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Diálogos da Transição
Editada por Nayara Machado
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Em sua tradicional carta anual ao mercado, o CEO da BlackRock, Laurence Fink, disse nesta quarta (15/3) que os investidores precisam considerar, no longo prazo, como a transição energética afetará os preços dos ativos e o desempenho do investimento.
“Há anos, vemos o risco climático como um risco de investimento. Ainda é assim”, reconhece em uma carta combinada a acionistas e empresários.
Com cerca de US$ 8,6 trilhões sob gestão, a BlackRock é a maior administradora de ativos do mundo e, na carta do ano passado, chegou a dizer que apoiaria menos propostas climáticas na temporada de assembleias de acionistas.
Este ano, o tom mudou um pouco.
Em um trecho dedicado à transição energética, Fink reconhece os efeitos das mudanças climáticas sobre a economia, com destaque para o mercado de seguros, que em 2022 precisou cobrir US$ 120 bilhões para catástrofes naturais — “uma cifra antes impensável”.
Por outro lado, mantém um tom ponderado em relação aos investimentos, afirmando que a transição para uma economia de baixo carbono é uma prioridade “para muitos” dos seus clientes, e que a instituição tem opções para todos, inclusive aqueles que não estão interessados nessa agenda.
A carta sinaliza apoio às indústrias de óleo e gás, que “desempenharão um papel vital no atendimento às demandas globais de energia”, ao mesmo tempo em que vê a Lei de Redução da Inflação dos EUA (IRA) criando “oportunidades significativas” para os investidores alocarem capital para a transição energética.
Está acontecendo
Os investimentos privados em negócios de transição estão acelerando, apesar das crises geopolíticas que balançaram outros mercados, mas o ritmo ainda está abaixo do ideal, mostra uma análise da McKinsey.
De 2019 até o final de 2022, investidores de ações do mercado privado triplicaram os ativos relacionados a sustentabilidade ambiental, social e governança (ESG), passando de US$ 90 bilhões para mais de US$ 270 bilhões.
“O ímpeto parece prestes a continuar em 2023, à medida que governos, corporações e investidores aceleram cada vez mais a implantação de tecnologias climáticas”, analisam os especialistas em Energia, Investimento e Sustentabilidade da McKinsey.
Como exemplos, citam o IRA nos Estados Unidos, que aloca mais de US$ 370 bilhões em financiamento para mitigar as mudanças climáticas, e o Green Deal europeu que pode dedicar mais de 1 trilhão de euros em fundos públicos e privados para economia de baixo carbono.
“A tecnologia climática está recebendo um impulso adicional de programas governamentais sem precedentes, nos Estados Unidos e na Europa, que irão liberar uma enxurrada de capital para emissões líquidas zero até 2050”, dizem os analistas.
O destino do dinheiro
Energia foi a maior destinatária dos investimentos de capital orientados para o clima, absorvendo cerca de 50% do volume implantado de 2019 a 2022, aponta a McKinsey.
Neste subsetor, o capital mais que dobrou, de US$ 40 bilhões para US$ 100 bilhões, impulsionado por projetos renováveis em larga escala.
O transporte ficou em segundo lugar, com aumento de 370% durante o período, de US$ 6 bilhões para US$ 30 bilhões. Aqui, a bola da vez é o mercado de veículos elétricos.
Projetos de hidrogênio e gestão de carbono – as duas tecnologias emergentes da moda – receberam, cada, 3% do total de investimentos de capital do mercado privado com foco no clima em 2022.
Pode parecer pouco, mas foram os que registraram o crescimento mais significativo nos fluxos de investimento desde 2019: 460% para o hidrogênio (de menos de US$ 1 bilhão a US$ 5 bilhões) e 1.400% para carbono (de menos de US$ 500 milhões para US$ 7 bilhões).
Cobrimos por aqui:
- A conta do clima na reunião anual do FMI
- G7 anuncia US$ 600 bi para infra sustentável e energias renováveis
- Setor financeiro coloca plano de transição net-zero sob consulta
- Crédito para commodities com risco florestal aumentou mais de 60%
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Por falar em capital climático…
O enviado especial das Nações Unidas para Ação Climática e Finanças, Mark Carney, disse nesta quarta que é improvável que o colapso do Silicon Valley Bank (SVB) tenha um impacto “material” na disponibilidade de capital para tecnologias relacionadas ao clima.
Sediado na Califórnia, o banco focado em empréstimos para empresas de tecnologia foi fechado pelos reguladores financeiros dos EUA na sexta (10). O colapso do banco levantou preocupações sobre o acesso de startups de tecnologia ao financiamento. Reuters
Enquanto isso, um relatório da Market Forces alerta que os cinco maiores fundos de pensão da Austrália não estão fazendo o suficiente para levar as empresas de combustíveis fósseis à descarbonização, e diz que seus compromissos ambientais podem equivaler a greenwashing.
O relatório surge no momento em que o órgão fiscalizador corporativo lança um caso histórico de greenwashing contra a Mercer Super e adverte que estava investigando “vários” outros superfundos por suposta má conduta semelhante. AFR
Curtas
Governo discute percentual de biodiesel
O ministro dos Transportes, Renan Filho, defendeu na terça (14) que o aumento do percentual de biodiesel na mistura obrigatória com o diesel “é o melhor caminho para o Brasil”. Ele disse, contudo, que o assunto ainda precisa passar por debate dentro do governo e ser conversado com o presidente Lula (PT).
A expectativa é que o tema entre na pauta da próxima reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), prevista para sexta-feira (17) – e que a mistura obrigatória de biodiesel seja gradualmente elevada, primeiramente para 12%.
Eletropostos
A Raízen inaugurou nesta quarta (15/3) um eletroposto do programa de eletromobilidade Shell Recharge no ABC Paulista, em Santo André, no Posto Automan. A nova estação conta com um carregador de 50 kW com um plugue CCS2 e um ChadeMo, que podem recarregar carros elétricos em aproximadamente 35 minutos com energia de fonte renovável.
Este ano a companhia também entregou duas estações de recarga elétrica em parceria com a Zarp Localiza e outras empresas nos supermercados Carrefour Giovanni Gronchi e Imigrantes, ambos na cidade de São Paulo. Os lounges contam com dois carregadores rápidos de 24 kW a 30 kW de potência.
Green bonds
A Atiaia Renováveis, empresa de geração e comercialização do Grupo Cornélio Brennand, concluiu na terça (14) sua primeira emissão de debêntures verdes, no valor de R$ 120 milhões, para investimentos em novos parques de energias renováveis, incluindo alguns que já estão em construção. A operação foi relaizada por meio de sua subsidiária Rio Verde Energia e em parceria com o Bradesco BBI.
Inovação, substantivo feminino
Único hub de inovação presidido por uma mulher negra no Brasil, o Órbi Conecta realiza em Belo Horizonte (MG), nos dias 28 e 29 de março, uma série de workshops e mentorias gratuitas com mulheres que são referência em negócios, carreira, finanças e tecnologia. O evento é pautado na Agenda 2030 da ONU e seus Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Inscrições no link
Aeroportos reduzem emissões
Quase 400 aeroportos participantes do programa Airport Carbon Accreditation da ACI World reduziram juntos 8,1% de suas emissões de carbono, cerca de 550 mil toneladas no período de maio de 2021 a maio de 2022. Outras 899 mil toneladas de CO2 foram compensadas com créditos de carbono. Segundo a ACI, em maio de 2022 havia 395 aeroportos em 79 países envolvidos no programa.