RIO — A Petrobras estuda a substituição do hidrogênio fóssil usado nos processos de refino pelo de origem renovável, disse o diretor executivo de processos industriais e produtos, William França, em teleconferência com analistas na manhã desta sexta-feira (10/11).
“Usamos hidrogênio em larga escala, estamos falando de uma capacidade de 500 mil toneladas por ano. Nossa ideia é trocar a produção de hidrogênio, que hoje é por gás natural, por hidrogênio produzido a partir do biogás ou da [eletrólise] água”.
França ressaltou que a companhia está em conversa com diversas empresas nacionais sobre essa possibilidade e lembrou que a Petrobras tem um acordo com a Unigel para avaliar negócios conjuntos em hidrogênio verde.
Além disso, o executivo anunciou que a companhia estuda instalar células de geração solar fotovoltaica em quatro refinarias, de modo a reduzir as emissões no processo de refino.
A primeira unidade a receber o projeto será a Refinaria Gabriel Passos (Regap), em Betim, Região Metropolitana de Belo Horizonte. A previsão é de instalação de uma usina solar de 11 megawatts (MW) de capacidade nesta refinaria, com previsão de início de operação em 2025.
As outras três unidades em avaliação para receber o projeto são a Refinaria de Paulínia (Replan) e a Refinaria Henrique Lage (Revap), ambas em São Paulo, e a Refinaria Abreu e Lima (Rnest), em Pernambuco. Segundo França, existe a possibilidade inclusive de que a geração solar instalada nessas localidades ultrapasse a demanda das refinarias.
Descarbonização de produtos
Em relação aos esforços para a descarbonização dos produtos, o diretor ressaltou que a companhia tem duas refinarias que processam diesel com 5% de teor de renováveis (R5), a Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar) e a Refinaria Presidente Bernardes (RPBC).
Até o final do ano, esse produto vai passar a ser entregue também na Replan e na Refinaria Duque de Caxias (Reduc).
O executivo lembrou ainda que a Petrobras trabalha em parceria com a Ultra e a Braskem para transformar a Refinaria Riograndense, em Rio Grande (RS), em uma biorefinaria até 2026.
Questionado sobre a possibilidade de a Petrobras ampliar a atuação em biocombustíveis, o diretor executivo de transição energética Maurício Tolmasquim disse que a área “faz sentido” para a empresa.
“O Brasil tem uma vocação para a biomassa, tem muita terra disponível, uma radiação solar boa, muita água. Faz todo o sentido para o Brasil e para a Petrobras estar em combustíveis líquidos, porque já temos toda uma logística e infraestrutura para os líquidos derivados do petróleo”, afirmou.