RIO — A Petrobras e a Raízen assinaram um acordo para avaliar, em conjunto, potenciais negócios na área de biometano. As duas companhias vão estudar parcerias na produção, compra e venda do produto.
As partes também avaliarão em conjunto o desenvolvimento de soluções de logística de entrega do combustível renovável nas refinarias da estatal.
A Raízen produz o biometano a partir de resíduos da cana-de-açúcar (vinhaça e torta de filtro) e a Petrobras tem interesse no uso do combustível nas operações de seu parque de refino.
Em nota, a petroleira destacou que o produto integra uma nova geração de combustíveis sustentáveis (como o diesel com conteúdo renovável e o BioQAV), em linha com a estratégia de descarbonização e de desenvolvimento de “novas oportunidades de negócios com menor intensidade de carbono”.
De acordo com o presidente da Petrobras, José Mauro Coelho, o objetivo da parceria é identificar as melhores oportunidades para desenvolver uma “nova frente de descarbonização” das atividades da petroleira.
“Esse projeto é uma oportunidade de conectar a produção de biometano renovável com a produção de combustíveis e produtos de refino de alta qualidade que, dessa forma, serão obtidos com menores emissões de carbono”, afirmou o presidente da Petrobras, José Mauro Coelho, em nota à imprensa.
Biometano é o nome dado ao combustível renovável produzido a partir da purificação do biogás, produzido, na indústria sucroalcooleira, a partir de material orgânico residual (vinhaça e torta de filtro da cana-de-açúcar) proveniente do processo de cultivo e processamento da cana.
Raízen quer produzir biogás em todas as usinas
A Raízen espera construir unidades de produção de biogás em todas as suas 35 usinas sucroalcooleiras, nos próximos dez anos. A expectativa da companhia é que as plantas sejam capazes de produzir 3 milhões de metros cúbicos diários (m³/dia) do combustível, a partir de resíduos da cana.
A ideia é viabilizar os projetos por meio da joint venture Raízen Geo Biogás S.A, fruto da parceria da empresa com a Geo Biogás & Tech.
A estratégia da companhia para o biogás está focada na produção de biometano para substituição dos combustíveis fósseis em indústrias e veículos. A empresa espera se aproveitar da proximidade das plantas da Raízen com os gasodutos para facilitar a monetização.
Em abril, a Raízen Geo Biogás anunciou a construção de sua primeira planta dedicada à produção de biometano. Com investimentos de cerca de R$ 300 milhões, a unidade será instalada anexa ao Parque de Bioenergia Costa Pinto, em Piracicaba (SP), onde a Raízen já opera a planta de etanol de segunda geração (2G).
Para aprofundar
- Selo verde e transferência de CBIOs: as propostas da Arsesp para o mercado de biometano
- Economia tem mais de 40 propostas para biometano no Combustível do Futuro
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A inauguração da unidade de biometano está prevista para 2023. O empreendimento terá capacidade de produção de 26 milhões m³/ano do gás natural renovável. O volume será comercializado para a Yara Brasil Fertilizantes e para a Volkswagen do Brasil, em contratos de longo prazo.
Em 2020, a Raízen Geo Biogás negociou a sua primeira termelétrica a biogás num leilão de energia. O empreendimento, localizado em Guariba (SP), é uma das maiores plantas de biogás do mundo, com 21 MW de capacidade instalada.