Transição energética

Número de companhias com metas ESG listadas na B3 subiu 29% em relação ao ano passado

Levantamento da Luvi One/arara.io mostra que 41% das companhias listadas estão estabelecendo compromissos para consumo energético sustentável

Número de companhias com metas ESG listadas na B3 subiu 29% em relação ao ano passado. Na imagem, Painel mostra cotações de ações (Foto: Pexels/Pixabay)
Energia é o que mais se destaca entre as empresas da B3, com 41% delas estabelecendo compromissos (Foto: Pexels/Pixabay)

Levantamento da consultoria Luvi One, em parceria com a fintech arara.io, divulgado nesta sexta (10/6) aponta um crescimento de 29%, em relação ao ano passado, no número de companhias listadas na bolsa de valores brasileira com metas ambientais.

Em 2021, a pesquisa havia constatado que 37% das empresas listadas na B3 tinham metas de redução de impacto ambiental. Esse percentual subiu para 45%, em 2022. Já em relação às metas específicas, o percentual passou de 16% para 27% das companhias listadas e avaliadas.

Foram analisadas 404 empresas, sendo consideradas todas as companhias listadas na B3, excluindo empresas do mesmo grupo. O levantamento verificou os relatórios publicados, a presença de metas abertas e específicas para reduzir impactos ambientais, se a empresa considera os ODS, a metodologia GRI e seus atos de gestão ambiental e sustentabilidade.

Os dados da pesquisa revelam ainda que o tema energia é o que mais se destaca entre as empresas da B3, com 41% delas estabelecendo compromissos para consumo energético sustentável. No ano passado, apenas 29% delas relataram esse objetivo em suas metas genéricas.

Também no item energia, o número de empresas com metas específicas — quando são estabelecidos prazos e percentuais de redução — aumentou de 11% para 21%, o maior percentual se comparado com os compromissos para outros tipos de reduções, como desmatamento, água, emissões e resíduos.

Felipe Gutterres, diretor da Luvi One e coordenador do levantamento, afirma que a evolução nas metas de impacto climático tem ocorrido de forma mais rápida em emissões e consumo de energia.

“Isso se dá, provavelmente, por uma maior necessidade de avaliar e contabilizar as emissões de escopo 1 e escopo 2, que estão mais no controle das organizações”, explica.

As emissões de escopo 1 são aquelas geradas diretamente pelas atividades da organização e as de escopo 2 de suas decisões de consumo de energia, sua matriz energética.

Mas a maior concentração da pegada de carbono está nas emissões de escopo 3 que se concentram nas cadeias de suprimentos e nessas, as companhias brasileiras tem um grande desafio pela frente, diz o economista.

Para o especialista, outro ponto da pesquisa que chama atenção é que houve um aumento de 35% no número de empresas que apresentaram relatórios de sustentabilidade em comparação com o ano passado.

“Mas ainda assim, metade delas, 202 companhias, não apresentaram o relatório, o que mostra que essas empresas terão que acelerar seu posicionamento ESG se não quiserem ficar para trás”.

De acordo com a pesquisa, entre os setores que mais apresentam metas ESG, estão os de energia elétrica (23 empresas), transportes (11) e intermediários financeiros (11). Quando observadas as metas específicas, os segmentos energia elétrica (18 empresas), transportes (9 empresas) e comércio (11 empresas) são os que se destacam.

Taxonomia global para finanças verdes

Relatório publicado em abril pela Rede para Tornar o Sistema Financeiro mais Verde (NGFS, na sigla em inglês) defende padrões obrigatórios de divulgação global com métricas específicas do setor financeiro para garantir o alinhamento dos investimentos com a meta de emissões líquidas zero.

O grupo que reúne 114 bancos centrais alerta para a necessidade de critérios claros e comparáveis internacionalmente para avaliar os benefícios e custos ambientais para os investidores em diferentes jurisdições.

“Revisões externas confiáveis desempenham um papel importante na mitigação do risco de greenwashing, ou tentativas de declarar atividades como ecologicamente corretas quando não o são”, destaca o documento.

Além de analisar os diversos padrões e práticas adotadas pelo mundo para identificar os principais desafios em relação a taxonomias, métricas e estruturas de transição climática, o estudo faz três recomendações para os formuladores de políticas.