Gás Natural

Um giro pelos novos terminais de GNL do Brasil

Mais três plantas de regaseificação devem ficar prontas este ano no país; e a lista de novos projetos só cresce

Um giro pelos novos terminais de GNL do Brasil. Na imagem: Visão aérea de estruturas e embarcações atracadas em terminal de regaseificação de GNL do Pecém (Foto: Divulgação Petrobras)
Terminal de regaseificação de GNL do Pecém (Foto: Divulgação Petrobras)

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Editada por André Ramalho
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PIPELINE Brasil deve ganhar mais três terminais de GNL este ano. E a lista de novos projetos só cresce: a Secretaria Nacional de Portos deu o aval para a contratação de uma planta de regaseificação no Porto de Itaqui (MA).

MME quer revogar a contratação obrigatória de térmicas a gás da lei da Eletrobras. 3R se prepara para comercializar gás de Peroá. Navio a GNL atraca pela primeira vez no Brasil e mais. Confira:

Brasil chega a oito terminais de GNL

O Brasil deve ganhar, em 2023, mais três terminais privados de regaseificação, nos estados de São Paulo (Compass), Santa Catarina e Pará (New Fortress Energy). As unidades vão reforçar em 44 milhões de m3/dia a capacidade de importação de gás natural do país.

E vem mais aí: a Secretaria Nacional de Portos deu o aval para a contratação de uma planta de GNL no Porto de Itaqui, no Maranhão. Pode vir a ser o 11º terminal do país.

Relembrando: O Brasil abriga, hoje, cinco terminais de regaseificação: na Baía de Guanabara (Petrobras) e Porto do Açu (GNA), no Rio de Janeiro; no Porto do Pecém (Petrobras), no Ceará; no Porto de Sergipe (Eneva); e na Baía de Todos os Santos (arrendado pela Petrobras à Excelerate Energy), na Bahia.

E a lista só cresce. Porto de Suape (Oncorp), em Pernambuco, e Porto do Pecém (Ceiba Energy), no Ceará, também já contam com iniciativas em andamento para instalação de novos terminais de importação.

A gas week desta semana convida você para um giro pelos novos projetos de GNL do país, em seus diferentes estados de maturação.

Novidade no Maranhão

A Secretaria Nacional de Portos aprovou, em abril, a proposta da Emap, administradora do Porto de Itaqui, de uso de uma área do complexo portuário (o berço 94) para instalação da planta de regás, de 14 milhões de m3/dia de regaseificação.

A contratação da área deverá ser feita por meio de leilão para cessão de uso onerosa, com prazo de vigência proposto de 25 anos.

O projeto mira a demanda das termelétricas da Eneva, no Parnaíba, e eventuais novos projetos de usinas a gás. A Gasmar, distribuidora de gás do Maranhão, e indústrias interessadas em explorar o mercado livre também são potenciais clientes.

Quem está de olho: O pedido de autorização da Emap para instalação de um terminal de GNL no Porto de Itaqui partiu de uma provocação da Servtec — empresa que, em 2021, fechou um acordo de cooperação com a Eneva para desenvolvimento de uma unidade de regaseificação do Maranhão.

Como Itaqui é um porto público, é obrigado a realizar uma licitação para que outros potenciais interessados tenham a oportunidade de apresentar projetos similares e concorrerem pela infraestrutura.

Além da Servtec e Eneva, o grupo Dislub Equador assinou um protocolo de intenções com a Emap, em 2022, para instalar o terminal de regás no porto.

Num passado mais remoto, em 2020, a Golar Power (depois vendida para a New Fortress Energy) manifestou interesse em trazer GNL de Sergipe, via cabotagem, para Itaqui.

Procurada, a Emap informou que o projeto ainda está em fase muito inicial e preferiu não comentar sobre as perspectivas de licitação do terminal.

Eneva é candidata natural

A companhia tem planos de um terminal de importação de GNL no Maranhão. No futuro, a ideia é conectar o empreendimento ao Complexo do Parnaíba por meio de um gasoduto de cerca de 300 km de extensão.

É parte da estratégia de dar mais flexibilidade à gestão de seu portfólio, a partir da construção de um mix de gás nacional e importado, de olho em futuros leilões de energia.

Pelas regras das licitações, a geradora precisa sempre demonstrar, no cadastro, que possui volumes de gás suficientes para abastecer as usinas, a despacho pleno, por determinado período. Nem sempre, porém, é simples casar as descobertas com as datas de leilões.

Quando começou a conceber o plano do terminal de GNL no Maranhão, a Eneva não tinha reservas suficientes para novos projetos. O cenário, no entanto, mudou em 2022.

Com a declaração de comercialidade do campo Gavião Mateiro, a companhia incorporou novas reservas que permitem à empresa recontratar Parnaíba I e III em futuros leilões A-5. Ambas as usinas têm contratos até 2027 e a prioridade da empresa é recontratá-las. Novos projetos de termelétricas, por outro lado, dependem de gás adicional e o GNL pode ser uma saída.

Além disso, a Eneva comprou no ano passado o terminal de regás de Sergipe, da New Fortress – o que lhe abriu novas portas no acesso a cargas importadas.

No contexto de mercado atual, de aquecimento na demanda por novos projetos de GNL na Europa, existe um risco maior no desenvolvimento de novos terminais do que há dois anos atrás, antes da guerra da Ucrânia.

Como o Maranhão não está interligado à malha nacional de gasodutos, no entanto, a companhia mantém o projeto de regaseificação de Itaqui nos planos.

“A empresa também entende que é estratégico estar posicionada com um terminal de regaseificação de GNL no Maranhão, que é um mercado ainda com demanda relevante de gás natural e que não está conectado à malha de transporte. Dentro desse contexto, a empresa mantém, sim, o seu interesse no projeto do terminal de GNL de Itaqui”, esclareceu a Eneva, à agência epbr.

Em março, a Eneva já havia informado que pretende concluir este ano o projeto conceitual, a estimativa de investimento e a definição da tarifa do gasoduto que ligará Parnaíba a Itaqui. Ainda não há um prazo, contudo, para a decisão final de investimento.

NFE promete entregar terminais de SC e PA este ano

A New Fortress Energy informou nesta quinta (04/05), em apresentação a investidores, que as plantas de regaseificação de Barcarena (PA) e Baía de Babitonga (SC) ficam prontas em 2023. A comercialização do gás, porém, deve se concretizar, de fato, apenas em 2024.

Os projetos, ambos com capacidade para 15 milhões de m3/dia, estavam previstos inicialmente para 2022, mas a companhia desacelerou os investimentos, para se concentrar em novas oportunidades no mercado internacional.

A empresa esclareceu que já concluiu Barcarena e espera entregar o primeiro gás para a Norsk Hydro no fim do ano. O terminal está ancorado na demanda da empresa de alumínio e numa térmica de 630 MW – prevista apenas para 2025.

Em Santa Catarina, a demora da New Fortress Energy para definir um supridor de GNL gerou insatisfações no mercado local.

Em SP, Compass estreia na importação

A empresa do grupo Cosan espera iniciar, no segundo semestre, as operações do TRSP. Já obteve autorização da Antaq para o comissionamento.

A Compass tem acordo para compra do GNL da francesa TotalEnergies. O gás será entregue, essencialmente, à Comgás, mas a empresa também mira oportunidades no mercado livre – cujo desenvolvimento, contudo, tem ocorrido num ritmo mais lento que o esperado inicialmente.

Em paralelo, o grupo aguarda um desfecho sobre o imbróglio envolvendo a classificação do gasoduto Reforço Metropolitano, o Subida da Serra — cuja principal fonte de suprimento é o TRSP.

No Nordeste, mais dois projetos

Ceiba Energy tem planos de instalar um terminal de regás no Porto do Pecém (CE), para abastecer a termelétrica Portocém (1,6 GW). A companhia tem contrato para aquisição do GNL da Shell.

Este ano, avançou com a assinatura do contrato EPC com o consórcio Consag/Mitsubishi Power para as obras de implantação da termelétrica. Também assinou contrato com a Cegás para construção do gasoduto de 11 km que ligará o terminal de regaseificação à térmica.

A bp também já manifestou a intenção de desenvolver projetos termelétricos associados a um terminal de GNL no Pecém.

Já em Pernambuco, no fim do ano passado, a OnCorp arrendou o Cais de Múltiplos Usos (CMU) do Porto de Suape (PE), para instalação de um terminal de regás. A Shell tem interesse em usar a planta para abastecer a Termopernambuco.

E no Paraná, Nimofast prevê FID este ano

A trading espera para meados do ano a decisão final de investimento no projeto de Antonina (PR). O terminal está previsto para 2025.

A empresa vive o desafio de tirar o projeto do papel, num momento de aquecimento da demanda no mercado global de GNL.

Está confiante na contratação da unidade flutuante de armazenamento (FSU, na sigla em inglês), responsável por receber as cargas trazidas pelos navios de transporte (LNG carriers).

GÁS NA SEMANA

MME quer revogar a contratação obrigatória de térmicas a gás. Alexandre Silveira disse que a pasta estuda enviar ao Congresso proposta para revisar a obrigatoriedade da contratação dos 8 GW previstos na lei de privatização da Eletrobras. (epbr)

Gás para Empregar pode gerar R$ 95 bilhões em investimentos. Empresa de Pesquisa Energética (EPE) estima que o programa para aumento da oferta de gás pode atrair investimentos, principalmente, em unidades de fertilizantes e outros químicos (R$ 39,3 bilhões), além de novos gasodutos de transporte (R$ 25 bilhões), unidades de processamento (R$ 15,4 bilhões) e rotas de escoamento (R$ 14,9 bilhões). (epbr)

Petrobras avalia priorizar gás para a indústria. O novo diretor de Transição Energética da petroleira, Maurício Tolmasquim, disse à epbr, no entanto, que a empresa deve atender somente aos mercados em que o gás “realmente seja competitivo”. (epbr)

Estatal se prepara para oferecer serviço de captura de carbono a indústrias. Petrobras vê a tecnologia CCS como um novo negócio e não só como mecanismo para reduzir emissões. Companhia pretende lançar um projeto piloto a partir do terminal de Cabiúnas (RJ) e espera, assim, criar as bases para a regulação dessa atividade no Brasil. (epbr)

Segue a direção de grandes pares internacionais. Em 2022, Yara e Northern Lights (Equinor, Shell e TotalEnergies) firmaram o primeiro contrato internacional para transporte e armazenamento de CO₂ no Mar do Norte. (epbr)

3R se prepara para comercializar gás de Peroá. Hoje, todo o volume produzido pela companhia no ativo é vendido para a Petrobras, antiga operadora da área e dona das unidades de tratamento de Cacimbas (ES). A 3R está em fase final de negociações com a estatal, para um acordo que lhe permitirá tratar o gás que exceder os volumes contratados com a Petrobras e comercializar essa molécula excedente com outros clientes. (epbr)

E espera que compra do Polo Potiguar seja concluída em maio. Com a incorporação do ativo, 3R passará a operar as UPGNs do Ativo Industrial de Guamaré (RN). (epbr)

Navio a GNL atraca pela primeira vez no Brasil. Embarcação da Anglo American foi recebida no terminal portuário de minério de ferro no Porto do Açu. Mas não abasteceu por aqui (epbr)

Scania lança linha de financiamento para caminhões a gás. Montadora criou linha com taxa de juros de 0,99% ao mês para a aquisição de caminhões a gás e biometano. (Valor)