Diálogos da Transição

Petroleiras estatais alocam menos de 5% do capital para transição energética

Altos preços do petróleo e crescente pressão intergovernamental são oportunidade para estatais mudarem de rumo, dizem analistas da WoodMac

Petroleiras estatais alocam menos de 5% do capital para a transição energética
FPSO Pioneiro de Libra (foto: André Ribeiro/Agência Petrobras)

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Diálogos da Transição

eixos.com.br | 05/04/22

Editada por Nayara Machado
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Levantamento da Wood Mackenzie mostra que as empresas de petróleo estatais estão alocando menos de 5% do capital para a transição energética e baixo carbono.

Isso as deixa atrás das majors — companhias internacionais —, que, à medida que aumenta a pressão regulatória, dos investidores e do público, aceleram os investimentos em descarbonização.

Empresas globais comprometeram cerca de 15% do investimento de capital de 2022 para a transição energética e baixo carbono. A média é maior entre as europeias, cerca de 20%.

Segundo a consultoria especializada em energia, os altos preços do petróleo e a crescente pressão intergovernamental são uma oportunidade para as empresas estatais mudarem de rumo — e poderia resultar em US$ 60 bilhões de investimento, quatro vezes valor comprometido pelas grandes companhias de energia.

“Os altos preços atuais significam que as NOCs [sigla em inglês para empresas estatais de petróleo] devem gerar um fluxo de caixa inesperado de cerca de US$ 110 bilhões por ano nos próximos cinco anos. Isso proporcionará flexibilidade financeira e, com ela, uma oportunidade de ouro para mudar de marcha”, dizem os analistas.

A valorização sustentada dos preços permitiria aumentar os dividendos e ajudar a pagar a dívida nacional pós-pandemia, ao mesmo tempo em que as companhias alocam capital tanto para investimentos upstream quanto para oportunidades de baixo carbono.

Ritmo lento

O ritmo das mudanças de curto prazo será mais lento, destaca o relatório.

Um dos motivos são as metas de redução de emissões, ditadas pelas metas climáticas do governo e do país de cada companhia.

Outro é estratégico. Os planos das estatais têm uma ênfase crescente no gás natural e na captura e armazenamento de carbono (CCS) como os principais impulsionadores da descarbonização.

Enquanto as majors estão diversificando os investimentos em novas energias.

Empresas como TotalEnergies, bp, Shell, Equinor e Repsol tiraram combustível fóssil do nome e estão investindo em portfólios de energia eólica, solar e hidrogênio.

Esta semana, inclusive, a espanhola Repsol anunciou uma parceria com a Ørsted para desenvolvimento conjunto de projetos eólicos offshore flutuantes na Espanha.

A parceria eólica offshore segue o anúncio de planos para um projeto de corredor de hidrogênio na Espanha, que a Repsol ajudará a desenvolver com o consórcio SHYNE (Spanish Hydrogen Network).

Apoiada por várias agências de desenvolvimento local, a iniciativa ajudará a criar uma cadeia de valor completa, incluindo produção, transporte, usos e armazenamento.

Objetivo é instalar 400 MW de capacidade de produção até 2025 (exigindo 1,5 GW de capacidade de produção de geração renovável associada) e 1,5 GW em 2030 (exigindo 6 GW de energias renováveis).

Cobrimos por aqui:

No Brasil, a Petrobras planeja investir US$ 2,8 bilhões em redução das emissões de carbono no período de 2022 a 2026. A cifra representa 4,1% do plano de investimentos para o período.

A estratégia inclui eficiência operacional nos projetos para mitigação das emissões (escopos 1 e 2), bioprodutos (diesel renovável e bioquerosene de aviação) e pesquisa e desenvolvimento.

Na agenda dos presidenciáveis

Transição energética, compromisso com metas climáticas e mercado regulado de carbono devem entrar nas agendas dos candidatos à presidência da República em 2022.

O Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) publicou, na segunda (4/4), uma carta aberta aos presidenciáveis listando 12 ações necessárias para integrar o país à chamada economia verde.

O grupo — que representa companhias cuja soma dos faturamentos responde por quase 50% do PIB brasileiro — defende a criação de um mercado de carbono regulado, um sistema de registro de compensações de emissões de gases de efeito estufa, e o estímulo ao mercado voluntário.

CBIO recua a R$ 94 na última semana de março

O preço médio dos créditos de descarbonização do RenovaBio (CBIO) recuou 5,38% na comparação semanal e fechou a semana de 28 de março a 1º de abril em R$ 93,68. Houve queda também no volume negociado, de 8,05%. Os dados são do Ministério de Minas e Energia (MME).

No início de março, os CBIOs chegaram a R$ 101,50 por título, maior cotação nominal desde o início das negociações, em junho de 2020.

Mesmo com o recuo, a média do mês ficou em R$ 97,90, bem acima da anual até 01/04, de R$ 86,07.

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