Combustíveis e Bioenergia

Petrobras: debate sobre preços de combustíveis será racional, diz diretor

Claudio Schlosser diz que o parâmetro principal no debate será a preservação de valor para a empresa, mas que a companhia "não vai perder clientes"

Com dividendos e redução da gasolina, Petrobras põe dois pés na eleição. Na imagem, tanques na Repar, no Paraná (Foto: André Motta de Souza/Agência Petrobras)
Tanques na Repar, no Paraná (Foto: André Motta de Souza/Agência Petrobras)

RIO — O diretor de Logística, Comercialização e Mercados da Petrobras, Claudio Schlosser, afirmou nesta quinta-feira (12/5) que a empresa assumirá uma postura “racional” na discussão sobre mudanças na política de preços de combustíveis. Segundo ele, o parâmetro principal no debate será a preservação de valor para a empresa, mas que a companhia “não vai perder clientes”.

“Isso [preservação de valor] é necessário para fazer frente a todos os investimentos que temos pela frente, como a transição energética e a adequação do parque de refino”, disse, durante teleconferência com analistas e investidores.

Ele reforçou também que as alterações em debate dizem respeito à estratégia comercial da empresa, e não à política de preços nacional — que cabe ao governo.

“A Petrobras vai buscar com sua estratégia comercial ser cada vez mais competitiva para seus clientes”, disse.

O executivo ressaltou ainda que a estatal “não vai perder clientes”.

“Quando a Petrobras representar a melhor alternativa para o cliente e o cliente representar a melhor alternativa para a Petrobras, não vamos perder esse cliente”, concluiu.

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, é crítico do alinhamento ao preço de paridade de importação PPI, mas tem dito que a empresa não pretende se desassociar completamente do comportamento dos preços internacionais.

“Já expliquei várias vezes que vamos praticar o preço do mercado brasileiro e, sempre que pudermos um preço mais barato para vender para o nosso cliente, para o nosso consumidor brasileiro, nós vamos fazer”, afirmou o presidente da Petrobras, em março.

“Eu não aceito o dogma do PPI, aceito a referência internacional e com preço de mercado de acordo com nosso cliente. Quem paga bem recebe desconto, quem está perto recebe de um jeito…é a política de empresa”, disse o executivo, na mesma ocasião, após participar de evento no Rio de Janeiro.

Recompra de ações alinha Petrobras a pares globais

O diretor financeiro e de relacionamento com investidores da Petrobras, Sérgio Leite, por sua vez, comentou sobre a possível criação de uma estratégia de recompra de ações.

O CFO disse que o objetivo é “alinhar a Petrobras com suas congêneres”.

“Grandes companhias globais incluem a recompra de ações em suas políticas”, afirmou.

Ontem, na primeira reunião com os membros eleitos por indicação do governo Lula, o conselho de administração da Petrobras incluiu na agenda da companhia a criação de uma estratégia de recompra de ações.

Grandes multinacionais do setor têm programas do tipo e elevaram em bilhões de dólares os ganhos destinados à aquisição das próprias ações.

Estão nesse grupo majors como bp, Chevron, ExxonMobil, Shell and TotalEnergies, com lucros expressivos em 2022, em razão da inflação global das commodities.

Petrobras reitera que honrará contratos assinados

Leite também reforçou que a companhia vai honrar os contratos de vendas de ativos que foram assinados.

“Estamos reavaliando os processos que não tiveram contratos assinados”, esclareceu em teleconferência.

No começo de março, a Petrobras interrompeu a venda de ativos a pedido do Ministério de Minas e Energia (MME). O atual governo é contra os desinvestimentos, que começaram em 2015, ainda no governo de Dilma Rousseff (PT), e se intensificaram nos governos Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (PL).

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