Os desafios para viabilizar a demanda por hidrogênio de baixo carbono

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Diálogos da Transição

eixos.com.br | 03/08/21

Editada por Nayara Machado
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Com a aposta no hidrogênio (H2) para descarbonizar setores que de outra forma seriam impossíveis ou difíceis de abater – transporte pesado, logística de carga e aquecimento industrial – governos nacionais e estaduais têm lançado estratégias para incentivar a produção e absorção de hidrogênio com baixo teor de carbono.

Tornar viável o hidrogênio verde (feito a partir da eletrólise com energia renovável) e o azul (gás natural com captura de carbono) depende ainda de encontrar respostas para diferentes questões.

Uma delas é transporte e distribuição.

Na Europa, o governo holandês encomendou um estudo à PwC para avaliar se a rede de gás natural existente poderia desempenhar um papel na distribuição do H2.

Para dar o pontapé inicial na cadeia de abastecimento de hidrogênio, a Holanda estabeleceu, em 2020, a ambição de 3-4 GW de capacidade de eletrólise instalada até 2030.

O estudo HyWay 27: hydrogen transmission using the existing natural gas grid? (.pdf) indica que os principais gasodutos do país podem ser reaproveitados para a distribuição de hidrogênio.

“Os volumes de distribuição de gás natural na Holanda terão caído cerca de 40% em 2030 em comparação com os níveis de hoje. Como resultado do declínio da demanda, a Gasunie [empresa de transporte de gás natural] pode reorganizar os fluxos de existentes de uma forma que libere certos dutos para usos alternativos”, diz o documento.

Além disso, avalia que reutilizar as redes de gás natural existentes é mais econômico do que colocar novos dutos para o hidrogênio.

“Uma rede de transmissão conectando todos os clusters industriais a produtores e locais de armazenamento requer um investimento de cerca de € 1,5 bilhão”, calcula.

Preço

Outro gargalo para o hidrogênio de baixo carbono é o custo de produção, que precisa cair significativamente para que ele seja viável em todo o mundo.

No caso do hidrogênio verde – hoje, 2 a 3 vezes mais caro do que o azul – o preço da eletricidade renovável é a maior componente de custo.

Em dezembro do ano passado, Agência Internacional de Energia Renovável (Irena, na sigla em inglês) publicou um relatório mostrando que “uma via agressiva” de implantação de sistemas de eletrólise pode tornar o hidrogênio verde mais barato do que qualquer alternativa de baixo carbono – a menos de US$ 1/kg –, antes de 2040.

O relatório Green hydrogen cost reduction descreve estratégias para reduzir custos por meio de inovação contínua, melhorias de desempenho e aumento de escala de níveis de megawatt (MW) para multi-gigawatt (GW).

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Oferta e demanda

Pelo lado da oferta, levantamento da S&P Global Platts Analytics identifica 2,9 milhões de toneladas/ano de hidrogênio verde em capacidade anunciada para entrar em operação em 2025.

A Europa lidera nas categorias de hidrogênio azul e verde, seguida por países da região Ásia-Pacífico e América do Norte.

“As regiões que combinam o acesso à energia renovável barata (provavelmente da eólica e/ou solar), forte indústria local para a produção, instalação e manutenção de tecnologias de produção de hidrogênio e acesso aos mercados de exportação provavelmente se tornarão centros produtores importantes”, explicam os analistas.

E listam Espanha, Austrália Ocidental (energia eólica e solar onshore) e Chile (solar) como países que atualmente desenvolvem centros de hidrogênio verde.

Pelo lado da demanda, a Agência Internacional de Energia (IEA, em inglês) estima um salto de 90 milhões de toneladas em 2020 para mais de 200 milhões de toneladas em 2030, no seu cenário carbono zero.

O cálculo leva em conta a substituição do hidrogênio usado atualmente, feito a partir de combustíveis fósseis, por hidrogênio de baixo carbono.

Setores automotivo, químico, de petróleo e gás e de aquecimento olham para o hidrogênio de baixo carbono como uma alternativa para alcançar suas metas de neutralidade de carbono.

O papel do Brasil nesse cenário

Para Brian Murphy, analista sênior de hidrogênio da S&P Global Platts Analytics, o Brasil conta com vasta disponibilidade de recursos naturais para se tornar um polo central de produção de hidrogênio verde.

Com destaque para o potencial eólico, especialmente no Nordeste.

“Além de aumentar seu mercado doméstico de hidrogênio, o Brasil poderia desenvolver um mercado de exportação construído em torno de regiões fornecedoras como a Europa ou mesmo o Leste Asiático, que provavelmente exigirão importações de hidrogênio verde para atender ao aumento esperado na demanda”, diz.

No entanto, ele destaca que questões logísticas e técnicas em torno do transporte e armazenamento precisam ser resolvidas para que esse mercado se desenvolva.

• Regulação do hidrogênio: falta tudo, mas futuro é promissor

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Curtas

Futuro do hidrogênio. Para o CEO da gigante italiana de infraestrutura Snam, Marco Alverà, os atuais sistemas de dutos poderão ser usados ​​para facilitar a entrega de hidrogênio verde…

…O executivo disse ter testado diferentes porcentagens de mistura — incluindo até 100% de hidrogênio — em dutos existentes, e funcionou. CNBC

…Peter Adam, chefe global de Sustentabilidade e Hidrogênio da Siemens Energy, explica como adequar a infraestrutura de gás natural existente para a operação de hidrogênio. Vídeo em inglês

Finanças verdes. A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, disse na segunda (2) que a análise dos dados declarados no Cadastro Ambiental Rural (CAR) tem potencial para fazer o país aumentar recursos na gestão de títulos verdes…

…“Atualmente, estima-se R$ 30 bilhões em gestão de títulos verdes no país, com grande potencial de crescimento”, indicou Tereza. Agência Brasil

Também na segunda, o vice-presidente Hamilton Mourão afirmou que provavelmente não será cumprida a meta de redução de desmatamento na Amazônia. “Acho que vai dar na faixa de 4% a 5%, uma redução muito pequena, muito irrisória, mas já é um caminho andado”, disse. G1

A XP Inc. está com processo de contratação para 100 vagas de trabalho exclusivas para mulheres. São para as áreas de Dados, Engenharia e Infraestrutura e diferentes níveis de experiência profissional…

…A iniciativa é parte do compromisso de equidade de gênero de ter 50% de mulheres em seu quadro até 2025. As interessadas podem se candidatar até o dia 22 de agosto. Valor

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