Petróleo e Gás

Petrobras e BNDES vão aguardar decisão de Lula sobre a Braskem, diz Mercadante 

“Estamos trabalhando, fazendo análise, mas a gente pode se mover tanto para um lado quanto para o outro”, disse Prates

Petrobras e BNDES vão aguardar decisão de Lula sobre a Braskem, diz Mercadante. Na imagem: Os presidentes do BNDES, Aloizio Mercadante, e da Petrobras, Jean Paul Prates, em coletiva para divulgar Acordo de Cooperação Técnica que institui a Comissão Mista BNDES-Petrobras, na sede do BNDES (Rio de Janeiro), em 22/06/2023 (Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil)
Os presidentes do BNDES, Aloizio Mercadante, e da Petrobras, Jean Paul Prates, em coletiva para divulgar Acordo de Cooperação Técnica que institui a Comissão Mista BNDES-Petrobras (Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil)

RIO – A definição sobre um eventual aumento de participação estatal na Braskem por meio da Petrobras ou do BNDES vai partir do presidente Lula, indicou o presidente do banco, Aloizio Mercadante.

“Petrobras e BNDES vão aguardar juntos decisão do presidente Lula sobre a Braskem”, disse a jornalistas em entrevista coletiva na tarde de quinta-feira (22) junto ao presidente da Petrobras, Jean Paul Prates.

O BNDES é credor da Braskem. Já a Petrobras detém hoje na petroquímica uma participação de 36% no capital total, em parceria com a Novonor, que está se desfazendo de sua parcela.

A Petrobras tem direito de preferência para adquirir a parcela da parceira.

“Estamos trabalhando, fazendo análise, mas a gente pode se mover tanto para um lado quanto para o outro”, disse Prates.

A Unipar já demonstrou interesse em adquirir o controle da Braskem. Um consórcio entre a gestora americana Apollo e a Adnoc, petroleira estatal de Abu Dhabi, também fez uma oferta esse ano pelo pelo controle da petroquímica.

Na semana passada, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD) disse que a preferência do governo é que a Petrobras mantenha uma participação na Braskem.

Petrobras e BNDES assinaram na tarde de hoje um acordo de cooperação para a criação de uma comissão mista com duração de dois anos para estudos e planejamento nas áreas de transição energética, descarbonização, governança, desenvolvimento produtivo e inovação.

Direito de preferência dá conforto à Petrobras

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, já havia afirmado esse mês que o direito de preferência pelas ações da Braskem deixa a companhia confortável em meio às tentativas de compra da petroquímica, detida em sociedade com a Novonor.

O executivo afirmou também que a Petrobras está trabalhando internamente no caso. Em nota, a companhia afirmou ontem que nenhuma decisão foi tomada sobre permanecer, sair ou assumir a participação da Novonor.

“Nós temos direito de preferência e estamos confortáveis diante dessa posição. Vamos analisar tudo o que está acontecendo, mas não podemos dizer nada nesse caso, justamente porque gera muita especulação”, afirmou em Brasília. “A gente tem mantido uma posição inerte por enquanto, embora internamente a gente esteja trabalhando.”

Disputa pelas ações da Braskem

A Unipar tem interesse em ser sócia da Petrobras na Braskem, segundo o Valor. A proposta pela parcela da Novonor tem “flexibilidade”, diz o jornal, citando fontes da negociação.

No Estadão, por sua vez, a notícia é que a Petrobras avalia cobrir a oferta da Unipar, de R$ 10 bilhões em dinheiro, para ficar com o controle Braskem.

Além de afirmar que nenhuma decisão foi tomada, a Petrobras disse que a atuação no setor petroquímico é um dos elementos do plano estratégico 2024-2028.

Em maio, a Braskem confirmou que sua controladora, a Novonor, recebeu uma proposta não vinculante pela petroquímica – uma sociedade com a Petrobras.

Oferta R$ 37,5 bilhões por 100% da Braskem, feita em consórcio pela gestora americana Apollo e a Adnoc, petroleira estatal de Abu Dhabi, segundo diferentes veículos. Valor não é confirmado oficialmente.

A Braskem encaixa-se no plano de internacionalização da Adnoc, que decidiu acelerar a produção de suas reservas de óleo e gás nos Emirados Árabes Unidos e aumentar investimentos globais em gás natural, produtos químicos e energias renováveis.

Em 2022, a companhia árabe anunciou um plano de investimento de US$ 150 bilhões em cinco anos. A meta é antecipar, de 2030 para 2027, a meta de produção de 5 milhões de barris/dia de petróleo – e se tornar net zero até 2050, segundo a Bloomberg.