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Diálogos da Transição
eixos.com.br | 11/03/22
Editada por Nayara Machado
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Relatório divulgado hoje (11/3) pelo Conselho Global de Energia Eólica (GWEC, na sigla em inglês) aponta que Irlanda, Itália, Marrocos, Filipinas e EUA podem liderar a onda de novas instalações de parques eólicos flutuantes — a segunda geração da eólica offshore.
Segundo o documento, a tecnologia é fundamental para as ambições globais de alcançar emissões líquidas zero até 2050.
E esses cinco países teriam um potencial enorme para se unir a mercados flutuantes mais maduros, como Reino Unido, Coréia do Sul, França e Japão, na corrida para desenvolver a tecnologia e reduzir a dependência de combustíveis fósseis, como gás, carvão e petróleo.
Para isso precisam implementar políticas de incentivo agora. Veja na íntegra (.pdf)
O mercado ainda é incipiente, a GEWC projeta que até 2026, as instalações anuais ultrapassem 1 GW — um marco que a energia eólica offshore fixa atingiu em 2010 — e cheguem a 2030 com 16,5 GW.
A maior parte desse volume deve vir só depois de 2026.
“Para muitos países, o potencial técnico para o vento offshore flutuante supera o das turbinas de fundo fixo. Se a energia eólica offshore aumentar sua contribuição para zero líquido, será necessária a implantação rápida de parques eólicos flutuantes. Isso requer liderança política e apoio para se tornar realidade”, diz o GWEC.
O lançamento do documento acontece em um momento crítico, com o mundo atento aos reflexos da guerra na Ucrânia sobre os preços dos combustíveis.
Como forma de sanção à Rússia, países europeus e Estados Unidos anunciaram cortes nas compras de óleo, gás e carvão russos.
Esta semana, o Brent (referência no mercado internacional) chegou a US$ 130 o barril.
Às 13h24 desta sexta, os contratos futuros do petróleo WTI, negociado em Nova York e referência de preços para os EUA, eram negociados com alta de 2,76%, a US$ 108,95 por barril, enquanto o contrato do Brent, cotado em Londres e referência mundial de preço, subia 2,30%, para US$ 111,84. Investing
Por que esses cinco países podem liderar a corrida
O grupo estudou o potencial de mercado em mais de 100 países. Ambições governamentais e políticas de incentivos levaram Irlanda, Itália, Marrocos, Filipinas e EUA ao topo da lista.
“Há um grupo muito maior de países onde as condições são adequadas para o crescimento bem-sucedido da energia eólica offshore flutuante se os governos puderem usar políticas para preparar e catalisar sua implantação”, diz o relatório.
A lista de cinco países tenta demonstrar o papel dos governos no desenvolvimento desses mercados.
Isso porque há desafios a serem enfrentados, como atualização das redes de transmissão e da infraestrutura portuária, o que exige grandes investimentos.
“A Irlanda é um novo mercado eólico offshore na costa atlântica da Europa. Lá estamos vendo o desenvolvimento dos primeiros projetos eólicos offshore fixos, e forte ambição para o desenvolvimento offshore flutuante”, destaca o relatório.
Já a Itália é novata no segmento. Mas o potencial dos ventos do mediterrâneo e a sinalização do governo italiano de interesse nos parques flutuantes somam pontos na avaliação do GWEC.
Em seguida vem o Marrocos, onde o governo está comprometido com o crescimento das renováveis.
Nas Américas, o destaque é o mercado dos EUA no Pacífico, favorecido pelo plano de recuperação verde de Joe Biden e políticas de incentivo dos próprios estados.
E na Ásia, o governo das Filipinas tomou a dianteira e analisa como atrair investidores.
Brasil ainda ensaia primeiros passos em eólica offshore
O relator do marco das eólicas offshore (PL 576/21), senador Carlos Portinho (PL/RJ), indica que deve modificar a versão inicial do texto com regras para geração de eólica offshore e privilegiar expansão do setor sobre o modelo de arrecadação com outorgas.
Em entrevista ao político epbr, o parlamentar defende que a experiência internacional pode ser usada como base para estudos, mas que o Brasil precisa de um modelo “mais próximo da nossa realidade”.
O planejamento do senador é apresentar um primeiro relatório em maio para que a matéria seja aprovada pela Câmara e pelo Senado ainda no primeiro semestre — e se sobrepor, na prática, ao decreto editado pelo governo que entra em vigor a partir do dia 15 de junho. Leia na entrevista
Artigos da semana
– O IBP coordenará discussões para a descarbonização de empresas de óleo e gás, escrevem Fernanda Delgado e Carlos Victal. No artigo Materializando a transição energética no setor de óleo e gás no Brasil, os executivos descrevem o engajamento da indústria de O&G nas ações e discussões sobre descarbonização.
– A dupla guerra e a contingência energética: o colunista Marcelo Gauto explica que a mudança da matriz energética será um processo longo, difuso e permeado de interesses geopolíticos conflitantes. E os recentes acontecimentos dão prova da necessidade de planejamento de longo prazo e planos de contingência de curto alcance para as turbulências.
– Derrubando muros do setor elétrico: no primeiro artigo de sua coluna mensal, Fernando Teixeirense escreve que o empobrecimento do debate político sobre energia ampliou a capacidade de grupos específicos garantirem privilégios que geram custos para a sociedade.
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