RIO — A Petrobras anunciou uma redução de 3,5%, na média, nos preços do diesel vendido pela companhia às distribuidoras. É a primeira vez que a companhia cortar os preços do derivado em 15 meses, nas refinarias.
A partir de amanhã (5/8), o preço do combustível da estatal cairá 20 centavos, de R$ 5,61 para R$ 5,41.
Considerada a mistura obrigatória de 90% de diesel fóssil e 10% de biodiesel para a composição do produto comercializado nos postos, a parcela da Petrobras no preço ao consumidor passará de R$ 5,05, em média, para R$ 4,87 a cada litro vendido na bomba, segundo a empresa.
Esta é a primeira redução dos preços do diesel da Petrobras sob a gestão de Caio Paes de Andrade — que assumiu o comando da estatal há menos de 40 dias.
Nesse período, a petroleira já reduziu duas vezes o preço da gasolina. Além disso, a partir deste mês, cortou:
- em 2,6% os preços do querosene de aviação (QAV);
- em 5,7% os preços da gasolina de aviação (GAV);
- e em 4,5% os preços do asfalto.
Nesses três últimos casos, tratam-se de ajustes mensais previstos em contrato com as distribuidoras.
Queda dos preços internacionais abriu espaço para ajuste
A Petrobras estava há 47 dias sem mexer nos preços do diesel. No último ajuste, em 18 de junho, havia aumentado em 14,25% o preço do derivado nas refinarias.
Em nota, a petroleira destacou que a redução do diesel “acompanha a evolução dos preços de referência, que se estabilizaram em patamar inferior para o diesel”. Ontem, o barril de petróleo do tipo Brent fechou o dia com queda de 3,73%, a US$ 96,78, por influência não somente do tímido aumento da produção anunciado pela Opep+, mas também do forte aumento das reservas dos EUA.
A Abicom, que representa os importadores privados de combustíveis, estima que a Petrobras havia fechado o dia, ontem, praticando preços 46 centavos (9%) acima da paridade de importação.
A queda recente dos preços dos combustíveis da Petrobras coincide com a desvalorização do petróleo, nas últimas semanas, mas também em meio à pressão do presidente Jair Bolsonaro para que a estatal reduza os seus preços, às vésperas das eleições.
Petrobras não via tendência de queda de preços
Na terça-feira (2/8), Bolsonaro afirmou que a desvalorização do Brent, para menos de US$ 100 nos últimos dias, era um “sinalizador de que você pode diminuir novamente o combustível na Petrobras, quem sabe o diesel”.
Na sexta (29/7), a Petrobras havia sinalizado que não via tendência de queda dos preços do derivado nos próximos meses, diante da aproximação do inverno no Hemisfério Norte — período em que os preços são pressionados pelo aumento do uso de derivados para calefação.
“A expectativa é de o diesel ficar nesse nível mesmo ou até mais forte. A menos que se confirme, por exemplo, uma forte recessão global, que não se configurou. Enxergamos hoje o mercado andando de lado, com reforço possível para o diesel no fim do ano”, afirmou diretor de comercialização e logística da Petrobras, Cláudio Mastella, a investidores na sexta.
O preço do diesel é uma pauta cara aos caminhoneiros — grupo de apoio ao presidente Bolsonaro.
Desde julho, os preços da gasolina começaram a cair no país, em função da redução de impostos e das recentes baixas promovidas pela Petrobras nas refinarias.
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O pacote de desoneração dos combustíveis, porém, não vinha sendo suficiente para baratear significativamente o diesel, em particular. Isso porque o derivado já estava com impostos federais zerados. Além disso, no caso do diesel, a alíquota do ICMS praticada pelos estados já era, em média, mais baixa que o teto.
O principal aceno do governo aos caminhoneiros, dentro do conjunto de medidas aprovadas no Congresso para recuperar a candidatura de Bolsonaro à reeleição, foi a criação do auxílio-caminhoneiro.
A redução dos preços do diesel da Petrobras acontece às vésperas do início do primeiro pagamento do auxílio, previsto para 9 de agosto.