Combustíveis e Bioenergia

Três semanas após troca no comando, Petrobras reduz preço da gasolina em 4,9%

Este é a primeira queda de preços nas refinarias da estatal desde dezembro de 2021

Três semanas após troca no comando, Petrobras reduz preço da gasolina em 4,9%. Na imagem, posse de Caio Paes de Andrade como presidente da Petrobras (Foto: Francisco Alves de Souza/Agência Petrobras)
A redução do preço da gasolina vendida pela Petrobras tende a reforçar o movimento de baixa dos preços do combustível nas bombas (Foto: Francisco Alves de Souza/Agência Petrobras)

RIO — A Petrobras anunciou nesta terça-feira uma redução de 4,9% no preço da gasolina vendida às distribuidoras. O ajuste é válido a partir de amanhã (20/7). O preço do diesel foi mantido inalterado.

Esta é a primeira vez que a estatal corta o preço da gasolina nas refinarias desde dezembro de 2021. A redução ocorre três semanas após Caio Paes de Andrade assumir a presidência da companhia, no lugar de José Mauro Coelho.

Com o ajuste anunciado, o preço médio de venda da Petrobras passará de R$ 4,06 para R$ 3,86 por litro, uma redução de 20 centavos por litro.

Considerando a mistura obrigatória de 73% de gasolina com 27% de etanol anidro na composição da gasolina comercializada nos postos, a parcela da Petrobras no preço ao consumidor passará de R$ 2,96, em média, para R$ 2,81 a cada litro vendido na bomba, segundo a estatal.

Em nota, a petroleira alegou que a redução acompanha a evolução dos preços internacionais de referência e que  mantém a busca do equilíbrio dos seus preços com o mercado global, mas sem repassar a “volatilidade conjuntural das cotações internacionais e da taxa de câmbio”.

A pressão sobre a Petrobras

Após a redução dos impostos sobre os derivados, Jair Bolsonaro e o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP/AL), vinham pressionando a Petrobras a reduzir os preços nas refinarias, diante da recente desvalorização do petróleo no mercado internacional — e da proximidade, claro, das eleições.

Lira vinha cobrando da Petrobras uma contrapartida pelo esforço do Congresso na aprovação do teto do ICMS, para reduzir os preços. Bolsonaro, por sua vez, cobrou recentemente da Petrobras a “quota de sacrifício” para a diminuição de sua margem de lucro, para baratear os preços dos combustíveis. Segundo ele, o presidente da Petrobras precisa entender que existe uma “Petrobras em tempos de paz e tem Petrobras em tempos de guerra”.

De fato, nas últimas semanas o petróleo se desvalorizou, sobretudo diante dos temores do mercado em relação a uma recessão mundial.

Desde o último reajuste da petroleira, ocorrido no dia 18 de junho, a cotação do barril do tipo Brent acumula uma queda de 6,5%. Na direção contrária, o dólar acumula, no mesmo período, uma alta da ordem de 4,6%.

Câmbio e petróleo são os dois itens que mais influenciam no comportamento dos preços dos combustíveis vendidos pela Petrobras nas refinarias.

A Abicom, que representa tradings privadas de derivados, estima que a estatal brasileira estava praticando, na abertura do mercado desta terça-feira (18/7) preços 30 centavos acima do preço de paridade de importação (PPI), para a gasolina. No caso do diesel, a diferença é de 28 centavos.

Restava saber qual seria a posição de Caio Paes de Andrade na velocidade do repasse da queda no mercado internacional.

Durante as gestões de José Mauro Coelho e Joaquim Silva e Luna, seus antecessores, a petroleira optou por não repassar imediatamente as variações internacionais, nos momentos de alta da commodity.

O histórico recente mostra que a estatal chegou a ficar mais de três meses sem mexer nos preços da gasolina. No último reajuste da estatal, em 18 de junho, a gasolina subiu 5,2% e o diesel, 14,25% nas refinarias. Na ocasião, a Petrobras estava há 39 dias sem reajustar o diesel e há 99 dias sem mexer nos valores da gasolina.

Gasolina mais barata, às vésperas da eleição

A redução do preço da gasolina vendida pela Petrobras tende a reforçar o movimento de baixa dos preços do combustível nas bombas.

Nas últimas três semanas, o preço médio da gasolina, nos postos, caiu 17,8%, de acordo com levantamento da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

A queda reflete, basicamente, três fatores:

  • a desoneração dos impostos federais da gasolina e etanol, zerados por meio da lei 194/2022;
  • a fixação do teto da alíquota de ICMS — de 17% a 18%, na maioria dos casos — sobre os combustíveis e energia elétrica, também prevista na lei 194/2022;
  • e a redução da base de cálculo do ICMS pelos estados, após decisão monocrática do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), André Mendonça — que determinou a cobrança do imposto sobre a média móvel de 60 meses para o diesel, gasolina e GLP.

Das três medidas, duas delas  — a desoneração dos impostos federais e a redução da base de cálculo do ICMS — são temporárias, com validade até o fim do ano, quando se encerra o atual mandato de Bolsonaro.

A pesquisa eleitoral mais recente da Genial/Quaest mostra que Bolsonaro continua sendo visto como o principal culpado pela alta dos preços dos combustíveis. Ao todo, 25% dos entrevistados entendem dessa forma. Na pesquisa anterior, de junho, o percentual era 28%.

O resultado das entrevistas foi divulgado no dia 6 de julho e reflete, portanto, apenas parcialmente a queda dos preços da gasolina das últimas semanas.

Para 52% dos entrevistados, Bolsonaro está fazendo menos do que deveria para derrubar os preços dos combustíveis — ante 42% que dizem que ele faz o que pode.

A pesquisa mostra, ainda, que a Petrobras é vista como a principal vilã por 20% das pessoas (ante 16% em junho). E que os estados são os grandes culpados para 13% dos entrevistados, ante 14% no mês anterior.

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