RIO – A Petrobras desistiu de vender o Polo Bahia Terra, conjunto de campos terrestres de óleo e gás que estava em negociações com o consórcio PetroReconcavo/Eneva.
A estatal também anunciou nesta segunda (4/9) que o Polo Urucu (AM), o campo offshore de gás natural de Manati (BA) e a Petrobras Operaciones S.A. (subsidiária da companhia na Argentina) também não serão mais vendidos.
Por outro lado, a petroleira manteve os desinvestimentos de suas termelétricas a óleo combustível: 20% na sociedade Brasympe, proprietária da UTE Termocabo (PE), e 20% na UTE Suape II (PE).
A Petrobras também seguirá com a alienação de sua fatia de 18,8% na UEG Araucária S.A., térmica a gás natural no Paraná.
O novo posicionamento da Petrobras ocorre após sinalizações recentes da estatal de que, mesmo após frear o programa de venda de ativos da gestão passada, ainda havia espaço para a venda de ativos para as petroleiras independentes e de menor porte.
“Chega um determinado momento em que ou você desinveste ou leva até o final e se responsabiliza”, disse o diretor de Exploração e Produção da Petrobras, Joelson Falcão Mendes, em agosto. “A gente não está de portas fechadas de forma nenhuma”, complementou.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, também fez sinalizações nessa linha. Em julho, chegou a dizer que é preciso “fugir dos tabus”.
A companhia havia interrompido, em fevereiro, o seu programa de desinvestimentos, para reavaliação de sua estratégia.
A companhia manteve, nos últimos meses, os negócios cujos contratos já haviam sido celebrados nas gestões anteriores, mas suspendeu os processos de todos os demais ativos que não tinham atingido a etapa de assinatura dos contratos de venda.
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Petrobras diz que buscará repor reservas com rentabilidade
Ao comentar sobre a decisão de encerrar dos desinvestimentos em exploração e produção, a Petrobras destacou que buscará “maximizar o valor do portfólio com foco em ativos rentáveis, repor as reservas de óleo e gás, inclusive com a exploração de novas fronteiras, aumentar a oferta de gás natural e promover a descarbonização das operações”.
A empresa informou ainda que a permanência dos demais ativos de E&P no portfólio da companhia será “reavaliada periodicamente com base em premissas atualizadas de rentabilidade, aderência estratégica, oportunidades de descarbonização e estágio de sua vida produtiva”.
A Petrobras tem uma série de desinvestimentos abertos, em diferentes estados de maturidade, na área de E&P. A lista inclui, entre os desinvestimentos em fase vinculante:
- Campos de óleo e gás no Golfo do México;
- Campos em águas rasas e profundas no Ceará e Rio de Janeiro;
- Campos Uruguá e Tambaú, em águas profundas na Bacia de Santos;
As idas e vindas da venda de Bahia Terra
O Polo Bahia Terra (Bacias do Recôncavo e Tucano) compreende 28 concessões de produção terrestres, localizadas em diferentes municípios da Bahia e acesso à infraestrutura de processamento, logística, armazenamento, transporte e escoamento de petróleo e gás natural.
A negociação do Polo Bahia Terra foi uma decisão das gestões passadas da Petrobras. O processo de desinvestimento do ativo foi oficialmente lançado em 2020, sob a administração de Roberto Castello Branco.
As negociações com a PetroReconcavo/Eneva seguem desde, pelo menos, março de 2022, quando a Petrobras informou ter recebido oferta vinculante do consórcio, “dentre outras ofertas, que serão analisadas”.
Inicialmente, a Petrobras havia recebido uma proposta superior a US$ 1,5 bilhão do consórcio formado pela Aguila Energia e Participações e Infra Construtora e Serviços, mas as negociações não tiveram êxito e uma nova rodada para recebimento de ofertas foi aberta.
A Petrobras alegou, na ocasião, que desclassificou a Aguila porque a concorrente não comprovou lastro financeiro dentro dos prazos definidos em edital. A Aguila chegou a iniciar uma arbitragem.
Com a troca de governo e mudança na gestão da estatal, o desinvestimento foi suspenso para reavaliação.
Nas últimas semanas, a PetroReconcavo chegou a informar que mantinha “conversas preliminares” com a Petrobras sobre uma possível renegociação do ativo, em moldes diferentes do inicialmente previsto – incluindo uma possível parceria estratégica.
“Aventou-se a possibilidade de uma parceria e estamos em conversas preliminares sobre isso. Mas elas têm ocorrido e creio que [a parceria estratégica] faz sentido para Petrobras, para a PetroReconcavo e para a Bahia”, diz o executivo.