RIO – Apesar de a Petrobras ter lançado novos tipos de contratos de fornecimento de gás natural, este ano, a maioria das distribuidoras tem optado pelas modalidades tradicionais de compra. Mas há quem esteja experimentando novas formas de se contratar gás.
Cerca de 20% do volume de gás natural contratado pelas concessionárias estaduais, na nova safra de acordos de suprimento assinados com a petroleira, está indexado ao Henry Hub, preço de referência dos EUA, disse nesta segunda (18/9) o gerente-executivo de Gás e Energia da Petrobras, Álvaro Tupiassu.
Além disso, 10% do volume recém-contratado pelas distribuidoras será entregue no hub – nova modalidade na qual a Petrobras é a responsável pela contratação da entrada no sistema de transporte e o cliente é responsável pela contratação da saída.
Ou seja, a maior parte das distribuidoras optou, nos novos contratos, pelos modelos tradicionais de contratação: um preço indexado à cotação do petróleo (Barril Brent) e com entrega do gás no city-gate – modelo segundo o qual a petroleira se responsabiliza pela contratação da entrada e da saída do sistema.
Petrobras segue disponível para novas negociações
A Petrobras já fechou contratos com sete distribuidoras diferentes, desde que lançou os novos produtos no mercado, em maio: Comgás (SP), Compagas (PR), Copergás (PE), Gás Natural SPS (SP), Necta (SP), Sulgás (RS) e SCGás (SC).
Segundo Tupiassu, esses contratos somam volumes de 14 milhões de m3/dia.
“Continuamos disponíveis para novas negociações”, comentou ele, durante participação em evento online da FGV.
Todas as concessionárias, até o momento, optaram por contratos de longo prazo – de nove a onze anos – com validade até 2034.
A Petrobras tem oferecido às distribuidoras um fator Brent – percentual da cotação do petróleo ao qual o preço do gás está indexado – de 11,9%.
Isso significa um gás mais barato do que a petroleira vinha praticando em seus contratos mais recentes, mas num patamar ligeiramente acima do histórico pré-pandemia.
As novidades
A empresa passou a oferecer, desde maio, dez tipos de contrato, baseados em dois indicadores diferentes (Brent e Henry Hub) e cinco opções de prazo de suprimento: quatro anos; cinco anos; sete anos; nove anos; e onze anos
Até então, a companhia trabalhava apenas com contratos de cinco e nove anos de validade. E, apesar de já ter oferecido no passado opções atreladas ao Henry Hub, na prática, só possuía acordos vinculados ao petróleo.
A indexação do Henry Hub é vista, pelas distribuidoras, como uma forma de reduzir a volatilidade dos preços. Trata-se, contudo, de uma indexação pouco utilizada no mercado brasileiro – o que ajuda a explicar a opção das empresas, até o momento, por operar com a indexação ao Brent.
Em relação ao tipo de entrega do gás, as distribuidoras ainda veem na nova modalidade de fornecimento no hub um fator de risco – como a exposição às penalidades dos transportadores pela retirada de uso de menos da capacidade contratada nos gasodutos.
A situação é nova no mercado. Até o ano passado, as distribuidoras não contratavam capacidade diretamente com as transportadoras. A Petrobras, na posição de praticamente única grande fornecedora de gás do mercado e até anos atrás dona dos gasodutos, é quem historicamente se encarregava disso.
Com as perspectivas de abertura do setor, as concessionárias estaduais passaram a testar o novo modelo de entrada-saída, contratando a retirada do gás do sistema diretamente com as transportadoras – assumindo os ônus e bônus da novidade.