RIO – A Petrobras considera a possibilidade de recorrer a plataformas próprias para levar adiante o projeto de produção em Sergipe Águas Profundas (SEAP), indicou o diretor executivo de Engenharia, Tecnologia e Inovação, Carlos Travassos. O executivo confirmou que a estatal vai concretizar o projeto mesmo que as propostas da licitação para afretamento das plataformas para a região não sejam viáveis.
“Se não tivermos êxito, vamos partir para unidades próprias, operadas pela Petrobras”, disse o executivo na manhã desta terça-feira (12/3), durante o Sergipe Day, na Fundação Getúlio Vargas (FGV), no Rio de Janeiro.
O diretor admitiu, entretanto, que a eventual decisão por unidades próprias afetaria o cronograma dos projetos e pode atrasar a entrada em produção. A Petrobras já está trabalhando na engenharia básica para um eventual FPSO próprio.
“A tendência é que uma unidade própria demande mais tempo que uma afretada”, disse Travassos a jornalistas.
Por outro lado, ele afirmou que uma unidade própria pode trazer vantagens que levem o projeto a frente.
“São outros desafios, mas a gente teria muito mais controle sobre o processo”, acrescentou.
Sem estimativa de custo
Segundo ele, não é possível estimar se os projetos próprios teriam um custo maior do que os afretados.
“É um processo interno em que olhamos o mercado, tempo de implantação e o custo do ativo. Não necessariamente uma unidade própria é mais cara que a afretada”, disse.
No momento, a Petrobras conduz uma licitação para a contratação conjunta das duas plataformas previstas para produzir na região, no modelo de afretamento. As unidades terão capacidade para produzir 120 mil barris/dia cada e devem entrar em operação a partir de 2028. A empresa prevê R$ 40 bilhões em investimentos para o primeiro FPSO e R$ 60 bilhões para a segunda unidade.
Os processos de contratação já precisaram ser estendidos duas vezes, devido sobretudo às dificuldades de financiamento das proponentes. A previsão é de apresentação de propostas em junho.
Segundo Travassos, o cenário de dificuldade de contratação está ligado também à complexidade do projeto, em águas profundas, entre outros fatores.
“Esse é um fenômeno que está ocorrendo no mundo inteiro, seja pela transição energética, seja pela dificuldade de acesso a financiamento das empresas afretadoras”, disse.
Decisão no segundo semestre
A decisão final de investimento está prevista para o segundo semestre de 2024. Apesar de a região ter campos de gás não associado, o diretor confirmou que a viabilidade do projeto sergipano depende da produção de petróleo. Travassos também afirmou que são necessárias as duas plataformas para viabilizar a construção do gasoduto.
O pico de produção em SEAP está previsto para ocorrer entre 2030 e 2035, com extração de 240 mil barris/dia de petróleo e 22 milhões de metros cúbicos por dia de gás natural. Ao todo, a Petrobras já investiu R$ 9 bilhões nas atividades em águas profundas em Sergipe e Alagoas.
Travassos reforçou ainda que a presença da Petrobras em Sergipe é importante para os planos exploratórios futuros da empresa, inclusive na Margem Equatorial.
“A Petrobras voltou de forma forte ao Sergipe. Para nós, é importante ter uma base forte ali, inclusive para a Margem Equatorial”, disse.
Descomissionamento
A Petrobras vai descomissionar 26 plataformas em águas rasas em Sergipe nos próximos anos. Ao todo, a estatal vai destacar US$ 1,6 bilhão para essa atividade no estado.
Travassos destacou que esse cenário é uma oportunidade de demanda para a indústria local. Segundo ele, os estaleiros nacionais tendem a ser mais competitivos para atender a essa demanda, pois estão aptos para responder às condições de destinação exigidas pela Petrobras.
“Não estou dizendo que isso é a solução para a indústria nacional, mas é uma oportunidade”, disse.