RIO — O diretor de comercialização e logística, Claudio Mastella, afirmou que a companhia vê com “muita cautela” o atual cenário de desequilíbrio do mercado global de diesel.
Ele citou o baixo índice de estoque do combustível no mercado internacional e disse que a petroleira reforçou o seu time de trading em Houston (EUA), Roterdã (Países Baixos) e em Singapura, para mitigar riscos ao abastecimento.
A Petrobras responde, atualmente, por cerca de 80% do suprimento de diesel e gasolina ao mercado doméstico.
Importadores privados têm manifestado dificuldades na aquisição do produto no mercado global.
As declarações de Mastella foram dadas durante teleconferência com analistas e investidores, sobre os resultados financeiros da companhia no primeiro trimestre. A seguir, a agência epbr resume os principais pontos abordados pelos executivos da petroleira.
CVU das termelétricas
A Petrobras pretende rediscutir, junto à Aneel, o Custo Variável Unitário (CVU) das termelétricas operadas pela petroleira e expostas ao mercado spot (curto prazo).
O diretor de refino e gás da estatal, Rodrigo de Costa Lima, afirmou nesta sexta-feira (6/5) que a expectativa é avançar com as conversas no segundo semestre.
O CVU é associado aos custos variáveis de combustível e de operação e manutenção de termelétricas.
A Petrobras tenta recompor as perdas do segmento de gás e energia. No primeiro trimestre, a companhia teve prejuízo operacional de R$ 2,2 bilhões na área de negócio.
As despesas operacionais subiram 12,5% na comparação com o primeiro trimestre de 2021, para R$ 4,6 bilhões.
Venda das refinarias
A expectativa da Petrobras é concluir a venda da Refinaria Isaac Sabbá (Reman), no Amazonas, e da Unidade de Industrialização do Xisto (SIX), no Paraná, ainda este ano. Ambos os negócios dependem do aval do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade)
A companhia assinou em 2021 o contrato para venda da Reman para o Grupo Atem, por US$ 189,5 milhões; e fechou acordo com a F&M Resources, para alienação da SIX, por US$ 33 milhões.
A Superintendência-Geral do Conselho Administrativo de Defesa da Concorrência está perto de aprovar a venda da Reman, segundo o Valor.
A compra da refinaria pelo o Grupo Atem é questionada por Raízen, Fogás, Equador e Ipiranga, incluídas pelo Cade no processo como terceiras interessadas. As empresas apontam riscos de desabastecimento, práticas abusivas, práticas discriminatórias e de fechamento de mercado, já que o Atem atua na distribuição de combustíveis.
O diretor financeiro da Petrobras, Rodrigo Araújo, disse que a companhia segue com as negociações para venda da Lubnor (CE) e Refinaria Gabriel Passos (Regap), em Minas Gerais, mas não deu prazos para a assinatura dos contratos; nem para a retomada dos desinvestimentos da Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), no Rio Grande do Sul; Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), no Paraná, e Refinaria Abreu e Lima (Rnest), em Pernambuco.
A primeira tentativa da Petrobras de vender a Refap (RS), Repar (PR) e a Rnest (PE) foi malsucedida. A intenção da empresa é relançar as negociações, mas, segundo Araújo, a companhia espera o “momento adequado”.
No ano passado, executivos da Petrobras já sinalizaram que as ofertas não devem ser recebidas antes das eleições.
- Cade aprova prorrogação de venda de refinarias pela Petrobras, que tinha prazo para conclusão até 2021. Conselho levou em conta ‘conjunturas econômicas internas e externas’
Diversificação de portfólio
O diretor de relacionamento institucional e sustentabilidade da Petrobras, Rafael Chaves Santos, reforçou que a ideia da empresa é, ao longo de 2022, intensificar os estudos das alternativas que permitam à empresa definir um segundo motor de geração de caixa para o futuro.
A expectativa, segundo ele, é que os estudos deem, ao longo do ano, alguma indicação sobre o caminho a ser tomado pela petroleira no futuro e que o assunto será avaliado na ocasião da revisão do plano estratégico da empresa, no fim do ano.
Comunicação com o governo
Rafael Chaves Santos reforçou também a importância da prática de preços de mercado e citou que a companhia vem aumentando os esforços na tentativa de melhor se comunicar com a sociedade e o governo sobre o aumento dos preços no país.
Ele destacou que a alternativa aos preços de mercado é o preço tabelado — que já se mostrou, no passado, ser “normalmente uma solução que não funciona”.
Ontem, minutos antes de a Petrobras divulgar os resultados, o presidente da República, Jair Bolsonaro, voltou a pressionar a empresa publicamente para que ela segure o reajuste dos preços dos combustíveis. “Apelo para que contenham, diminuam um pouco o lucro abusivo que vocês têm em detrimento da população brasileira”, disse Bolsonaro, durante live nas redes sociais.
Segundo o presidente, um novo aumento no preço do diesel poderá criar uma “convulsão social” no país. Ele disse ainda que a inflação dos combustíveis pode “quebrar e levar o Brasil para uma situação bastante complicada”.
Inflação da indústria de bens e serviços
O diretor de desenvolvimento da produção da Petrobras, João Henrique Rittershaussen, afirmou que não vê impacto do cenário internacional de inflação sobre o plano de negócios da empresa.
Ele citou que das 15 plataformas previstas para entrar em operação entre 2022 e 2026, 12 já estão contratadas — o que reduz a exposição da petroleira à inflação da indústria de bens e serviços.
O executivo também destacou que a companhia vem buscando formas de mitigar os impactos da inflação sobre as licitações da empresa, por meio de mudanças nas condições contratuais; e que acredita que trajetória de alta dos custos pode ser revertida