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Diálogos da Transição
eixos.com.br | 28/03/22
Editada por Nayara Machado
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A venda doméstica de óleo de soja em 2022 deve recuar para 7,9 milhões de toneladas, mesmo patamar registrado em 2019, em função da manutenção da mistura do biodiesel ao diesel fóssil em 10% (B10) ao longo do ano.
As estimativas são da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove).
De acordo com a associação, o menor consumo doméstico também deve levar o estoque de passagem — estoque mínimo nas vésperas da nova colheita — a nível recorde em 2023, de mais de 600 mil toneladas.
A exportação e a produção seguem sem mudanças sobre as estimativas anteriores em, respectivamente, 1,7 e 9,7 milhões de toneladas.
A projeção de safra para este ano também foi reduzida para 125,3 milhões de toneladas, e os motivos são climáticos — principalmente déficit hídrico e geadas.
Com a mistura obrigatória de biodiesel irregular desde o início da pandemia de covid-19, a exportação tem segurado o processamento interno da soja.
No ano passado, enquanto o consumo interno de óleo caía 6% sobre 2020, a exportação cresceu quase 50% no período.
A redução da mistura obrigatória de biodiesel no diesel — que devia estar em 14% este ano — representou um baque para o setor, que esperava vender 8 bilhões de litros em 2021, mas fechou o ano com 6,8 bilhões.
Em 2022, o cenário pode ser ainda pior para os produtores brasileiros do biocombustível.
Em meio à crise de preços e risco de desabastecimento de diesel, o governo discute liberar a importação de biodiesel, com o fim da reserva para o Selo Biocombustível Social entre 2022 e 2023 — o SBS garante a participação de biodiesel nacional. Proposta está na pauta do CNPE (Conselho Nacional de Política Energética).
A informação foi publicada pelo político epbr, serviço de cobertura exclusiva de política energética da agência epbr.
A abertura para importação deve favorecer a entrada do produto da Argentina, de acordo com fontes do setor, que tem incentivo tributário para exportação.
Também pode ser liberada pelo CNPE a entrada de diesel verde e diesel coprocessado com óleo de soja (HBIO) para atender à mistura obrigatória, hoje em 10%.
Se aprovada, a mistura B10 poderá ser atendida por outros combustíveis, com impacto sobre a indústria de biodiesel. Vale dizer que tanto HBIO quanto diesel verde também usam óleo de soja como principal matéria-prima.
São medidas que já estão em discussão há algum tempo. Com Petrobras e setor automotivo pressionando pela entrada de novos combustíveis no percentual reservado ao biodiesel. Entenda: Governo pode mudar rumos da política de biodiesel
Nesta segunda (28/3), representantes da Ubrabio (associação do setor de biodiesel) e do setor de proteína animal tiveram audiências com ministros do Meio Ambiente e da Agricultura, em busca de apoio para recuperar a mistura de 14% e barrar a importação.
Por falar em novos combustíveis, a Shell analisa potencial de biohitano no Brasil. A expectativa é converter resíduos orgânicos produzidos pela indústria sucroalcooleira em uma mistura gasosa de hidrogênio e biometano — o biohythane.
A tecnologia foi desenvolvida por pesquisadores da Unicamp. A Shell planeja investir R$ 6 milhões nos próximos quatro anos, incluindo a construção de uma planta piloto de biohitano que seria operada por funcionários da universidade até ser potencialmente ampliada para níveis de produção industrial. Argus
Empresas com mais mulheres em seus conselhos estão se saindo melhor nas estratégias climáticas, mostra a gestora de ativos Arabesque.
O levantamento avaliou as mil maiores empresas do mundo e descobriu que 20% dos conselhos mais diversificados estão mais alinhados com a meta de limitar o aquecimento global a 1,5°C acima da média pré-industrial até 2050.
Por outro lado, 37% das empresas nos 20% menos diversificados vão em uma trajetória de 2,7°C ou superior, e a maioria não divulgou nenhum dado significativo, mostra a pesquisa.
Os dados são claros: diversidade importa. Mas ainda estamos longe de alcançar um cenário ideal, especialmente no Brasil, onde mulheres ainda são 10,4% em conselhos administrativos no Brasil — ficamos abaixo da média mundial (19,7%) em participação feminina, atrás de nações como Nigéria (21,7%), Filipinas (17,7%) e Índia (17,1%).
No setor de energia, elas são apenas 6% nos cargos de liderança no Brasil. A agência epbr conversou com quatro executivas do setor energético — elétrico e O&G — sobre suas visões de onde viemos e para onde vamos com a transição. Leia no site
Para a agenda
Começou hoje e vai até quinta (31) a 21ª Cúpula Verde Anual de Wall Street, evento sobre finanças que vai abordar este ano Investimentos e Relatórios ESG, Mercados e Finanças de Carbono e Energia Limpa.
30/3 — O Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) realiza, das 10h às 12h, o 1º Workshop de Mercados de Carbono CEBDS 2022, com o tema Créditos de Carbono e o Mercado Financeiro. Link para inscrição
31/3 — Instituto Escolhas lança o estudo Para uma transição energética justa: o Selo RenovaBio Social, uma proposta de certificação social para a produção de biocombustíveis no Brasil.
Às 14h, com o diretor de Biocombustíveis do MME, Fábio Vinhado; a gerente Brasil da certificadora Bonsucro, Lívia Ignácio; e o ex-presidente da Petrobras Biocombustível, Miguel Rossetto; e mediação de Juliana Siqueira-Gay, gerente de Projetos do Escolhas. Link para inscrição
8 a 20/4 — Workshop online Selo Verde e Incentivos ao Biometano realizado pela Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo (Arsesp). O evento, que acontecerá de 8 a 20 de abril pela plataforma Zoom, tem apoio da Abegás e vai discutir incentivos regulatórios para o desenvolvimento do biometano. Link para inscrição
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