BERLIM – A Petrobras mantém conversas com grandes siderúrgicas para explorar o uso do hidrogênio de baixo carbono como forma de descarbonizar as operações dessas indústrias na produção de aço, conforme destacou o diretor de Transição Energética da companhia, Mauricio Tolmasquim.
“Estamos conversando com alguns potenciais clientes, sobretudo indústrias siderúrgicas”, disse durante seminário realizado na Câmara dos Deputados, na terça-feira (13/8).
“De repente começar com gás e passar para o hidrogênio. Temos conversado e as conversas estão indo muito bem”, revelou Tolmasquim.
Ele mencionou que a Petrobras já assinou memorandos de entendimento com parceiros como Mitsui, ArcelorMittal, Vale, Energy China, Casa dos Ventos e European Energy, para projetos de hidrogênio em diferentes estágios de desenvolvimento.
Incentivos fiscais podem destravar mercado
Um dos desafios para destravar os projetos, segundo o diretor da Petrobras, é a diferença de preço entre o hidrogênio de baixo carbono e as expectativas dos consumidores.
Nesse contexto, Tolmasquim destacou a importância da nova lei de incentivos para a produção de hidrogênio, que pode ajudar a reduzir essa lacuna de preços, tornando o hidrogênio competitivo e acessível para os consumidores.
“O grande mérito dessa lei é que ela ajuda a diminuir esse hiato entre o consumidor e o produtor. Ajuda a ficarmos mais próximos nessa negociação do nosso cliente, porque a gente hoje tem uma diferença ali de preço”, afirmou.
Nesta semana, a Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei 3.027/2024, que concede créditos fiscais no montante de R$ 18,3 bilhões, a serem distribuídos entre 2028 e 2032 para projetos de produção de hidrogênio. O texto agora segue para apreciação no Senado.
Projetos de hidrogênio da Petrobras
A Petrobras está investindo em projetos próprios, incluindo uma usina piloto no Rio Grande do Norte, com capacidade de 2 megawatts, para estudar o processo de produção de hidrogênio.
A empresa também está desenvolvendo um projeto para produzir hidrogênio azul, que envolve a captura de CO2 durante a produção de hidrogênio a partir da reforma do gás natural.
A ideia é criar hubs de captura de CO2 perto da costa, utilizando formações geológicas salinas, para capturar CO2 não apenas da Petrobras, mas também de clientes.
Tolmasquim também destacou a possibilidade de utilizar instalações da companhia no Rio de Janeiro, como a Refinaria Duque de Caxias (Reduc), na produção de hidrogênio azul.
“Com isso, a gente pode capturar CO2, não apenas da Petrobras, mas vender serviço a clientes. Mas o mais importante, no Rio de Janeiro, temos a Reduc, tem UPGN, então temos condição de capturar o CO2 produzido na produção do hidrogênio e, com isso termos o hidrogênio de baixo carbono”, explicou o diretor.
Demanda nas próximas décadas
Tolmasquim ressaltou que 70% do custo do hidrogênio verde – produzido a partir da eletrólise – está relacionado à energia, e o Brasil é um dos países mais bem posicionados para oferecer energia renovável de baixo custo, podendo inclusive ser o país com o menor custo de produção de hidrogênio verde, e potencialmente mais barato do que o hidrogênio cinza.
Segundo ele, as projeções da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) indicam uma demanda mundial significativa para o hidrogênio nas próximas décadas.
De acordo com a IEA, se os países cumprirem seus compromissos do Acordo de Paris, a demanda global por hidrogênio de baixo carbono pode atingir 25 milhões de toneladas até 2030, um volume cerca de 100 vezes maior do que a produção atual da Petrobras, que é majoritariamente de hidrogênio cinza.