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Editada por André Ramalho
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PIPELINE Energisa assume ES Gás, em mais um passo no redesenho do mercado de distribuição de gás. Infra Gás e Energia pressiona Compass, no Cade, a vender empresas do Nordeste. Mitsui pode atravessar o caminho.
3R fecha acordo para acessar processamento da Petrobras no ES. Eletrobras põe usinas a gás à venda. Investidores se posicionam no mercado de biometano e mais. Confira:
O NOVO DESENHO DA DISTRIBUIÇÃO
A Energisa assumiu esta semana a operação da ES Gás. A aquisição da concessionária capixaba de gás canalizado marca a estreia do grupo no mercado de distribuição de gás natural, que passa por um redesenho geral neste início da década de 2020.
No embalo da abertura do mercado brasileiro de gás, alguns estados – Espírito Santo e Rio Grande do Sul – decidiram privatizar suas concessionárias locais, interrompendo um hiato de duas décadas sem desestatizações no setor.
Além disso, a saída da Petrobras da distribuição – um compromisso assumido com o Cade em 2019, no início do governo de Jair Bolsonaro – trouxe um novo arranjo no quadro societário das distribuidoras.
A venda do controle da Gaspetro para a Compass desencadeou uma série de aquisições paralelas (fruto do emaranhado de direitos de preferência envolvidos nas concessionárias estaduais).
E ainda vem mais mudanças aí. Depois de assumir a Gaspetro (agora chamada Commit), a Compass quer enxugar parte do portfólio e se desfazer de suas distribuidoras no Nordeste.
A Infra Gás e Energia tem acordo com a empresa do Grupo Cosan para comprar o pacote de ativos. A Mitsui, porém, pode atravessar o caminho.
E tem mais privatização no caminho também, dessa vez no Paraná.
A gas week passeia pelo novo desenho do mercado de distribuição de gás. Vem com a gente!
DISTRIBUIÇÃO GANHA MAIS UM OPERADOR PRIVADO
Ao vencer a disputa com a colombiana Promigas e comprar a ES Gás, por R$ 1,423 bilhão, no leilão de privatização da concessionária capixaba, em março, a Energisa se tornou a terceira operadora privada a entrar no mercado de distribuição de gás no Brasil.
Além dela, apenas a Compass (Comgás/SP, GasBrasiliano/SP e Sulgás/RS) e a Naturgy (CEG/RJ, CEG Rio/RJ e Gás Natural São Paulo Sul/SP) operam concessionárias privatizadas no setor.
O mercado ainda possui forte presença de sociedades de economia mista controladas (direta ou indiretamente) pelos estados.
Mitsui e Termogás (do empresário Carlos Suarez), por sua vez, são sócios não controladores em suas concessões.
ENERGISA PROMETE ACELERAR EXPANSÃO NO ES
O grupo assume a distribuidora capixaba no meio do ciclo de investimentos de R$ 160 milhões, aprovado pela Agência Reguladora Estadual de Serviços Públicos (ARSP) para o período 2020-2025.
O presidente da Energisa, Ricardo Botelho, conta que uma das prioridades do início de gestão na concessionária capixaba será apresentar à ARSP um plano de aceleração dos investimentos, a ser executado a partir de 2024.
“Podemos e devemos ousar muito mais no que diz respeito à ampliação de unidades atendidas e expansão do consumo de gás no Espírito Santo para todos os perfis de clientes, o que também significa a ampliação da infraestrutura, sobretudo, de distribuição, já que é necessário haver gasodutos para levar o insumo ao interior do estado”, disse à agência epbr.
Atualmente, a ES Gás fornece cerca de 2,2 milhões m3/dia de gás, mas a Energisa vê potencial de crescimento de 11 vezes no segmento residencial; 5 vezes no comercial e veicular; e 1,3 vez no industrial.
Botelho afirma que a Energisa espera trazer, para a ES Gás, sua expertise no mercado distribuição de energia, onde o grupo acumula experiência na construção e gestão de redes, relacionamento com clientes e em lidar com ambientes regulados.
Para comandar a ES Gás, a Energisa trouxe Fabio Bertollo, ex-Comgás e que vem de experiência como diretor de trading de gás na Compass Comercializadora.
PRESSÃO SOBRE A COMPASS NO CADE
A Infra Gás e Energia tem, desde o ano passado, um contrato assinado com a Compass para aquisição de fatias minoritárias nas distribuidoras do Nordeste (Cegás/CE, Potigás/RN, Algás/AL, Sergás/SE e Copergás/PE).
A compradora se queixa da demora para sacramentar o negócio (que depende de uma posição da Mitsui, detentora de direito de preferência nas aquisições) e decidiu ir ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) pedir para que o órgão antitruste reveja o aval dado à venda da Gaspetro, da Petrobras para a Compass.
Relembre: Ao comprar a Gaspetro, a empresa do grupo Cosan anunciou a intenção de enxugar seu portfólio após a operação: da participação nas 18 distribuidoras originalmente reunidas na antiga subsidiária da Petrobras, o plano da Compass era ficar com seis delas, todas no Centro-Sul: Sulgás/RS, SCGás/SC, Compagas/PR, MSGás/MS, CEG Rio/RJ e GasBrasiliano/SP.
O Cade aprovou a aquisição da Gaspetro, em junho de 2022, sem restrições, mas com uma ressalva: a Compass teria que cumprir o desinvestimento anunciado. Caso contrário, a aprovação da aquisição poderia ser revista.
Em um ano, a Compass se desfez de parte dos ativos:
Com isso, a Commit ficou com presença em 11 distribuidoras (na Algás e Cegás, a alienação para os governos estaduais foi apenas parcial).
O QUE DIZ A COMPASS
Em resposta ao Cade, a companhia classificou como infundado o pedido da Infra Gás e Energia para revisão do ato de concentração da compra da Gaspetro.
A empresa reforça a intenção de alienação da participação detida pela Commit nas cinco distribuidoras do Nordeste, mas alega que a conclusão do acordo com a Infra Gás e Energia para venda dos ativos depende da cisão parcial da Commit – para segregação das fatias detidas nas distribuidoras nordestinas.
Justifica que essa cisão ainda depende do aval da Mitsui, sua sócia na Commit e que possui direito de preferência na aquisição dos ativos (bem como os Estados).
A empresa do grupo Cosan informou ao Cade, ainda, que chegou a convocar uma Assembleia Geral Extraordinária da Commit, esta semana, para tratar da reestruturação dos ativos, mas que ainda não houve acordo com a Mitsui.
O QUE DIZ A MITSUI
A japonesa alega que em breve e “após proceder com a análise mais detida da proposta, poderá ter condições de apresentar seu posicionamento sobre a possibilidade de cisão parcial da Commit ou qualquer outro caminho a ser decidido pelas acionistas”.
E destaca o “interesse e a sua visão de longo prazo quanto ao setor brasileiro de gás natural como um todo”.
PRIVATIZAÇÃO DA COMPAGAS NUM 2º MOMENTO
O mercado vive a expectativa de um novo leilão de privatização no setor: a desestatização da concessionária paranaense Compagas, controlada pela Copel, faz parte dos planos do governador Ratinho Junior (PSD) desde o seu primeiro mandato, encerrado em 2022.
O caminho começou a ser pavimentado com a renovação da concessão da distribuidora, no fim do ano passado. Prevista inicialmente para o ano passado, a privatização acabou ficando para o segundo mandato do governador.
Mas os planos de Ratinho Junior de privatizar a própria Copel devem mexer com o cronograma da alienação do controle da Compagas. A desestatização da empresa do setor elétrico passou à frente na lista de prioridades.
A expectativa interna, segundo uma fonte, é que a alienação da Copel seja realizada até o fim do terceiro trimestre e que a desestatização da Compagas ocorra, em seguida, entre o fim deste ano e início de 2024.
GÁS NA SEMANA
3R e Petrobras fecham acordo sobre processamento no ES. Petroleira independente terá acesso à infraestrutura na Unidade de Tratamento de Gás Natural de Cacimbas, em Linhares. (epbr)
– Acordo permite à petroleira independente vender o gás do campo de Peroá diretamente no mercado. Até então, todo o volume produzido pela 3R no ativo era vendido à Petrobras, antiga operadora de Peroá e dona da UTGC.
Lula defende gás para reindustrialização. Presidente afirmou nesta quinta (6/7), durante cerimônia de relançamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial, o Conselhão, que para “fazer a revolução industrial”, o país “vai ter que investir na indústria de gás”. (Poder 360)
E segue o embate Petrobras x MME sobre reinjeção. Ministro Alexandre Silveira cobrou da petroleira um plano de como vai ampliar a oferta de gás ao mercado e que a estatal discuta com os brasileiros de forma transparente qual o volume reinjetado hoje. (Valor)
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Opinião | Gás para Empregar: janela de oportunidade para promover a neoindustrialização Brasil pode reduzir a dependência externa de produtos estratégicos como fertilizantes e produtos químicos, escreve Suzana Borschiver
Eletrobras vai vender térmicas a gás. Companhia iniciou a estruturação para a alienação de seu portfólio de usinas a gás, que soma 2 GW de capacidade. Na lista, estão as UTEs Mauá 3, Aparecida, Santa Cruz e o conjunto do “Complexo Interior” (Anamã, Caapiranga, Codajás e Anori). (epbr)
Pedro Parente entra no biometano. A gestora eB Capital, que tem o ex-CEO da Petrobras como cofundador, fechou parceria com Sebigas Cótica para desenvolver bioprodutos a partir de resíduos agroindustriais. (epbr)
Cocal parte para sua 2ª planta de biogás. Usina em Paraguaçu Paulista (SP) terá capacidade de até 60 mil m3/dia de biometano durante a safra. Expectativa é iniciar as operações em 2025. (epbr)
Saint-Gobain fecha contrato de quatro anos com a Gás Verde. Acordo prevê entrega de 468 mil m3/ano de biometano para abastecimento da fábrica de materiais de construção da Quartzolit em Queimados (RJ) – a primeira no setor a usar o combustível 100% renovável no país. (epbr)
- No Brasil, investidores se posicionam no biometano. Veja o mapa do mercado brasileiro
YPF estima 1,4 TCF de gás em poço na Bolívia. Petroleira argentina estima esse potencial recuperável no prospecto Charagua e prevê um investimento de US$ 50 milhões na exploração do ativo a partir de 2024.
Gazprom ameaça interromper envio de gás russo para a Europa via Ucrânia. Rússia prepara retaliações contra os esforços ucranianos de buscar indenizações multibilionárias em tribunais internacionais pela perda de ativos na Crimeia e pelo desrespeito à cláusula de ship-or-pay no contrato com a Naftogaz Ukrainy. (Upstream)
Japão quer diversificar fontes de GNL. País asiático teme aumento dos custos de importação com as reformas no Mecanismo de Salvaguarda da Austrália, que exigem que novos campos de gás operem com emissões líquidas zero. Hoje, o Japão obtém mais de 40% de seu GNL da Austrália. (S&P Global Commodity Insights)