RIO – A Petrobras começou a revisão do plano estratégico quinquenal e vai divulgar ao final de 2023 o novo planejamento para o período 2024-2028, nos moldes das últimas revisões, disse Maurício Tolmasquim, atual gerente executivo de Estratégia da Petrobras.
Tolmasquim foi indicado para a diretoria de Transição Energética e Energias Renováveis, nova área criada na empresa, mas que ainda precisa da aprovação do conselho de administração para ser implantada de fato.
Segundo Tolmasquim, a elaboração do novo plano ainda está no início. O executivo afirmou que a transição energética “não era prioridade” para a Petrobras e que a empresa “está atrasada” em relação às emissões de escopo 3, que envolvem os produtos oferecidos ao mercado – no caso, majoritariamente, derivados de petróleo.
Necessidade de diversificar o portfólio
“Nosso desafio é recuperar o tempo perdido”, disse o executivo, nesta terça (18/4).
Em evento no Instituto Brasileiro do Petróleo e do Gás (IBP), Tolmasquim ressaltou que a descarbonização dos produtos da empresa é um dos temas que devem ter mais espaço no novo plano.
“Sem dúvida o petróleo ainda vai gerar renda durante algum tempo para a Petrobras, mas isso não significa que a empresa deva olhar só para isso. É necessário diversificar o portfólio, as atividades, porque é inelutável que a longo prazo a demanda de petróleo no mundo caia e a Petrobras tem que estar preparada para essa nova realidade”, disse.
O plano estratégico 2023-2027 da Petrobras estabeleceu como áreas prioritárias a serem estudadas pela companhia na transição energética os segmentos de eólicas offshore, hidrogênio, biorrefino e captura de carbono. Entre essas áreas, a única que teve valores de investimento definidos foi o biorrefino, com a previsão de um aporte de US$ 600 milhões até 2027.
O relatório de transição de governo havia elencado a revisão do plano estratégico 2023-2027 da Petrobras entre os temas prioritários do novo governo, com a necessidade de indicação de um novo planejamento em até 60 dias após a posse do presidente Lula.
O objetivo, segundo o grupo de transição, deve ser retomar a participação da companhia em setores como refino, distribuição e biocombustíveis.
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A Petrobras, no entanto, tem mecanismos internos de elaboração e aprovação de propostas para o planejamento quinquenal que demandam um período mais longo do que os 60 dias propostos pelo grupo de transição.
A reformulação do conselho de administração, área responsável por revisar o plano, ainda está em curso e só deve ser concluída na próxima semana, em 27 de abril, quando os acionistas vão decidir qual será o novo conselho da Petrobras.
Produtos no radar da novas diretorias
A diretoria da Petrobras fechou nesta quinta (6/4) a proposta de reformulação do comando executivo da companhia, com a criação da diretoria de Transição Energética e Energias Renováveis.
A nova diretoria “coordenará as atividades de descarbonização, mudanças climáticas, novas tecnologias e sustentabilidade e incorporará as atividades comerciais de gás natural”, informou a empresa. A mudança era esperada desde o início do governo Lula.
Em artigo recente, Jean Paul Prates defendeu que a companhia deve “aplicar a experiência e a excelência técnica da Petrobras no desenvolvimento de bioprodutos e em novas fronteiras de energia renovável, em busca de oportunidades para diversificação das nossas operações”.
Ele cita que o gás natural é “o combustível de transição para o hidrogênio”. E os planos da Petrobras para “converter nossas unidades de refino em bio-petro-gás refinarias, onde processaremos combustíveis de nova geração”.
O executivo reforça que novos negócios em energia, como o investimento da companhia em eólicas offshore, estão integrados com o perfil da Petrobras.
“Nossas operações em águas profundas e ultraprofundas nos colocam em posição privilegiada para a geração de energia eólica offshore, inclusive de forma integrada à produção de petróleo e gás”, diz.
Biorrefino e o fim da venda das refinarias
A Petrobras reforçou a intenção de rever os compromissos com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para a venda de suas refinarias – e traça planos de investimentos em biorrefino em unidades colocadas à venda no governo de Jair Bolsonaro (PL).
A companhia estuda plantas dedicadas de diesel renovável na Refinaria Abreu e Lima (Rnest), em Ipojuca (PE), e no Polo Gaslub (antigo Comperj), em Itaboraí (RJ), além de expandir a produção do diesel coprocessado na Gabriel Passos (Regap), em Minas Gerais. Já produz na Presidente Vargas (Repar), no Paraná.
São unidades que foram colocadas à venda.
“Nós respeitamos as alegações do Cade, mas temos agora que nos defender, tanto no caso dos combustíveis, que nos obrigaram a vender refinarias, a nosso ver indevidamente, sem a defesa à altura que o caso merecia, como na questão do gás”, afirmou Prates, ontem, a jornalistas, após evento na Fiesp
A Petrobras esclareceu ao mercado que buscará “construir em conjunto com o Cade uma solução para conciliar os compromissos assumidos anteriormente com as novas propostas a serem consideradas no planejamento estratégico”.
O que muda na diretoria da Petrobras?
A diretoria de Desenvolvimento da Produção, ocupada por Carlos José do Nascimento Travassos, será a nova diretoria de Engenharia, Tecnologia e Inovação. Incorpora o Cenpes, centro de P&D da Petrobras.
Refino, Gás e Energia, de William França da Silva, passa a ser a diretoria de Processos Industriais e Produtos. Será responsável pela produção de derivados de petróleo, de gás natural e biocomponentes.
A diretoria de Comercialização e Logística, de Claudio Romeo Schlosser, será a de Logística, Comercialização e Mercados.
A proposta prevê a extinção da diretoria de Relacionamento Institucional e Sustentabilidade. A atual diretora, Clarice Coppetti, que tomou posse no fim do mês passado, será indicada para a diretoria de Gestão Corporativa.
Ficará responsável por gestão de pessoas, saúde, meio ambiente e segurança (SMS) e serviços compartilhados. Assume assim, a estrutura de transformação digital e tecnologia de informação.
Carlos Augusto Barreto segue, portanto, responsável pela área de Transformação Digital, ligada à diretoria de Gestão Corporativa, de Coppeti.
A diretoria Financeira e de Relacionamento com Investidores, de Sergio Caetano Leite, passa a ser responsável também pela gestão de portfólio, área que cuida, entre outros pontos, da venda de ativos da Petrobras.
Ficam mantidas as diretorias de Exploração e Produção, com Joelson Falcão. e de Governança e Conformidade, com Salvador Dahan.