Novo projeto de eólica offshore em desenvolvimento no Espírito Santo

Novo projeto de eólica offshore em desenvolvimento no Espírito Santo

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Diálogos da Transição
eixos.com.br | 17/09/20
Apresentada por

Nova eólica offshore no Espírito Santo

Mais um parque eólico offshore está sendo desenvolvido, desta vez no litoral do Espírito Santo – confirmando a corrida de empresas por um lugar nesta nova fronteira de geração de energia renovável no país.

A Votu Winds, uma empresa recém-criada, com sede no Rio de Janeiro, vê a possibilidade de instalação de parques com 480 MW, em três fases, totalizando 1.440 MW de capacidade instalada.

A empresa optou por uma região com intensa atividade offshore, graças aos complexos portuários, a movimentação de cargas e a atividades de exploração e produção de petróleo e gás.

Os parques da Votu Winds são pensados para a região entre os municípios de Itapemirim, Marataízes e Presidente Kennedy, no Sul do Espírito Santo, próximos da divisa com o Rio de Janeiro

Estão entre o Porto do Açu, no Norte Fluminense, e Porto Central, no Espírito Santo, que podem servir como bases para construção, instalação e operação dos aerogeradores.

Inicialmente, prevê a instalação de 48 turbinas de 10 MW de capacidade em cada parque. Projeto considerou as características das turbinas SG 10.0-193 DD, da Siemens Gamesa, mas a empresa vê possibilidade de ganhos de escala, com instalação de aerogeradores mais potentes.

Informações constam em documentos enviados aos órgão de licenciamento, que a epbr teve acesso.

Aerogeradores de maior capacidade são uma tendência tanto entre desenvolvedores de projetos novos, como os brasileiros, e operadoras de parques eólicos em mercados mais consolidados, a exemplo da Europa ou da Ásia.

A Neoenergia, por exemplo, considera aerogeradores de 15 MW no licenciamento de parques no Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Ceará, complexos que totalizam 9 GW de capacidade.

A Equinor, por sua vez, optou por turbinas de 12 MW para de Aracatu I e Aracatu II, no Rio de Janeiro. Prevê uma potencial total de 4 GW a 6,7 GW – lembrando que ainda são projetos em fase de licenciamento ambiental.

Aliás, Daniel Schumacker, Business Developer da Equinor, fez uma apresentação nos Diálogos da Transição de agosto, justamente, sobre os ganhos de escala em projetos como o Hywind, um esforço para desenvolver parques offshore em águas mais profundas, com ventos mais constantes e turbinas mais potentes.

Região onde a Votu Winds vê potencial para instalação de três parques eólicos offshore no Espírito Santo, com capacidade total de 1.440 MW. Projeção aproximada.

16,7 GW de potência no offshore

Com a adição de 1,44 GW da Vestu Windso Brasil chega a 16,7 GW de capacidade de geração de energia eólica offshore em projetos em diferentes fases de maturidade.

Atualmente, os parques eólicos gerando energia em terra têm 16,1 GW de potência instalada, de um total de 26,4 GW outorgados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

Eólica é a 3ª maior fonte em capacidade, com 13% de toda a potência outorgada – fica atrás das térmicas, com 25%, e das hidrelétricas, com 49%.

Veja os parques e as capacidades totais por empresa, considerando os projetos em desenvolvimento, sem levar em conta a situação do licenciamento:

  • Neoenergia: complexos Águas Claras (RS), Maravilha (RJ) e Jangada (CE), com 9 GW;
  • Equinor: parques Aracatu 1 e 2 no Rio de Janeiro, com 4 GW, podendo chegar a 4,7GW;
  • BI Energia, Camocim e Caucaia-Parazinho, ambos no Ceará, com 1,5 GW;
  • Vestu Winds, com os três parques no Espírito Santo e 1,4 GW;
  • Eólicas do Brasil, em Asa Branca, também no Ceará, com 0,7 GW;

Curtas

Até o fechamento desta edição, a ANP ainda realizava a audiência pública sobre a especificação do diesel verde, um debate que antecipa a discussão sobre o desenho do mercado com a entrada de um novo combustível na matriz…

A proposta da ANP cita a intenção de estabelecer uma mistura ternária, um padrão de diesel comercial constituído de biodiesel, diesel verde (HVO) e diesel fóssil, a ser enquadrado posteriormente na política federal para o combustível – hoje, de mistura obrigatória entre diesel e biodiesel em 12% (B12), com previsão de 15% (B15) em 2023.

O IBP defende, contudo, que a regulamentação deve permitir a competição entre o biodiesel e o novo diesel verde. “Fica evidente a necessidade de incorporação à regulamentação dos avanços tecnológicos, possibilitando a inclusão de outros combustíveis renováveis produzidos a partir da biomassa, que podem ser utilizados em substituição ao diesel fóssil ou para atendimento ao teor compulsório de biocombustível na mistura do diesel”.

Os produtores de biodiesel, em geral, defendem a especificação proposta pela ANP (a discussão que, de fato, está ocorrendo) – diesel verde será aquele obtido a partir de biomassa.

A Petrobras propõe incluir a rota de coprocessamento “em unidades de hidroprocessamento [HDT] de óleo diesel mineral com óleo vegetal, gordura animal, ácidos graxos, óleo de algas e resíduos como óleo de cozinha”, com a possibilidade de a empresa competir no mercado de biodiesel.

Em epbrAgricultura e Economia divergem sobre especificação do diesel verde. E os artigos de Ricardo Pinto, consultor sênior da Petrobras, e de Donato Aranda e Donizete Tokarski, ambos da Ubrabio (União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene).

Tem mais: a discussão sobre a inclusão do diesel verde no RenovaBio começa oficialmente no próximo dia 30, na reunião do comitê do programa. Em nota, o MME destacou quais são as prioridades do governo: “promoção da livre concorrência”, “garantia do abastecimento” e “proteção dos interesses do consumidor quanto a oferta, qualidade e preço dos produtos”.

São Paulo registrou a menor taxa de emissão de CO2 em 2019 – portanto, antes da pandemia –, graças a redução no consumo de gasolina. O balanço, publicado nesta quarta (16), reforça que a maior contribuição negativa é o consumo de óleo diesel, cujas emissões subiram 2,7% no ano. Em segundo lugar está a gasolina (-5,7% nas emissões); depois gás natural (-0,9%).