A Petrobras negou nesta terça (9/5) a existência de uma negociação envolvendo troca de ações da refinaria de Mataripe, da Acelen, e da Braskem, petroquímica que recebeu uma proposta de compra da estatal Emirados Árabes, Adnoc.
“Não são verídicas as informações que a companhia [Petrobras] está discutindo parceria com o fundo Mubadala para trocar as ações da refinaria de Mataripe, na Bahia, por ações da Braskem”, informa em comunicado ao mercado.
A Acelen é uma empresa do fundo soberano dos Emirados Árabes, Mubadala.
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A Braskem confirmou oficialmente apenas que recebeu uma proposta não vinculante. Segundo diferentes veículos, há interesse de um consórcio formado pela Adnoc e a gestora Apollo (EUA) em comprar 100% da petroquímica brasileira.
A Braskem é controlada pela Novonor, com 47% das ações, em sociedade com a Petrobras (36%). O interesse da Adnoc está na expansão das atividades para as Américas, segundo o Valor Econômico.
A Petrobras nega, assim, que haja uma negociação paralela com Abu Dhabi envolvendo Braskem e a refinaria da Bahia, vendida aos árabes no governo de Jair Bolsonaro (PL).
Segundo o comunicado, a Petrobras “não está conduzindo nenhuma estruturação de operação de venda no mercado privado e que não participa das negociações mencionadas nas matérias divulgadas na mídia”.
“A Petrobras esclarece que todas as ações relacionadas à sua participação na Braskem exigem análise cuidadosa sob a perspectiva de gestão de portfólio e devem ser conduzidas com observância das práticas de governança e os procedimentos internos aplicáveis”.
Governo da Bahia oferece benefícios fiscais à Acelen
Em março, o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), assinou um acordo com a Mubadala que pode levar à concessão de benefícios fiscais à Acelen, como contrapartida por investimentos na refinaria de Mataripe. O protocolo fez parte da visita de Lula a Abu Dhabi.
A Acelen anunciou um plano de investimento de R$ 12 bilhões na planta para construção de novas unidades. Pretende produzir diesel renovável e combustível sustentável de aviação (SAF, na sigla em inglês), a partir de unidades de hidrotratamento de óleos vegetais e gordura animal – o HVO.
Produção voltada para exportação
Segundo a Acelen, inicialmente, a produção será voltada para exportação. “Caso o Brasil avance com as discussões já em curso a respeito de políticas de incentivo para a produção e consumo de combustíveis renováveis no país, a Acelen estará pronta para atuar no mercado interno também”, afirmou o CEO da empresa, Luiz de Mendonça.
O governo Lula dá continuidade aos estudos do Combustível do Futuro, programa criado pelo Ministério de Minas e Energia (MME) para propor políticas para o consumo de SAF pela aviação e outras medidas para descarbonização do transporte. Um projeto de lei será apresentado à Câmara dos Deputados.
Ano passado, o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) chegou a aprovar uma resolução para incluir novas rotas na mistura obrigatória de biodiesel, como o HVO o diesel coprocessado da Petrobras. No fim, o governo Bolsonaro (PL) recuou e a medida não foi editada.
“A partir desse investimento, a Bahia tem a perspectiva de se tornar, nos próximos anos, o maior exportador mundial do chamado “diesel verde” ou HVO (Hydrotreated Vegetable Oil)”, disse o governador Jerônimo Rodrigues.
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