FOZ DO IGUAÇU – O Paraná definiu as primeiras cidades na rota do Corredor Azul, projeto da Companhia Paranaense de Gás (Compagas), lançado em 2020 para ampliar o número de postos no estado que ofertam gás natural veicular (GNV) para caminhões.
As conversas estão avançadas para a instalação de pontos de abastecimento em Ponta Grossa, Maringá e Campo Mourão, segundo o CEO da Compagas, Rafael Lamastra Jr.
“Se conseguirmos atender esse triângulo, nós bateremos em Paranaguá. É um desenho simples, focado no transporte pesado e escoamento da produção”, explicou o executivo à epbr.
Isso porque a estratégia é integrar a movimentação de produtos agrícolas entre polos de produção, o escoamento pelo Porto do Paranaguá, com o consumo de gás natural pela frota e o potencial de produção local de biometano.
O projeto partiu de um mapeamento do tráfego no estado para identificar os corredores logísticos para inserção do gás como alternativa ao diesel B.
Segundo Lamastra, a iniciativa cresceu e outros estados estão mapeando as rotas, o que pode integrar o consumo de gás no transporte pesado em corredores, de Norte a Sul do país.
“40% do PIB do Paraná é do agronegócio: grãos, aves e suínos. Essa produção está localizada no interior. Então, nossa concepção de corredores é trazer esse produção para o Porto de Paranaguá”.
A produção, contudo, está pulverizada, exigindo uma adequação da demanda. “É em cima desse desenho que estamos construindo o Corredor Azul”, observa.
A região Sul concentra 18% da produção de biogás no Brasil, com 261 plantas no Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Além disso, 73% do biometano (o biogás purificado) vem da agricultura.
Lamastra participa do 5º Fórum Sul Brasileiro do Biogás e Biometano, em Foz do Iguaçu, no Paraná.
Transporte urbano 100% a GNV em mais cidades
Nesta segunda (17/4) Compagas, Urbs (administradora do sistema de transporte de Curitiba) e a prefeitura da capital paranaense, em parceria com a fabricante Scania, iniciaram nesta segunda testes com ônibus 100% movidos a GNV.
Objetivo é certificar os indicadores de eficiência — em especial, a redução nas emissões do veículo — durante 30 dias. O veículo já vinha sendo testado na Região Metropolitana de Curitiba.
O emprego do GNV no transporte urbano é uma estratégia para concorrer com a eletrificação e abre caminhos para o biometano, diz Lamastra.
A iniciativa deve chegar a Londrina e seguir para Ponta Grossa. “Nos casos da região metropolitana, Curitiba e Ponta Grossa, onde os projetos estão mais maduros, há a possibilidade de, em um curto espaço de tempo, nós podemos fornecer o biometano”, conta.
Pelos cálculos da distribuidora, em comparação com o diesel, o veículo movido a gás natural pode emitir até 20% menos CO2. Já a redução de óxidos de nitrogênio (NOx) é de quase 90% e a de material particulado (partículas muito finas de poluentes) chega a 85%.
“Temos um concorrente na transição, que é a eletrificação. Mas o gás é um combustível de transição. O que pode deixar mais atraente essa efetiva substituição do diesel é o biometano”.
Por enquanto, não há incentivos estaduais para inserção do biometano na matriz, mas Lamastra acredita que o prazo da chamada, que prevê início do fornecimento em 2025, dá tempo para organização de um arcabouço tributário, para incentivos no ICMS ou IPVA, por exemplo.
A jornalista viajou a convite e com despesas custeadas pela organização do 5º Fórum Sul Brasileiro do Biogás e Biometano.