A Petrobras informou nesta quarta (21/12) que iniciou a produção da plataforma P-71, em Itapu, no pré-sal da Bacia de Santos. É a primeira plataforma a produzir no campo, que é operado pela estatal sob contratos de cessão onerosa e partilha da produção.
A plataforma P-71 tem capacidade para produzir até 150 mil barris/dia de petróleo e 6 milhões de m³ de gás, além de armazenar até 1,6 milhão de barris de óleo.
“Conseguimos antecipar a produção da plataforma P-71, que estava originalmente prevista para 2023. Vamos conseguir antecipar também o ramp-up (evolução da produção), o que é uma excelente notícia não só para a Petrobras como para o país, que receberá mais cedo os royalties desta produção”, destaca o diretor de Desenvolvimento da Produção da Petrobras, João Henrique Rittershaussen.
O último replicante
A P-71 faz parte de um pacote, inicialmente, de oito FPSOs padronizados — e por isso chamados de replicantes -contratados pela Petrobras com alto percentual de conteúdo local em estaleiros brasileiros. As unidades foram projetadas, todas elas, com 150 mil barris/dia de capacidade de produção de petróleo e 6 milhões de m³/dia, de compressão de gás natural, para operar em campos do pré-sal.
Após uma série de problemas, inclusive a crise desencadeada com a Operação Lava Jato, parte das obras foi para o exterior e duas unidades (P-72 e P-73) tiveram seus contratos cancelados. Elas também seriam construídas no Brasil, pela Ecovix. Com isso, a P-71 é o último FPSO replicante da Petrobras.
No início de 2018, a Petrobras fechou com o estaleiro chinês CIMC Raffles contrato para a conversão do casco do FPSO P-71, à época, prevista para campo de Sururu, na Bacia de Santos — o projeto está fora do atual plano de negócios da petroleira. A licitação para conversão do casco foi realizada no fim de 2017. A integração da unidade está contratada com Estaleiro Jurong Aracruz, no Espírito Santo.
O casco do FPSO foi inicialmente contratado pela Petrobras com a Ecovix, que venceu a licitação para fazer os oito cascos das plataformas replicantes do pré-sal mas acabou enfrentando diversos problemas financeiros e também teve antigos sócios presos pela Operação Lava Jato. A estatal cancelou o contrato para a construção do casco, que já havia sido iniciada e indicou a venda dos blocos já construídos como sucata.
Para aprofundar:
- Casco para o FPSO P-71 contratado na China
- Petrobras avalia situação dos módulos do FPSO P-71, após naufrágio parcial em SC
- Marinha localiza módulos da P-71 no fundo do mar em Santa Catarina
As sete lições dos replicantes
A Petrobras incorporou na contratação das plataformas P-78 e P-79, unidades próprias da empresa, sete pontos que mais impactaram os andamentos dos projetos das primeiras plataformas do pré-sal, os FPSOs replicantes. A empresa criou uma estratégia baseada em três pilares que servem de base para a melhoria da contração das unidades de produção.
Os FPSOs replicantes foram as primeiras plataformas contratadas pela Petrobras para produzir petróleo no pré-sal da Bacia de Santos.
São chamados replicantes porque tiveram seus projetos reproduzidos e padronizados. Mas uma parte das empresas acabou envolvida na operação Lava Jato, tiveram problemas de caixa, geraram atrasos e cancelamentos no projetos. A Petrobras acabou tendo que relicitar diversas etapas das obras.
Concentrar muitos projetos na mesma empresa, algumas sem porte econômico, ao mesmo tempo em que houve uma contratação excessiva de empresas envolvidas na entrega de partes de um mesmo contrato são erros que precisam ser corrigidos para minimizar os riscos dos projetos, afirmou o então diretor de Desenvolvimento da Produção da Petrobras, Rudimar Lorenzatto, em entrevista à agência epbr em 16 de setembro de 2020.