos de 21 dias, com folgas de 28 e 35 dias alternadamente.
“A medida visa fortalecer os cuidados com a saúde dos colaboradores nesse que é um momento crítico da pandemia de covid-19 (…) Nesse período, o empregado fará dois embarques em vez de três, reduzindo em pelo menos 30% o fluxo de pessoas em deslocamento em aeroportos e rodoviárias”, disse a empresa, em nota.
É a segunda vez na pandemia em que a Petrobras adota a escala especial.
A medida é alvo de críticas pelos petroleiros, que alegam falta de negociação trabalhista prévia e exclusão dos trabalhadores terceirizados.
“Não há como segregar as condições de trabalho, de escala e de risco de contaminação entre petroleiros próprios e terceirizados, sejam os que atuam nas plataformas, sejam os trabalhadores de bases em terra. Nas unidades offshore, todos deveriam atuar numa escala de 14 por 28 [embarque e descanso], reduzindo o tempo de exposição dos trabalhadores ao covid-19 e mantendo os ciclos de embarques”, diz o coordenador geral da FUP, Deyvid Bacelar, em nota.
A Petrobras afirma que a medida é necessária para promover o distanciamento entre as equipes na operação offshore.
“Após o período de embarque, o empregado ficará mais dias em casa, o que também favorece o distanciamento social. Além disso, estão sendo priorizados os serviços essenciais a bordo e está sendo reduzido o pessoal embarcado (POB) em todas as unidades offshore. A Petrobras recomendou que as empresas terceirizadas adotem medidas similares”, diz a estatal.
Atualizada às 19h51 — Em resposta, a assessoria da Petrobras informou que “nos últimos dias ocorreram desembarques pontuais na plataforma P-54 por suspeita de Covid-19. Todo o efetivo da unidade foi testado e todos os colaboradores com resultado positivo foram desembarcados. O desembarque dos contactantes já foi iniciado, com conclusão até amanhã (7/4). É importante esclarecer que o isolamento e desembarque de casos suspeitos e seus contactantes, mesmo assintomáticos, são estratégias de prevenção e que, após os testes, na maioria dos casos a suspeita de contaminação não se confirma.
O serviço de desinfecção da plataforma está em andamento. Os embarques realizados nos últimos dias foram restritos à substituição das funções essenciais do contingente desembarcado, para garantia da segurança da unidade”.