Combustíveis e Bioenergia

Petrobras reforça trading no exterior diante de escassez de diesel

Diretor de comercialização e logística, Claudio Mastella, afirma que vê com “muita cautela” o atual cenário de desequilíbrio do mercado global

Petrobras reforça trading no exterior diante de escassez de diesel. Na imagem, terminal de combustíveis da da Petrobras em Brasília. Foto Marcello Casal Jr._Agência Brasil
Centro de Distribuição da Petrobras no SIA, Terminal Terrestre de Brasília, onde se armazena e distribui produtos da companhia para os postos de combustíveis do Distrito Federal (Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil)

RIO — O diretor de comercialização e logística, Claudio Mastella, afirmou que a companhia vê com “muita cautela” o atual cenário de desequilíbrio do mercado global de diesel.

Ele citou o baixo índice de estoque do combustível no mercado internacional e disse que a petroleira reforçou o seu time de trading em Houston (EUA), Roterdã (Países Baixos) e em Singapura, para mitigar riscos ao abastecimento.

A Petrobras responde, atualmente, por cerca de 80% do suprimento de diesel e gasolina ao mercado doméstico.

Importadores privados têm manifestado dificuldades na aquisição do produto no mercado global.

As declarações de Mastella foram dadas durante teleconferência com analistas e investidores, sobre os resultados financeiros da companhia no primeiro trimestre. A seguir, a agência epbr resume os principais pontos abordados pelos executivos da petroleira.

CVU das termelétricas

A Petrobras pretende rediscutir, junto à Aneel, o Custo Variável Unitário (CVU) das termelétricas operadas pela petroleira e expostas ao mercado spot (curto prazo).

O diretor de refino e gás da estatal, Rodrigo de Costa Lima, afirmou nesta sexta-feira (6/5) que a expectativa é avançar com as conversas no segundo semestre.

O CVU é associado aos custos variáveis de combustível e de operação e manutenção de termelétricas.

A Petrobras tenta recompor as perdas do segmento de gás e energia. No primeiro trimestre, a companhia teve prejuízo operacional de R$ 2,2 bilhões na área de negócio.

As despesas operacionais subiram 12,5% na comparação com o primeiro trimestre de 2021, para R$ 4,6 bilhões.

Venda das refinarias

A expectativa da Petrobras é concluir a venda da Refinaria Isaac Sabbá (Reman), no Amazonas, e da Unidade de Industrialização do Xisto (SIX), no Paraná, ainda este ano. Ambos os negócios dependem do aval do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade)

A companhia assinou em 2021 o contrato para venda da Reman para o Grupo Atem, por US$ 189,5 milhões; e fechou acordo com a F&M Resources, para alienação da SIX, por US$ 33 milhões.

A Superintendência-Geral do Conselho Administrativo de Defesa da Concorrência está perto de aprovar a venda da Reman, segundo o Valor.

A compra da refinaria pelo o Grupo Atem é questionada por Raízen, Fogás, Equador e Ipiranga, incluídas pelo Cade no processo como terceiras interessadas. As empresas apontam riscos de desabastecimento, práticas abusivas, práticas discriminatórias e de fechamento de mercado, já que o Atem atua na distribuição de combustíveis.

O diretor financeiro da Petrobras, Rodrigo Araújo, disse que a companhia segue com as negociações para venda da Lubnor (CE) e Refinaria Gabriel Passos (Regap), em Minas Gerais, mas não deu prazos para a assinatura dos contratos; nem para a retomada dos desinvestimentos da Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), no Rio Grande do Sul; Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), no Paraná, e Refinaria Abreu e Lima (Rnest), em Pernambuco.

A primeira tentativa da Petrobras de vender a Refap (RS), Repar (PR) e a Rnest (PE) foi malsucedida. A intenção da empresa é relançar as negociações, mas, segundo Araújo, a companhia espera o “momento adequado”.

No ano passado, executivos da Petrobras já sinalizaram que as ofertas não devem ser recebidas antes das eleições.

Diversificação de portfólio

O diretor de relacionamento institucional e sustentabilidade da Petrobras, Rafael Chaves Santos, reforçou que a ideia da empresa é, ao longo de 2022, intensificar os estudos das alternativas que permitam à empresa definir um segundo motor de geração de caixa para o futuro.

A expectativa, segundo ele, é que os estudos deem, ao longo do ano, alguma indicação sobre o caminho a ser tomado pela petroleira no futuro e que o assunto será avaliado na ocasião da revisão do plano estratégico da empresa, no fim do ano.

Comunicação com o governo

Rafael Chaves Santos reforçou também a importância da prática de preços de mercado e citou que a companhia vem aumentando os esforços na tentativa de melhor se comunicar com a sociedade e o governo sobre o aumento dos preços no país.

Ele destacou que a alternativa aos preços de mercado é o preço tabelado — que já se mostrou, no passado, ser “normalmente uma solução que não funciona”.

Ontem, minutos antes de a Petrobras divulgar os resultados, o presidente da República, Jair Bolsonaro, voltou a pressionar a empresa publicamente para que ela segure o reajuste dos preços dos combustíveis. “Apelo para que contenham, diminuam um pouco o lucro abusivo que vocês têm em detrimento da população brasileira”, disse Bolsonaro, durante live nas redes sociais.

Segundo o presidente, um novo aumento no preço do diesel poderá criar uma “convulsão social” no país. Ele disse ainda que a inflação dos combustíveis pode “quebrar e levar o Brasil para uma situação bastante complicada”.

Inflação da indústria de bens e serviços

O diretor de desenvolvimento da produção da Petrobras, João Henrique Rittershaussen, afirmou que não vê impacto do cenário internacional de inflação sobre o plano de negócios da empresa.

Ele citou que das 15 plataformas previstas para entrar em operação entre 2022 e 2026, 12 já estão contratadas — o que reduz a exposição da petroleira à inflação da indústria de bens e serviços.

O executivo também destacou que a companhia vem buscando formas de mitigar os impactos da inflação sobre as licitações da empresa, por meio de mudanças nas condições contratuais; e que acredita que trajetória de alta dos custos pode ser revertida