Diálogos da Transição

Pernambuco lança hub de P&D em hidrogênio verde

Iniciativa mira na produção, transporte, armazenamento e gestão de hidrogênio verde em Suape e contará com investimentos de até R$ 45 milhões

Pernambuco lança hub de P&D em hidrogênio verde. Na imagem, Complexo Industrial Portuário de Suape, em Pernambuco (Foto: Divulgação)
Complexo Industrial Portuário de Suape, em Pernambuco (Foto: Divulgação)

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Editada por Nayara Machado
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A série de debates dos Diálogos da Transição volta em agosto.
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CTG Brasil, Senai e governo de Pernambuco lançaram nesta segunda (25/7) a iniciativa TechHub Hidrogênio Verde para concentrar no Porto de Suape projetos de produção, transporte, armazenamento e gestão de hidrogênio verde (H2V). Juntos, os projetos receberão inicialmente investimentos de até R$ 45 milhões.

A ideia é transformar o Complexo Industrial Portuário de Suape em um espaço de pesquisa, desenvolvimento e inovação “com foco no combustível do futuro”.

“Esse projeto mostra a capacidade do Complexo de Suape e sua diversidade em abraçar indústrias de vários tipos. Estamos de olho no futuro, já que o hidrogênio verde é uma inovação mundial, tem grande potencial de investimento, sustentabilidade e desenvolvimento da economia verde”, comentou Carlos Cavalcanti, diretor de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Suape, durante o lançamento.

As propostas foram selecionadas em chamada pública do Departamento Nacional do Senai junto com a CTG Brasil.

O edital, cujo resultado foi divulgado em fevereiro, previa aporte de R$ 18 milhões, parte da estratégia de investimento em P&D da CTG Brasil alinhada ao Programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Aneel.

“Um dos objetivos da iniciativa é promover um ecossistema voltado para emprego de novas tecnologias, melhoria no processo de eletrólise, aumento de eficiência total da planta, redução de custos, capacitação e proposição de novos modelos de negócios”, explica Carlos Nascimento, gerente de Pesquisa e Desenvolvimento da CTG Brasil.

Nesta segunda, CTG e Senai assinaram um memorando de entendimento com o governo do estado para avaliar o desenvolvimento dos projetos no complexo de Suape — um dos portos mais estratégico do Nordeste, com 90% do Produto Interno Bruto (PIB) da região a um raio de 800 quilômetros.

A iniciativa pretende identificar oportunidades no porto público e na área de energia e de descarbonização de indústrias vinculadas a ele.

Para conectar todas as iniciativas de investimento nas plantas piloto do TechHub, será desenvolvida uma plataforma digital de comercialização para o H2V.

“É fundamental rastrear e certificar a origem da energia para a produção do hidrogênio, assegurando que a fonte de alimentação da planta é proveniente de energia 100% renovável, abrindo ainda mais portas para a comercialização deste que é considerado o combustível do futuro”, completa José Renato Domingues, vice-presidente corporativo da CTG Brasil.

Cobrimos por aqui:

Projetos são bilionários…

Em maio, Suape anunciou uma chamada pública para atrair empresas interessadas na construção de uma planta de hidrogênio verde para início da produção em 2026.

O investimento estimado é de aproximadamente US$ 3,5 bilhões, para a instalação de uma unidade com 1 GW de capacidade de eletrólise. Outras duas para projetos do tipo são previstas agora no segundo semestre.

Atualmente, Suape tem memorandos de entendimento com a francesa Qair, Casa dos Ventos, Fortescue Future Industries (FFI), Brid Logístic, White Martins/Linde, Neoenergia e Suape-Senai para produção de hidrogênio.

O projeto da francesa Qair, sozinho, pode representar investimentos da ordem de R$ 20 bilhões.

Algumas dessas empresas têm memorandos para fazer parte também do hub de hidrogênio do Ceará, o primeiro do Brasil voltado para grandes projetos.

Também localizado em um porto, no Pecém, o hub conta com 18 memorandos de cooperação entre o governo estadual e diferentes agentes de mercado para produzir e exportar o novo combustível.

Localização estratégica e combinação com projetos de geração renovável fazem dos portos com eólicas offshore modelos preferidos para H2V no Brasil.

…mas falta regulação

A América Latina tem uma “oportunidade de ouro” para atuar como provedora de energia para os Estados Unidos e China e desenvolver seu papel como exportadora confiável de energia e hidrogênio verde. Mas a política setorial deixa a desejar, avaliam executivos do setor de energia.

Um levantamento da Siemens Energy sobre as prioridades para a transição energética na região identificou que, além de regulação, outras três áreas têm um nível semelhante de urgência de ação: financiamento, tecnologia e know-how.

“Eles [os stakeholders] veem a necessidade de ação na área de financiamento como particularmente alta para fontes de energia renovável — aqui, o regime regulatório precisa ser ajustado para criar mais oportunidades de investimento”.

Na área de tecnologia, ação é necessária particularmente em termos de soluções de armazenamento de energia e captura e armazenamento de carbono. Veja os resultados da pesquisa (.pdf)

Brasil aguarda estratégia nacional

No caso específico do Brasil — onde o novo combustível pode movimentar até US$ 20 bilhões anuais até 2040 –, o mercado ainda aguarda a Estratégia Nacional do Hidrogênio, prometida pelo ex-ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, para o início deste ano, com o detalhamento das políticas federais.

Em junho, o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) aprovou o Programa Nacional do Hidrogênio (PNH2) e sua respectiva governança. Essa proposta já havia sido apresentada pelo Ministério de Minas e Energia (MME) há quase um ano, em agosto de 2021.

As diretrizes do programa estão estruturadas em seis eixos: fortalecimento das bases científico-tecnológicas; capacitação de recursos humanos; planejamento energético; arcabouço legal e regulatório-normativo; abertura e crescimento do mercado e competitividade; e cooperação internacional.

Diferente de outros países, como Chile, Uruguai e Colômbia, que privilegiam o hidrogênio produzido a partir de fontes renováveis, o programa brasileiro aposta nas múltiplas rotas, incluindo fontes fósseis, como gás e carvão. Essa estratégia é conhecida como hidrogênio arco-íris.

Por enquanto, a única coisa definida é que o Comitê Técnico PNH2 deverá aprovar, periodicamente, um plano de trabalho — incluindo ações, responsáveis e prazos — que busque sinergia com outros programas e políticas públicas.

Enquanto isso, no Congresso, um projeto de lei do senador Jean Paul Prates (PT/RN) inclui o hidrogênio como fonte energética na matriz brasileira e estabelece metas para a inserção no ponto de entrega ou ponto de saída dos gasodutos de transporte.

Apelidado de Lei do Hidrogênio, o PL 725/2022 prevê que, até 2032, seja adicionado o percentual mínimo de 5% de hidrogênio na rede, e 10% até 2050.

Para a agenda

25 e 26/7 — Global Agribusinees Forum 2022 reune lideranças mundiais para discutir temas relacionados à segurança alimentar, mudanças climáticas e sustentabilidade. Interessados podem acessar o link.

27/7 — A quarta edição do desafio de inovação aberta do Centro de Operações da Prefeitura do Rio de Janeiro (COR) está com inscrições abertas até quarta. O tema deste ano é “Desenvolva com o COR soluções tecnológicas para ampliar a identificação e o monitoramento dos riscos e impactos de eventos climáticos severos na cidade”.

As equipes selecionadas terão acesso a dados do COR e seus parceiros, especialistas da prefeitura e do mercado além do acesso ao ecossistema de inovação do COR para desenvolver e testar os projetos na cidade do Rio de Janeiro. Inscrições clique aqui

28/7 — O Grupo de Inovação e Investimentos Sai do Papel lança o Energy Hub Ventures, a primeira empresa de investimento e desenvolvimento de startups completamente focada em transição energética e mobilidade do Brasil. O evento reunirá investidores anjose a meta é captar R$ 8 milhões ao longo de cinco anos para investir em pelo menos 30 startups, sendo de 5 a 7 startups investidas no ano de 2022. O encontro ocorre na quinta, às 19h no Hotel Fairmont no Rio de Janeiro.

31/8 — A Schlumberger, uma das maiores prestadoras de serviços em energia do mundo, está com uma chamada aberta para startups e empreendedores interessados em desenvolver soluções digitais voltadas para o setor de energia. Interessados podem se inscrever até 31 de agosto pelo LinkedIn. A segunda edição do SLB Conecta terá aporte de até R$ 2 milhões para o desenvolvimento dos projetos selecionados.

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