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Diálogos da Transição
APRESENTADA POR
Editada por Nayara Machado
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Todos os 193 Estados membros da Organização da Aviação Civil Internacional (Icao, em inglês) concordaram na última sexta (7/10) com a meta já assumida pela indústria aérea de alcançar emissões líquidas zero até 2050 e vão formar uma rede Zero Carbono para apoiar iniciativas de descarbonização.
O anúncio marcou o encerramento de duas semanas de negociações na 41ª Assembleia da Icao, e anos de discussões sobre o papel dos governos no apoio político — e incentivo financeiro — ao setor que hoje responde por 2% das emissões mundiais de CO₂.
Globalmente, a indústria gera cerca de um bilhão de toneladas de CO₂ por ano — comparável às emissões do Japão, a terceira maior economia do mundo.
Meta é aspiracional
Mas há pelo menos um consenso de que seu alcance vai depender do setor público para financiamento e apoio ao investimento privado.
A Icao estima que o transporte aéreo precisará de pelo menos US$ 4 trilhões em investimento em tecnologia até 2050.
Com o acordo, os membros da Icao vão atuar com as empresas aéreas para o uso do programa de compensação de redução de carbono na aviação internacional, o Corsia.
Nesse esquema, empresas e indivíduos podem comprar créditos de carbono de florestas, por exemplo, para equivaler as emissões geradas pelos voos.
Os países concordaram em uma nova linha de base Corsia a partir de 2024, definida como 85% das emissões de CO₂ em 2019, e em porcentagens revisadas para os fatores de crescimento setoriais e individuais a serem usados para o cálculo dos requisitos de compensação a partir de 2030.
Outro caminho é o desenho de políticas para combustíveis sustentáveis de aviação (SAF, na sigla em inglês).
Até o momento, cerca de 440 mil voos comerciais utilizaram o SAF, de acordo com a Icao — o que é bem pouco, já que, em um dia normal, mais de 200 mil voos decolam e pousam em todo o mundo.
Um dos grandes desafios é garantir que o SAF tenha escala e seja competitivo, de forma a não pressionar os preços das passagens aéreas, já que 40% dos custos de uma viagem é combustível.
Roteiro para SAF nos EUA
No final de setembro, o Departamento de Energia dos Estados Unidos (DoE, em inglês) lançou um roteiro de SAF com o detalhamento das etapas para atender 100% da demanda de combustível de aviação doméstica com combustível sustentável até 2050.
O SAF é uma das estratégias da gestão de Joe Biden para alcançar emissões líquidas zero em toda a economia até 2050 e está no pacote que destina US$ 369 bilhões para apoiar a transição energética do país.
A aviação comercial dos EUA atualmente consome aproximadamente 10% de toda a energia de transporte e contribui com 2% das emissões de CO₂ nacionais.
A ambição do governo é ter 3 bilhões de galões de SAF com custo competitivo disponível para os operadores de aeronaves até 2030. Para isso, está trabalhando com toda a cadeia — desde produtores até companhias aéreas.
Até 2030, as companhias aéreas estadunidenses planejam substituir 10% do combustível convencional por SAF.
Além de apoiar o mercado nacional, o roteiro é uma forma de posicionar os EUA como exportador de tecnologia e do próprio SAF. Veja na íntegra (.pdf)
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Destino europeu
Quem também entrou na rota do SAF esta semana foi a Turkish Airlines. A companhia aérea turca assinou uma declaração global junto com Airbus, Rolls-Royce e Shell, para colaboração no fornecimento de SAF.
A Turkish Airlines passou a utilizar o combustível sustentável ativamente em suas operações este ano, partindo do Aeroporto de Istambul com destino a cidades europeias. Airbus e Rolls-Royce estão desenvolvendo aviões capazes de voar com 100% de SAF — hoje o limite é 50% –, e a Shell firmando parcerias para fornecer o combustível.
Nos Diálogos da Transição 2022, discutimos como o Brasil se prepara para iniciar a produção e se inserir no mercado global de BioQAV e quais os desafios regulatórios e econômicos para que a produção e utilização do biocombustível sejam viáveis no país. Reveja na íntegra!