BRUXELAS – Os países da UE estão divididos sobre a possibilidade de adicionar uma brecha que permita o uso de energia nuclear na produção de amônia a uma lei histórica sobre a expansão de renováveis, disseram fontes diplomáticas, após pressão de Estados como a França.
Um grupo liderado pela França suspendeu a aprovação das metas de energia renovável da União Europeia, pressionando por um tratamento mais favorável da energia nuclear livre de CO2 e pela exclusão de usinas de amônia que podem ter dificuldades para mudar do gás.
Os embaixadores dos países da UE discutiram na quarta-feira (14/6) uma proposta para isentar algumas usinas de amônia das metas, permitindo que elas mudem para combustíveis feitos com energia nuclear, que é livre de CO2, mas não renovável.
Os países se reunirão novamente na sexta-feira para decidir sobre a proposta, disseram diplomatas, mas alguns já haviam levantado preocupações sobre a alteração da lei que foi acordada pelos estados da UE e pelo Parlamento Europeu este ano.
Esse acordo, que levou meses para ser negociado, deveria ser definitivo. Markus Pieper, o principal negociador do Parlamento da UE, disse que os legisladores também não querem reabrir o acordo – levantando a possibilidade de que a brecha planejada não seja aprovada, mesmo que os países a apoiem.
“O Parlamento Europeu se opõe fundamentalmente à abertura do texto”, disse Pieper, acrescentando que seria a favor de uma declaração escrita separada sobre o assunto, para evitar a reabertura da lei.
Se aprovada, a lei comprometerá a UE a obter 42,5% de sua energia de fontes renováveis até 2030.
A França disse que a mudança da Europa para a energia verde exigirá hidrogênio produzido a partir de fontes renováveis e nucleares, e as leis da UE devem refletir o direito dos estados membros de escolher seu próprio mix de energia.
Outros países, incluindo Alemanha e Espanha, argumentam que misturar energia nuclear à lei de energia renovável prejudicaria os esforços para expandir massivamente a energia eólica e solar.
Um rascunho da divisão proposta, visto pela Reuters, disse que certas fábricas de amônia podem ser excluídas, desde que planejem cortar o uso de hidrogênio baseado em combustível fóssil. Isso pode permitir que essas usinas mudem para o hidrogênio produzido a partir da energia nuclear, em vez de exigir que troquem por combustíveis renováveis como planejado.
Diplomatas disseram que é improvável que a separação convença todos os países que violaram a lei, muitos na Europa Oriental com interesses em energia nuclear, já que alguns ainda veem as metas gerais de energias renováveis como muito ambiciosas.
(Reportagem de Kate Abnett e Julia Payne; Edição de Alexander Smith e Louise Heavens)