Conteúdo local: o foco precisa ser criar projetos no Brasil, diz presidente da BHGE

Alejandro Duran, da BHGE, e Aurélio Amaral, da ANP, participaram de bate papo no Rio Oil & Gas Studio

Conteúdo local: o foco precisa ser criar projetos no Brasil, diz presidente da BHGE

Uma mudança na atual política para petróleo e gás no país pode retardar o ponto de inflexão da crise vivida pela indústria fornecedora de bens e serviços para petróleo e gás instalada no Brasil. A avaliação é do presidente da BHGE e diretor da Abespetro, Alejandro Duran, durante bate-papo com o diretor da ANP, Aurélio Amaral no Rio Oil & Gas Studio.

“Essa eu diria é a preocupação principal que nós temos hoje. Muitas coisas boas foram feitas no últimas anos. Tem muita perspectiva de projetos. A velocidade de implementação do projeto é extremamente influenciada pelo meio ambiente que esses projetos são concebidos. Tudo que tem em volta. Conteúdo local, licenciamento ambiental, logística, capacidade das operadoras de compartilhar recursos. Tudo isso preocupa”, comenta.

A ANP está trabalhando para aprovar a proposta de bonificação de créditos para conteúdo local no Pedefor (Programa de Estímulo à Competitividade da Cadeia Produtiva, ao Desenvolvimento e ao Aprimoramento de Fornecedores do Setor de Petróleo e Gás Natural). A regulamentação na forma proposta atenderia também aos objetivos de incentivar os fornecedores mais competitivos em nível global, que são aquelas com capacidade de exportar, desenvolver engenharia, tecnologia e inovação no país.

Duran defendeu maior conexão entre o fornecimento de bens e serviços, com produção no Brasil, para o mercado interno e o exterior, e os investimentos em pesquisa e desenvolvimento. Assim, na sua avaliação, seria mais fácil criar produtos que sejam competitivos internacionalmente.

Aurélio Amaral antecipou que o Comitê do Programa de Estímulo à Competitividade da Cadeia Produtiva, ao Desenvolvimento e ao Aprimoramento de Fornecedores do Setor de Petróleo e Gás Natural (Pedefor) deve ser reunir no próximo dia 9 para discutir a proposta de regulamentação do mecanismo de bonificação das unidades de conteúdo local. A proposta prevê a bonificação de projetos a partir de 15 de janeiro de 2016 com limite de até R$ 5,5 bilhões em Unidades de Conteúdo Local.

“O objetivo é capturar aqueles itens que estão além do conteúdo local e não são necessariamente obrigações. Com isso, você fortalece a política do conteúdo local”, comenta o diretor da ANP.

A expectativa é, caso seja aprovada, a proposta passe por uma consulta pública pelo prazo de 30 dias para depois ser regulamentada pela agência. Com a medida, a agência entende que pode incentivar petroleiras com atuação fora do país a comprar dentro do país para conseguir bonificar em seus projetos por aqui.

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“Tudo que foi instalado no Brasil na última década foi colocado para se focar nos projetos aqui. Então, para a indústria fornecedora a prioridade continua sendo criar projetos no Brasil. Esse é o foco. É claro que águas profundas tem um ciclo de capital longo. O que eu vou fazer com as fábricas? Essa é uma ótima ponte para usar capacidade instalada”, diz Duran.