Agendas da COP

Organizações pedem paridade de gênero e raça na COP30 do Brasil

Documento elenca seis condições prioritárias para as negociações da conferência climática das Nações Unidas que será sediada em Belém do Pará em 2025

Mais de 50 organizações da sociedade civil pedem paridade de gênero e raça na COP30 do Brasil, em 2025. Na imagem: Mulher de costas com coque no cabelo preso com uma flor rosa, durante o Fórum Climático Jovem sobre NDCs e Cidades na COP28, em Dubai, nos Emirados Árabes, em 6/12/2023 (Foto: Kiara Worth/UNFCCC)
Fórum Climático Jovem sobre NDCs e Cidades durante a COP28, em Dubai, nos Emirados Árabes (Foto: Kiara Worth/UNFCCC)

BRASÍLIA – Mais de 50 organizações da sociedade civil divulgam, nesta sexta (8/3), um manifesto demandando paridade de gênero, raça, etnia, classe social, geração, identidade de gênero e orientação sexual nos preparativos e nas negociações da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2025 (COP30) que será sediada pelo Brasil.

Publicado no Dia Internacional da Mulher, o documento (.pdf) pede que, além de garantir representatividade no comitê organizador, sejam observadas seis condições: equidade e representatividade nas delegações; promoção da igualdade de oportunidades; inclusão de perspectivas de gênero em políticas climáticas; investimentos em formação; combate à violência de gênero relacionada ao clima; e transparência.

“Em ambientes dominados por homens, como o Congresso Nacional e o setor energético, a capacidade das mulheres influenciarem políticas climáticas e participarem da transição para a economia de baixo carbono são severamente limitadas”, diz Nicole Figueiredo, diretora executiva do Instituto Internacional Arayara.

“Promover a igualdade de gênero é não apenas uma questão de justiça social, mas também a estratégia mais eficaz para enfrentar os desafios ambientais”, completa.

O grupo pede ao governo brasileiro que suas delegações oficiais sejam montadas de forma equitativa e adotem medidas concretas para garantir a representação de mulheres em todos os níveis de participação, considerando critérios de raça, etnia, geração, identidade de gênero e orientação sexual.

Para Isvilaine Silva, assessora de mobilização e engajamento do Observatório do Clima, depois de três COPs sediadas por países “em que ser mulher já é algo desafiador” – Egito, Emirados Árabes e Azerbaijão –, o governo brasileiro tem a oportunidade de promover uma COP mais democrática.

“Começando pela delegação do Brasil e se estendendo para as negociações, cada vez mais urgentes em respostas abrangentes e efetivas”, comenta.

A COP29, que será realizada em novembro de 2024 em Baku, no Azerbaijão, foi alvo de críticas no início deste ano após anunciar um comitê organizador composto por 28 homens e nenhuma mulher. Depois da repercussão negativa, a organização decidiu incluir mulheres.

Por uma COP diversa

A mobilização para promover uma COP mais diversa no Brasil nasceu dentro do Grupo de Trabalho de Gênero e Justiça Climática do Observatório do Clima.

“Como anfitriã, é responsabilidade da delegação brasileira garantir diversidade e representatividade nas discussões sobre clima. É preciso cuidar de quem cuida e amplificar as vozes de quem luta por justiça climática, para não perpetuarmos o racismo climático”, defende Jessica Siviero, especialista em Justiça Climática na ActionAid.

O grupo também lançou a campanha Mulheres que dão as cartas pelo clima, com um baralho com a imagem de líderes envolvidas na luta contra a crise climática.

As quatorze primeiras já começaram a circular com figuras como a ministra do STF Cármen Lúcia; a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva (Rede), e a ministra do Povos Indígenas, Sonia Guajajara (PSOL).