O presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, afirmou estar confinante de que a Petrobras receberá boas ofertas de arrendamento para as fábricas de fertilizantes da companhia localizadas na Bahia e em Sergipe. A data final para a apresentação de propostas é 11 de novembro.
Segundo o executivo, as Fafens davam prejuízo anual de cerca de R$ 200 milhões. “Tentamos vender, mas não apareceram compradores”, disse.
Ao todo, Proquigel Química, PJSC Acron e Formitex Empreendimentos e Participações ja demonstraram interesse em arrendar as fábricas.
Castello Branco criticou diversas vezes a gestão da empresas durante os anos de governos do PT e afirmou que a companhia, a maior da América Latina, chegou perto da falência. Disse também que o Comperj, no Rio, é um exemplo dos maus investimentos da Petrobras.
“Gastou-se quase US$ 15 bilhões para nada, para virar um cemitério”, disse.
O executivo participou de audiência na Comissão de Minas e Energia (CME) da Câmara dos Deputados sobre a saída da empresa de um prédio de escritórios em Salvador, a Torre Pituba, e de projetos no Nordeste.
Afirmou que não faz sentido para Petrobras investir em ativos como os da Bahia, que são campos maduros e de pequeno porte. E voltou a defender a decisão da empresa em focar nos seus ativos mais lucrativos no pré-sal.
Críticas à concentração no mercado de refino
Castello Branco também criticou a concentração do mercado de refino no país. Segundo ele, a intervenção constante do estado nos preços de combustíveis no país afastou sempre potenciais investidores.
A concentração de 98% do refino no Brasil nas mãos da Petrobras é “uma situação esquisita”, disse.”Ninguém quer investir num ativo em que o governo vai meter a mão no preço e gerar perdas”.
Para o Castello Branco, a tendência é que com a venda de cerca de 50% da capacidade de refino da Petrobras, surja um mercado mais dinâmico no setor, a exemplo do que está acontecendo no setor de exploração com o desinvestimento de campos pela empresa em áreas como o Nordeste. Segundo ele, no entanto, a baixa produtividade de campos no Nordeste não significa que a Petrobras saíra 100% da região.
“A Petrobras está fazendo nascer uma indústria de petróleo de pequenos e médios produtores. Isso é um fato histórico no Brasil. O mesmo vai acontecer na indústria de refino”, disse Castello Branco, que citou como caso de sucesso na política de desinvestimento a venda do campo de Azulão, no Amazonas, e que será usado pela Eneva para o fornecimento de energia ao estado de Roraima.
No final da audiência pública na CME, Castello Branco frisou que a privatização da Petrobras não está na mesa. “Não existe nenhum plano de privatizar a Petrobras. Esse fantasma, vez em quando alguém fala, mas não existe”, disse.
“Brasil tem preço competitivo de combustíveis”
As críticas de Castello Branco sobre a concentração no mercado de refino foram em linha com a fala da secretária adjunta de Petróleo, Gás Naturais e Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia (MME), Renata Isfer, na segunda audiência pública da qual o executivo participou no dia, dessa vez na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle, montada exatamente para debater a política de preços da companhia.
Para Renata Isfer, a concentração de quase 99% do mercado de refino na mão da Petrobras mostra que o mercado de refino no Brasil não era um mercado saudável.
Em sua fala, Castello Branco defendeu que o Brasil hoje tem preço competitivo para o diesel se comparado com outros países. “Comparado ao PIB per capta, o preço do diesel é relativamente baixo, inclusive em relação a alguns vizinhos”, disse.
O executivo ainda comentou a proposta de agentes do mercado de gás que defendem o enchimento fracionado de botijões. Ele lembrou que há opções mais viáveis no mercado. “você fala em fracionamento em botijão e ninguém presta atenção que há o botijão de 5 kg. As pessoas podem comprar o botijão de 5 kg”, disse.