O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, e o presidente da Bolívia, Luis Arce, discutiram investimentos em exploração de gás e petróleo na América do Sul nesta terça (30/5).
O encontro ocorreu durante a reunião de líderes dos países da América do Sul, realizada no Palácio do Itamaraty, em Brasília.
Jean Paul Prates expressou o interesse da Petrobras em explorar novos negócios na área de gás natural, segundo assessoria da companhia. Ele enfatizou a importância de empresas como a Petrobras e a YPFB, de controle estatal, para a transição energética global.
“Estamos preparando a Petrobras para uma nova fase em refino. Queremos revisitar países vizinhos, como Bolívia, Venezuela e Guiana, e debater alguns pontos como os termos contratuais, novas potencialidades de exploração de gás e a preparação das empresas para a transição energética”, disse Prates.
Em abril, Prates já havia afirmado que a companhia tem interesse em discutir eventuais parcerias com a Bolívia, para exploração de novas reservas de gás natural no país vizinho.
Ele destacou que o gás boliviano é uma fonte “muito importante” para o mercado brasileiro e que “não é cara”.
“Temos potencial e possibilidade de ajudar nossos companheiros bolivianos a entender por que a queda da produção se deu. Provavelmente, falta capacidade de financiamento”.
O presidente da Bolívia, Luis Arce, considerou a reunião como um sinal do novo tratamento que a Petrobras e o governo brasileiro estão dando ao país, segundo a nota. Ele afirmou que a Bolívia está pronta para colaborar e buscar soluções conjuntas para os dois países.
Jean Paul Prates e o presidente da Bolívia, Luiz Arce, terão uma nova reunião no segundo semestre, na Bolívia, com data a definir, para discutir os acordos comerciais entre os países.
A reunião também contou com a presença do Diretor Executivo de Exploração e Produção da Petrobras, Joelson Falcão, e do Gerente-Executivo de Relações Institucionais, João Paulo Madruga.
Bolívia está atrás de gás
A dificuldade do país vizinho em repor reservas preocupa parte do mercado brasileiro. Em janeiro, a Wood Mackenzie publicou um relatório sobre a falta de sucesso exploratório recente do país e que projeta um declínio da produção mais rápido do que o esperado.
A consultoria estima que o Brasil pode não dispor mais de gás boliviano ao fim da década. E que a Bolívia, hoje grande exportadora, pode passar a importar gás.
O cenário não é um consenso. A Gas Energy também prevê um declínio na produção da Bolívia, mas estima que o país, mesmo sem novas descobertas, ainda tem gás suficiente para o consumo interno e para manter parte das exportações.
A estatal boliviana YPFB anunciou que investirá US$ 324 milhões, este ano, em exploração. O objetivo é repor reservas do energético.
A YPFB nega que faltará gás e promete um dos investimentos “mais altos da sua história” em exploração.
“Afirmar que estamos ficando sem gás é uma avaliação incorreta. Embora haja um declínio natural na produção, que se iniciou em 2015 e 2016, esta situação está se revertendo com a perfuração de novos poços”, disse o presidente da estatal boliviana, Armin Dorgathen, em janeiro.
O Plano de Reativação de Upstream (PRU) da YPFB prevê 32 projetos exploratórios.
Argentina se aproxima da Bolívia
No início deste mês, foi a vez da argentina YPF se associar à YPFB. As empresas firmaram uma parceria para perfurar o poço Charagua X-1 no final deste ano.
O potencial desse projeto supera 1 trilhão de pés cúbicos (TCF) de gás e que exigirá o investimento de US$ 50 milhões na primeira fase, segundo a estatal boliviana.
A YPFB vem recorrendo a parcerias para explorar o gás no país.
Além da YPF, a boliviana celebrou, este ano, novos Contratos de Serviços Petrolíferos (CSP) com a Canacol Energy Colombia e a Vintage Petroleum Boliviana para exploração e produção.