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Diálogos da Transição
APRESENTADA POR
Editada por Nayara Machado
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O chefe das Nações Unidas, António Guterres, alertou nesta quinta (22/6) que os países de renda média e baixa estão se curvando sob dívidas elevadas e custos de empréstimos exorbitantes, que os impedem de recuperar suas economias e lutar contra as mudanças climáticas.
Entre hoje e amanhã, líderes de pelo menos 50 países – muitos deles africanos – se reúnem na Cúpula Financeira de Paris (Paris Summit) para discutir um novo pacto global mais justo e inclusivo, que considere a luta contra a pobreza, a emergência climática e a perda de biodiversidade como indissociáveis.
- Falamos sobre isso no início da semana Iniciativa de Bridgetown: um novo sistema financeiro para enfrentar a crise climática
No encontro, o chefe da ONU disse que muitos países africanos estão gastando mais em pagamentos de dívidas do que em cuidados de saúde, por exemplo, e que mais de 50 nações estão inadimplentes ou “perigosamente” próximas disso.
Guterres defendeu um mecanismo de alívio da dívida e empréstimos mais acessíveis para as nações mais pobres, enquanto repetia seu apelo para acabar com os subsídios aos combustíveis fósseis e aumentar o financiamento de adaptação climática para países vulneráveis.
Durante painel sobre o papel dos bancos multilaterais, o novo presidente do Banco Mundial, Ajay Banga, delineou um “kit de ferramentas”, incluindo uma pausa no pagamento da dívida, dando aos países flexibilidade para redirecionar fundos para resposta de emergência. Reuters
Investimentos em energia precisam triplicar
Relatório da Agência Internacional de Energia (IEA, em inglês) publicado na véspera da cúpula diz que os investimentos anuais em energia limpa nas economias emergentes e em desenvolvimento precisarão mais do que triplicar até 2030.
A IEA calcula que é preciso saltar dos US$ 770 bilhões em 2022 para até US$ 2,8 trilhões no início da próxima década para atender às crescentes necessidades de energia e alinhar-se com as metas climáticas do Acordo de Paris.
Segundo o relatório, dois terços do financiamento para projetos de energia limpa em economias emergentes – fora a China – precisarão vir do setor privado.
Os atuais US$ 135 bilhões em financiamento privado anual para energia limpa precisarão aumentar para US$ 1,1 trilhão por ano na próxima década.
Para isso, será preciso maior apoio técnico, regulatório e financeiro internacional para liberar o potencial de energia limpa nessas economias.
“A batalha contra as mudanças climáticas será vencida nas economias emergentes e em desenvolvimento, onde o potencial de energia limpa é forte, mas o nível de investimentos está muito abaixo do que deveria”, defende o diretor administrativo da IFC, Makhtar Diop, co-autor do relatório.
“Para atender às demandas prementes de energia e metas de redução de emissões, precisamos mobilizar o capital privado em velocidade e escala”, completa.
Macron pede ação conjunta sobre clima e pobreza
“Nenhum país deveria ter que escolher entre reduzir a pobreza e proteger o planeta”, disse o presidente francês Emmanuel Macron em seu discurso de abertura nesta manhã.
O pedido foi por um aumento substancial no financiamento público e privado para combater a crescente desigualdade. “Sem o setor privado, não conseguiremos enfrentar a maior parte desse desafio”, alertou. DW
Lula cobra financiamento para países que preservam florestas
Em discurso no evento Power Our Planet, em frente à Torre Eiffel, o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), disse que é preciso responsabilizar os países ricos para financiar as economias em desenvolvimento que têm reservas florestais.
“Não foi o povo africano que poluiu o mundo. Não é o povo latinoamericano que polui o mundo. Quem poluiu nos últimos duzentos anos foram aqueles que fizeram a Revolução Industrial e por isso têm que pagar a dívida histórica que têm com o planeta Terra”, discursou.
O presidente também reafirmou a promessa de zerar o desmatamento na Amazônia até 2030, destacou a alta renovabilidade da matriz energética brasileira e convidou o público para a COP30 em Belém, em 2025.
Lula foi à França para participar do Paris Summit, onde tem agendas bilaterais com alguns chefes de Estado, além do presidente francês, Emmanuel Macron. Na pauta: transição ecológica e combate à pobreza.
Nesta quinta, conversou com o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, sobre o próximo encontro dos BRICS e a guerra Rússia-Ucrânia; e com o líder cubano Miguel Díaz-Canel.
Cobrimos por aqui:
- Mudança climática é desafio crítico para o FMI, diz diretora-geral
- BNDES e banco chinês prometem recursos para economia verde no Brasil
- Clima e energia nos discursos de Davos
Curtas
Metanol de cana
A Prumo assinou um memorando de entendimento para viabilizar a produção de metanol verde a partir do biogás no Porto do Açu em São João da Barra (RJ). O parceiro ainda não foi divulgado. O projeto vai aproveitar o potencial para geração de biomassa a partir da cana-de-açúcar no Norte Fluminense.
Hidrogênio sem fósseis
Entidades do setor de geração de energia e biocombustíveis entregaram ao deputado federal Arnaldo Jardim (Cidadania/SP) 17 diretrizes para uma política de estímulo ao hidrogênio renovável, deixando claro que a rota que utiliza gás natural deve ser excluída.
IRA
A visita do primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, aos Estados Unidos foi acompanhada de uma enxurrada de anúncios de investimentos. Entre eles, o da fabricante indiana de painéis fotovoltaicos Vikram Solar que investirá US$ 1,5 bilhão na cadeia de fornecimento de energia solar dos EUA, começando com uma fábrica no Colorado prevista para inauguração no ano que vem.
A empresa tenta aproveitar os incentivos da legislação de mudança climática de Joe Biden, aprovada no ano passado para aumentar a produção de energia. A Índia tornou-se um importante fabricante de energia solar e os Estados Unidos esperam evitar a importação de grande parte dos componentes da energia solar da China. Reuters
Ford e SK vão receber US$ 9,2 bilhões dos EUA para fabricar baterias
O empréstimo ajudará a financiar a construção de três novas fábricas de baterias no Tennessee e Kentucky. O compromisso condicional para o financiamento do governo vem do programa para veículos de tecnologia avançada (ATVM, em inglês). Reuters
Mais elétricos
A adoção de carros elétricos deve disparar nos próximos anos, indica a empresa de pesquisa BloombergNEF. São esperadas mais de 100 milhões de unidades nas ruas até 2026 e mais de 700 milhões até 2040 – acima dos 27 milhões no início deste ano.
Substituindo diesel
No Brasil, a empresa de alumínio e energia Hydro Paragominas adquiriu dez carros elétricos para substituir os modelos convencionais a diesel de sua frota, e espera reduzir as emissões de CO2 em cerca de 119,6 mil toneladas por ano – volume equivalente ao plantio de 1.660 árvores ao longo de cinco anos.
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