A emissão de títulos verdes, sociais e de sustentabilidade alcançou a marca de US$ 700 bilhões em 2020. No acumulado, desde 2006, o mercado de dívida sustentável já movimentou US$ 1,7 trilhão, sendo US$ 1,1 trilhão apenas em green bonds.
Apesar dos títulos verdes se manterem como preferidos (US$ 290 bi), o mercado de títulos sociais explodiu em 2020, ao alcançar US$ 249 bilhões — um aumento de mais de 1022% –, seguido pela emissão dos títulos de sustentabilidade (US $ 159,8 bilhões), que tiveram crescimento de 131% na comparação com 2019, de acordo com último relatório do Climate Bonds Initiative (CBI).
Para o CEO do CBI, Sean Kidney, o aumento da emissão de títulos sociais e de sustentabilidade indica o desenvolvimento de um mercado preocupado com medidas de adaptação climática para um ambiente resiliente.
“Os mercados verdes, sociais e de sustentabilidade têm sido a base para uma recuperação da pandemia com consciência climática. Uma característica fundamental do mercado de títulos rotulados de 2020 é a ampliação e o aprofundamento da emissão temática. O surgimento de um rótulo de transição aponta para os caminhos que os investidores e empresas em indústrias de base devem seguir em direção à neutralidade”, acredita Kidney.
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Crédito verde
Ao mesmo tempo em que o mercado de debêntures sustentáveis avança em todo o mundo, no Brasil, a oferta de crédito para empreendimentos verdes também se mostrou aquecida, registrando uma alta de 20% em 2020.
Dos R$ 1,73 trilhão do saldo da carteira de crédito para empresas em dezembro de 2020, R$ 376 bilhões foram utilizados em operações destinadas a atividades classificadas como Economia Verde, de acordo com a Federação Brasileira de Bancos (Febraban).
Isso quer dizer que, de cada cinco reais emprestados pelos bancos para clientes pessoa jurídica no ano passado, mais de um real foi direcionado para empresas relacionadas à economia verde.
Os dados fazem parte do relatório Sustentabilidade e Mudanças Climáticas: recursos intermediados pelo setor bancário no Brasil, elaborado pela Febraban, resultado da aplicação da nova metodologia de classificação das operações de crédito, concluída no final de 2020.
“Precisamos aumentar ainda mais a participação da economia verde nas carteiras de crédito dos bancos. A revisão da metodologia é um passo importante nesse sentido. Seus resultados podem ser utilizados para direcionar fluxos de capitais para as atividades com maior contribuição socioambiental, formular estratégias para gerir riscos associados às mudanças climáticas e identificar novas oportunidades de negócios”, afirma Isaac Sidney, presidente da Febraban.
Para Sidney, esta forma de classificação das as operações de crédito aproxima o setor bancário nacional das melhores práticas internacionais e alinha a atuação das instituições financeiras como o Acordo de Paris e a agenda ESG.
“Não temos a intenção de definir uma Taxonomia Verde para o Brasil. Nosso objetivo é acompanhar os fluxos de crédito sob o olhar socioambiental, com uma visão de carteira, que pode ser posteriormente aprofundada. No entanto, é importante dar transparência ao trabalho, inclusive para que possa ser adaptado para uso por outros agentes do mercado”, conclui.
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