Oito das maiores empresas globais de energia acordaram nessa quinta-feira (17) que seguirão princípios comuns para a transição energética. Entre outros compromissos, bp, Equinor, Shell, Total, Galp, Eni, Occidental e Repsol vão apoiar publicamente os objetivos do Acordo de Paris, incluindo a cooperação internacional. As empresas também vão apoiar o desenvolvimento de tecnologias que atuem como sumidouros de carbono, como técnicas de captura e armazenamento de CO2.
O compromisso pretende alinhar as ações dos stakeholders do setor na direção da transição energética. A percepção é que falta transparência e consistência, por exemplo, nas métricas utilizadas pelas companhias para reportar ações que visam a redução do impacto ambiental provocado pelas empresas.
Os seis princípios assumidos pelas produtoras de óleo e gás:
- Apoio público aos Objetivos do Acordo de Paris – incluindo a cooperação internacional como veículo para assegurar o cumprimento dos objetivos do acordo;
- Descarbonização da indústria – as empresas vão se esforçar para reduzir as emissões em suas operações e as emissões resultantes do consumo da energia, atuando com seus clientes e a sociedade civil;
- Colaboração do sistema energético – colaborar com outros atores, incluindo governos, consumidores e investidores para desenvolver e promover abordagens que contribuam para a redução de emissões resultantes da utilização de energia. Também vão apoiar países que cumprirem as suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDC) para alcançarem os objetivos do Acordo de Paris;
- Desenvolvimento de sumidouros de carbono – apoiar e desenvolver tecnologias de captura, utilização e armazenamento e os sumidouros naturais;
- Transparência – divulgar informação relacionada com os riscos e oportunidades decorrentes das alterações climáticas de forma consistente com os objetivos das recomendações do Grupo de Trabalho sobre o Reporte Financeiro relacionado com o Clima (TCFD);
- Indústria e associações setoriais – divulgar informações sobre a sua participação em fóruns e associações de indústrias, bem como seu alinhamento às principais posições e políticas de defesa do clima das empresas.
Movimento europeu
A proposta de trabalho conjunto das empresas européias foi recebida positivamente por investidores. Anne Simpson, administradora da Climate Action 100+, que reúne investidores europeus focados em apoiar iniciativas que visem a emissão líquida zero de gases do efeito estufa (GEEs), afirmou que o trabalho entre diferentes atores será vital para alcançar o objetivo de emissões líquidas zero na economia real até 2050, ou talvez mais cedo.
O movimento em busca da neutralidades das emissões é atualmente muito mais forte das produtoras de óleo e gás europeias. A Equinor, por exemplo, anunciou no primeiro dia de Anders Opedal como CEO da empresa a meta de se tornar uma empresa com emissões zero de carbono em 2050. A empresa está se preparando para o declínio gradual da demanda global por petróleo e gás a partir de 2030 e espera, com isso, produzir, no longo prazo, menos petróleo do que que produz atualmente.
Bernard Looney, que também assumiu neste ano o comando da bp, anunciou em fevereiro que a companhia tem a ambição de se tornar uma empresa neutra em emissão de carbono até 2050. A promessa representa a neutralização de 415 milhões de toneladas equivalentes de CO2 (tCO2e), sento 55 milhões/ano das próprias operações da companhia e 360 milhões/ano relativos à produção de petróleo e gás da BP.
No sábado (12), o European Investment Bank (EIB) informou que vai interromper o financiamento de combustíveis fósseis, incluindo o gás natural. O anúncio foi feito durante Cúpula da Ambição Climática da Organização das Nações Unidas (ONU) – da qual o Brasil não participou.
“Decidimos colocar o clima em tudo o que fazemos. Vamos parar de financiar energia produzida por combustíveis fósseis, incluindo gás natural, e vamos ser o primeiro banco multilateral a ser totalmente alinhado com o Acordo de Paris, até o final do ano”, afirmou o presidente do EIB, Werner Hoyer.
O governo do Reino Unido firmou o compromisso com o fim do apoio direto aos combustíveis fósseis no exterior. O país não financiará mais projetos de exploração e produção de petróleo, gás ou carvão pelo mundo.
Além da restrição de crédito para o setor de petróleo e gás e de carvão, o Secretário-Geral da ONU, António Guterres, pediu que o mundo declare estado de emergência climática. Afirmou que as economias globais podem levar a um aumento da temperatura em 3,0ºC no fim do século, com efeitos catastróficos. O Acordo de Paris tenta conter o aquecimento em 1,5ºC até 2050.
No mês passado, após a eleição de Biden nos EUA, Guterres declarou que o tempo dos subsídios aos combustíveis fósseis acabou e que o mundo deve eliminar, gradualmente, o uso do carvão como fonte de energia e fixar um preço para o carbono.
No início do mês, conversamos com Paula Costa, executiva que atua há mais de dez anos como Chief Financial Officer (CFO) da Enauta. Ela explica como a pressão climática e a crise da covid-19 afetam os financiamentos do setor de petróleo e gás natural.
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