Combustíveis e Bioenergia

Petrobras assina acordo com controladora da refinaria da Bahia

Memorando com a Mubadala Capital prevê estudos para investimentos conjuntos em biorrefino

Petrobras assina acordo com Mubadala, controlador da Acelen, dona da refinaria de Mataripe, na Bahia. Na imagem: Presidente Jean Paul Prates e o vice-CEO do grupo Mubadala, Waleed Al Mokarrab Al Muhairi, assinam memorando de entendimentos em Abu Dhabi (Foto: Divulgação)
Presidente Jean Paul Prates e o vice-CEO do grupo Mubadala, Waleed Al Mokarrab Al Muhairi, assinam memorando de entendimentos em Abu Dhabi (Foto: Divulgação)

A Petrobras confirmou nesta segunda (4/9) a assinatura de um acordo para avaliar o investimento conjunto com o grupo Mubadala, controlador da Acelen, dona da refinaria de Mataripe, na Bahia.

A possível parceria foi antecipada pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, no domingo (3/9). Ele também defendeu a recompra de Mataripe pela Petrobras, privatizada no governo Bolsonaro.

O memorando de entendimentos (MOU) foi assinado entre o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, e o vice-CEO do grupo Mubadala, Waleed Al Mokarrab Al Muhairi, em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes.

“O grupo Mubadala Capital está em processo de desenvolvimento de projeto de uma biorrefinaria integrada na Bahia, com foco na produção de diesel renovável e querosene de aviação sustentável”, diz a Petrobras. “O documento visa apoiar a participação da Petrobras em projetos de biorrefino”

Ministro defende recompra da refinaria da Bahia

Na nota publicada pelo MME no domingo (3), o ministro Alexandre Silveira defende a parceria da Petrobras com Acelen para desenvolver o projeto de biorrefino e afirma que a venda de Mataripe (antiga RLAM), foi um erro e deve ser recomprada pela Petrobras.

“Entendemos do ponto de vista da segurança energética e da nova geopolítica do setor de petróleo e gás, respeitadas as regras de governança da Companhia, que a Petrobras deve avaliar recomprar a RLAM”, diz o ministro.

Ele cita o fim do PPI. A Petrobras deixou de perseguir, oficialmente, a paridade com os preços de importação da gasolina e do diesel. Desde a privatização da refinaria da Bahia, o combustível fornecido pela Acelen tem registrado preços mais elevados que o da Petrobras.

“O povo baiano e sergipano tem pago preços de combustíveis mais caros do que em regiões de influência das refinarias cujo controle é da Petrobras”, diz Silveira, na nota.

Projeto de biorrefino foi incluído no PAC

Em abril, a Acelen anunciou a intenção de investir R$ 12 bilhões em um projeto de biorrefino na Bahia. A iniciativa foi incluída no novo PAC e é o maior investimento na área de biocombustíveis.

À época, foi assinado um memorando com o governador Jerônimo Rodrigues (PT), que prevê a possibilidade de concessão de incentivos fiscais, segundo informou o governo.

A ideia é produzir diesel renovável, a partir de biomassa, e bioquerosene de aviação (ou SAF, combustível sustentável de aviação). O projeto prevê, futuramente, o investimento no cultivo de macaúba, para produção de óleo vegetal.

“Este projeto reforça o papel do Brasil como fornecedor estratégico de combustíveis renováveis, capitalizando os recursos naturais abundantes presentes no país”, diz a Petrobras nesta segunda (4/9).

Jean Paul Prates cita a experiência da companhia na produção de diesel coprocessado com óleo vegetal, rota alternativa de produção de diesel com biomassa desenvolvida pela Petrobras – o HBIO.

“Estamos animados para disponibilizar nosso conhecimento técnico em coprocessamento e explorar conjuntamente as oportunidades de investimento neste projeto, que, acreditamos, irá diversificar ainda mais o portfólio da Petrobras e contribuir para o nosso objetivo de neutralizar as emissões da companhia até 2050”, disse Prates, em nota.

Parceiros asiáticos e o novo Brics+

Uma comitiva formada por Jean Paul Prates e executivos da Petrobras concluiu uma viagem à China e Oriente Médio, quando foram assinados, no total, sete acordos para avaliar investimentos conjuntos.

A viagem ocorreu na esteira da reunião do Brics+, que marcou o início dos trabalhos bilaterais para a expansão do grupo, que tem interesses comuns na área de energia.

Os seis novos membros – Argentina, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Irã – devem se juntar ao grupo formado inicialmente por Brasil, Rússia, Índia, China e África a partir de 1º de janeiro de 2024.

Além da Mubadala, os termos foram fechados com a Sinopec, China Energy, CNOOC e Citic Construction e também com Bank of China e China Development Bank, entidades e empresas da China.

Os diretores Joelson Mendes (Exploração & Produção) e Maurício Tolmasquim (Transição Energética e Sustentabilidade) participaram da viagem.

“Os MOUs são direcionados a estudos de possíveis negócios e projetos nas áreas de exploração e produção, transição energética, refino, petroquímica, energia renovável, hidrogênio, amônia, captura de carbono e biocombustíveis”, diz a Petrobras.