Biocombustíveis

Petrobras testa combustível marítimo com 10% de biodiesel

Petroleira iniciou testes em navio da Transpetro, utilizando 90% de óleo mineral e 10% de biodiesel. A estimativa é que a mistura reduza cerca de 7% das emissões de CO2

Petrobras testa combustível marítimo com 10% de biodiesel. Na imagem: Navio Darcy Ribeiro testará por dois meses mistura de biodiesel ao bunker (Foto: Divulgação/Transpetro)
Navio Darcy Ribeiro testará por dois meses mistura de biodiesel ao bunker (Foto: Divulgação/Transpetro)

LUÍS CORREIA — No último sábado (31/12), a Petrobras realizou o primeiro teste de bunker com fração renovável no país. A embarcação Darcy Ribeiro, da Transpetro, foi abastecida com uma mistura de 90% de óleo mineral e 10% de biodiesel, no Terminal de Rio Grande (Terig), no Rio Grande do Sul.

Segundo a Petrobras, o conteúdo do combustível é mais eficaz para diminuir os impactos dos gases de efeito estufa (GEE) em relação ao bunker. A estatal calcula que a redução de emissões de dióxido de carbono (CO2) pode chegar a aproximadamente 7% com a mistura.

Ao longo de dois meses, serão avaliadas questões logísticas, qualidade da queima e estabilidade do combustível marítimo com menor pegada de carbono — as duas últimas já foram testadas em laboratório e a expectativa é que a operação dos navios confirme os resultados.

O bunker é uma variação de óleo utilizado em sistemas de propulsão de navios de grande porte. As primeiras avaliações da viabilidade da mistura renovável foram realizadas no laboratório do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Petrobras (Cenpes). A princípio, não foram observados impactos às propriedades do bunker.

Selo de eficiência

O setor de transporte marítimo está entre os mais difíceis de descarbonizar.

Apesar dos esforços em busca de soluções menos poluentes para embarcações de grande porte, a transição do setor marítimo ocorre de forma lenta. Por transportarem cargas por longas distâncias, os navios demandam mais eficiência energética.

Além de ser responsável por 90% do comércio global, o transporte marítimo responde por cerca de 3% das emissões de CO2.

A Organização Internacional Marítima (IMO, em inglês) estabeleceu como meta a redução de emissões de GEE do setor em, pelo menos, 50% até 2050. A agência é responsável pelas medidas de segurança no transporte marítimo internacional e pela prevenção de poluição provenientes de navios.

Em janeiro, entra em vigor a iniciativa IMO 2023 para estimular a adoção de combustíveis marítimos com componentes renováveis, e, ao mesmo tempo, incentivar a melhoria da eficiência dos navios.

Uma espécie de selo de eficiência, a IMO 2023 passará a classificar os navios por meio de três indicadores: índice de eficiência energética, indicador de intensidade de carbono e plano de gerenciamento de eficiência energética do navio.

“Com o selo, as embarcações passarão a ser classificadas conforme o nível de eficiência energética e a Transpetro vem investindo em diversas soluções nos últimos anos, com foco em levar nossa frota aos melhores patamares de eficiência”, disse o diretor de Engenharia e Tecnologia Marítima e Terrestre da Transpetro, Jair Toledo.

Para impulsionar o programa, a Transpetro investiu na instalação de apêndices de propulsor e de casco nas embarcações, entre outras ações de otimização operacional, que permitiram baixas emissões de carbono em 2022, em comparação a 2021.

A Petrobras ainda afirmou que, dependendo do percentual de biodiesel introduzido na mistura, serão necessárias poucas adaptações nas frotas, facilitando a expansão da adoção da solução renovável. A partir da iniciativa, a empresa caminha para contribuir com a comercialização de combustíveis marítimos que tragam menos impactos ao meio ambiente.

De acordo com o novo Plano Estratégico para o período de 2023 a 2027, a estatal vai investir US$ 4,4 bilhões em projetos focados na transição energética com ações de neutralização de carbono.