O CEO da Nestlé, Mark Schneider, saiu em defesa da companhia nesta segunda (7), após a divulgação pelo Financial Times de documentos internos reconhecendo que mais de 60% dos principais alimentos e bebidas da empresa não são saudáveis.
“Não nos esquivamos do trabalho árduo de atualizar nossos produtos e ser totalmente transparentes sobre onde estamos e para onde estamos indo”, disse Mark Schneider em artigo publicado hoje.
Segundo ele, nos últimos vinte anos, a companhia vem reduzindo quantidade de açúcar, sal e gordura nos produtos e ajustando o tamanho das porções.
“Na verdade, apenas nos últimos sete anos, reduzimos o açúcar e o sal em muitos de nossos produtos em cerca de 14-15%”, afirmou.
Os dados revelados pelo Financial Times constavam em uma apresentação para executivos da companhia deste ano, e apontavam que apenas 37% dos produtos da empresa são considerados saudáveis, e que a maioria não atende a uma “definição reconhecida de saúde”.
“Algumas de nossas categorias e produtos nunca serão ‘saudáveis’, não importa o quanto renovemos”, reconhecia o documento.
O critério utilizado levou em conta uma classificação de saúde da Austrália, em que somente os produtos com nota acima de 3,5 estrelas — de um máximo de cinco estrelas — são considerados saudáveis.
“Fizemos melhorias significativas em nossos produtos… [mas] nosso portfólio ainda apresenta desempenho inferior em relação às definições externas de saúde em um cenário onde a pressão regulatória e as demandas dos consumidores estão disparando”, dizia a apresentação, segundo o FT.
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Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que a má qualidade nutricional na alimentação é a principal responsável pela obesidade e sobrepeso que atinge 2,3 bilhões de crianças e adultos no mundo, assim como pelo atraso no crescimento de mais de 150 milhões de crianças.
A subnutrição causada pela ingestão insuficiente de nutrientes também é apontada como um fator chave para epidemias globais de diabetes tipo 2, pressão alta, derrame e doenças cardiovasculares.
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Alimentos indulgentes
Apesar das críticas, Schneider defendeu a inclusão de alimentos como chocolates e sorvetes na dieta, desde que consumidos de forma responsável.
Segundo ele, esses alimentos, classificados como indulgentes, teriam aspectos psicológicos e sociais.
“Uma deliciosa barra de chocolate ou colher de sorvete nunca atenderá aos mais altos níveis de critérios de classificação nutricional”, disse.
O executivo também destacou o crescimento da participação de alimentos saudáveis no portfolio da empresa, como os feitos a partir de plantas, ou plant-based, e a fortificação nutricional de alguns produtos com ferro, por exemplo.
“No ano passado fizemos 196 bilhões de porções de alimentos fortificados em todo o mundo(…). Adicionar mais produtos saudáveis e nutritivos ao nosso portfólio continua sendo uma prioridade”, concluiu.
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