Para o presidente da BlackRock Brasil, Carlos Takahashi, a agenda ESG (sigla em inglês para Ambiental, Social e Governança) é uma pauta urgente e precisa acelerar ainda mais, mesmo com o mercado em franco crescimento no cenário da pandemia.
“Nossa visão é que estamos com uma agenda urgente. Nós precisamos acelerar. (…) Temos um grande trabalho de mapeamento da indústria, [para] ter dados consistentes, padrões, sobretudo para acelerar o processo, porque de fato é algo urgente”, disse o executivo.
A agenda é uma das prioridades da BlackRock global, maior gestora de investimentos do mundo, com quase US$ 9 trilhões em ativos.
Em carta divulgada em janeiro deste ano, o CEO global da gestora, Larry Fink, reforçou que as empresas que fazem parte do portfólio da BlackRock, devem se comprometer ainda mais com a redução das emissões de carbono, para alcançar a neutralidade até 2050.
“Estamos pedindo que as companhias revelem um plano mostrando como seu modelo de negócios será compatível com a proposta de zerar as emissões de carbono”, dizia a carta.
No Brasil, Takahashi disse que vem trabalhando diretamente com as empresas para que elas estejam mais alinhadas aos padrões ESG e consequentemente se tornando mais resilientes e atrativas.
“As práticas inadequadas ambientais, sociais e de governança, cada vez mais vão ser precificadas, porque isso efetivamente implica em risco para o negócio”, afirmou o executivo e evento organizado pela Firjan, nesta quinta (6).
“A contribuição da BlackRock, além de disponibilizar opções de investimento, trazendo a transversalidade ESG em todo o portfólio, é também ajudar as empresas a desenvolverem os seus negócios de uma forma mais apropriada, seguindo os critérios ESG, incorporando-os efetivamente, e também trazendo os resultados”, completou.
A empresa indica a necessidade de engajamento de líderes na condução dessa agenda, com promoção da diversidade nos assentos dos conselhos de administração.
“Dentro dessa pauta de urgência nós atuamos muito fortemente no tema da governança nos conselhos de administração. A BlackRock, dentro de um projeto de engajamento e voto nas empresa investidas, requer transparência das medidas de diversidade nos conselhos, equidade, e todas as questões que permeiam os fatores sociais”.
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ESG como padrão de mercado
Para Maria Paula Cantusio, analista de ESG do Santander, a pandemia evidenciou os investimentos ESG, com um crescimento exponencial do interesse de investidores por este tipo de ativo.
“O ESG não será mais um diferencial, será um padrão de mercado”, afirma a analista.
“Os investidores acreditam de fato que o ESG traz mitigação de risco e que também traz uma performance melhor dos seus investimentos. Costumamos dizer que ESG é sempre good business, bom para o investidor, bom para as empresas”, complementa.
Segundo dados compilados por ela, mais de 50% dos investidores globais já possuem uma política ESG ou um documento de orientação. Além disso, ela lembra que em no ano passado os fundos ESG aumentaram globalmente cerca de 50%, enquanto o mercado de títulos verdes teve crescimento de 40%.
“A expectativa é que isso só aumente. O Brasil também acompanhou esse movimento, com aumento dos fundos ESG em 50% e produtos sustentáveis de renda fixa mais que dobrando, com mais de 100% de crescimento”, diz a analista.
Cantusio ressaltou que a regulamentação ambiental na Europa, em relação à redução das emissões de gases do efeito estufa, está mais avançada, mas que logo esse movimento deve impulsionar mudanças no comportamento de investidores também no Brasil.
“Na Europa aos investidores já têm metas de carbono para reduzir dos seus ativos e a gente espera que essa prática venha como um efeito cascata para outros países como Estados Unidos e até mesmo países da América Latina”, diz.
Por aqui, a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (ANBIMA) estima que 48% dos investidores brasileiros já possuem uma métrica para investir em ESG.
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