Combustíveis e Bioenergia

Petrobras reduz preço do diesel pela 2ª vez em uma semana

Empresa anuncia redução de 4% (22 centavos por litro) no preço do derivado vendido às distribuidoras

(Foto: Alan Santos/PR)
(Foto: Alan Santos/PR)

RIO — A Petrobras anunciou nesta quinta-feira (11/8) uma nova redução nos preços do diesel, dessa vez de 4% — ou 22 centavos por litro. É a segunda vez que a empresa reduz os preços do derivado, nas refinarias, em uma semana. Não houve mudanças no valor da gasolina.

A partir de amanhã (12/8) o preço médio de venda de diesel da Petrobras para as distribuidoras passará de R$ 5,41 para R$ 5,19 por litro. Considerando a mistura obrigatória de 90% de diesel fóssil e 10% de biodiesel na composição do produto comercializado nos postos, a parcela da estatal no preço ao consumidor passará de R$ 4,87, em média, para R$ 4,67 a cada litro vendido na bomba.

A companhia justificou que a redução “acompanha a evolução dos preços de referência, que se estabilizaram em patamar inferior para o diesel”. A cotação do petróleo, no mercado internacional, tem se mantido há quase dez dias abaixo dos US$ 100 o barril do tipo Brent — referência global.

A Abicom, que representa os importadores privados de combustíveis, estima que a Petrobras havia fechado o dia, ontem, praticando preços 60 centavos (13%) acima da paridade de importação. No caso da gasolina, essa diferença é de 10% (equivalentes a 33 centavos por litro).

A queda recente dos preços dos combustíveis da Petrobras coincide com a desvalorização do petróleo, nas últimas semanas, mas também ocorre em meio à pressão de presidente Jair Bolsonaro para que a estatal reduza os seus preços, às vésperas das eleições.

O governo trocou duas vezes o comando da estatal este ano, num intervalo de menos de dois meses.

Há 45 dias no cargo, o novo presidente da Petrobras, Caio Paes de Andrade, já reduziu duas vezes o preço da gasolina. Além disso, a partir deste mês, cortou:

  • em 2,6% os preços do querosene de aviação (QAV);
  • em 5,7% os preços da gasolina de aviação (GAV);
  • e em 4,5% os preços do asfalto.

Nesses três últimos casos, tratam-se de ajustes mensais previstos em contrato com as distribuidoras.

Além dos recentes cortes nos preços dos combustíveis, a Petrobras também acatou o pedido do governo para que as grandes estatais antecipassem dividendos, para bancar as despesas extras criadas em meio à corrida eleitoral: a companhia anunciou, no fim de julho, uma distribuição de R$ 87,8 bilhões aos acionistas — sendo R$ 32,1 bilhões para a União.

Esta semana, Bolsonaro elogiou Paes de Andrade, pelas recentes reduções nos preços dos combustíveis.

“Então conseguimos agora com um presidente novo dentro da legislação, dentro do estatuto, começar a trabalhar melhor. Você pode ver, já temos anunciamos duas vezes redução da gasolina, uma vez o diesel [até a ocasião]. Trinta e cinco centavos na gasolina e vinte centavos no diesel. Começa a dar o refresco”, afirmou, ao participar do podcast Flow, na segunda-feira (8/8).

Hoje, após o anúncio da Petrobras, voltou a comentar o assunto. Nas redes sociais, disse que a redução do preço do diesel é “um ato muito importante em prol do Brasil” e que o país está, hoje, entre aqueles “com o menor preço médio de combustíveis do mundo, no cenário atual”.

Brasil tem, de fato, um dos combustíveis mais baratos do mundo?

As reduções da Petrobras nas refinarias tendem a reforçar o movimento de queda dos preços dos combustíveis para o consumidor final nas últimas semanas, decorrente, sobretudo, do corte da carga tributária — possível graças à aprovação da lei 194/2022 (teto do ICMS) e das mudanças na base de cálculo do imposto, por decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal, André Mendonça.

Uma das principais apostas de Bolsonaro, na tentativa de melhorar a popularidade de seu governo às vésperas das eleições, a desoneração dos combustíveis começou a dar resultado. O preço pago pelo consumidor brasileiro pela gasolina já é, hoje, mais baixo que a média mundial. O diesel, por outro lado, é mais caro que a média global.

De acordo com dados do Global Petrol Prices, site de pesquisa de mercado, o Brasil ocupa a 51ª posição no ranking da gasolina mais barata, entre os 169 mercados monitorados. O levantamento do Global Petrol Prices mostra que o litro da gasolina no Brasil, em dólar, custa na média US$ 1,149 — patamar 17,3% abaixo da média mundial.

Já o litro do diesel é negociado, no mercado doméstico, a US$ 1,451, valor 6,7% maior  que a média dos demais países. Nesse caso, o Brasil tem o 91º diesel mais barato do mundo, situado praticamente no meio da tabela.

Os dados mais recentes da Global Petrol Prices são de 8 de agosto e ainda não refletem, na íntegra, os efeitos das recentes baixas da Petrobras no diesel.

Os números, vale lembrar, não incluem a paridade de poder de compra, ou seja, não refletem os diferentes custos de vida nos países.